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Boulos 'apara as arestas' com Tatto de olho no segundo turno

Segundo colocado nas pesquisas, candidato do PSOL liga para adversário do PT e fala em 'falsa polêmica'

12 nov 2020 - 16h58
(atualizado às 17h05)
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Depois do mal-estar causado pela investida no voto útil petista na reta final da disputa pela Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), segundo colocado na corrida eleitoral com 12%, conforme o Ibope, telefonou para o candidato Jilmar Tatto (PT) na manhã desta quinta-feira, 12.

Guilherme Boulos
Guilherme Boulos
Foto: Danilo M Yoshioka / Futura Press

A investida irritou dirigentes do PT e a campanha de Tatto. Eles reclamaram do fato de o candidato do PSOL ter procurado a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o presidente estadual, Luiz Marinho, para pedir que Tatto desista da candidatura e anuncie apoio a Boulos.

O PT se irritou também com a divulgação de santinhos fake que associam vereadores petistas ao candidato do PSOL, manifestos de artistas e intelectuais defendendo o voto útil e da vinculação de anúncios da chapa do PSOL no Google em buscas relacionadas ao PT.

"A primeira coisa que fiz hoje de manhã foi ligar para o Jilmar Tatto. Liguei para ele e disse: Jilmar, isso não tem nada a ver, não foi a nossa campanha. Conversei com ele, disse que não tem absolutamente nada disso, nenhum constrangimento e ele disse a mesma coisa", disse Boulos.

A campanha de Tatto confirmou o contato. Segundo petistas, Tatto respondeu com "cortesia". "Não guardo rancor no coração, pode ficar tranquilo. A gente conversa depois", disse o candidato, segundo relatos.

Segundo uma fonte próxima ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "as arestas foram aparadas" e o candidato do PSOL deve ter apoio do partido caso vá para o segundo turno contra Bruno Covas (PSDB).

Boulos se irritou com as perguntas sobre a reação do PT paulistano à sua estratégia e culpou a imprensa pelo mal-estar. Classificou as matérias como tentativas de criar "falsa polêmica" e "falso conflito" entre as campanhas, reclamou que os repórteres não perguntavam sobre a pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, 11, que também o coloca em segundo lugar na disputa eleitoral e, por fim, afirmou que não falaria mais sobre o assunto.

Nos últimos dias foram publicadas reportagens sobre a pressão da cúpula nacional do PT para que Tatto desistisse da candidatura e apoiasse Boulos - como publicou o jornal O Globo -, a irritação do PT de São Paulo diante da investida do PSOL em busca do voto útil, inclusive com ligações do líder do MTST para dirigentes do partido, como mostrou o Estadão, e sobre a vinculação de anúncios no Google da chapa Boulos/Luiza Erundina em buscas relacionadas ao PT e a Lula. Nenhuma dessas informações foi contestada.

Nesta quinta-feira, 12, Boulos disse que a vinculação dos anúncios no Google ocorreu "lá no início da campanha, um ou dois meses atrás" feita sem seu conhecimento e retirada assim que a coordenação da campanha soube do procedimento. "Este episódio do Google foi lá atrás, lá no início da campanha e vieram requentar agora", disse Boulos.

Caminhada

Boulos fez uma caminhada pela região do comércio do Campo Limpo, bairro onde mora. No trajeto, entregou santinhos, pediu votos e conversou com eleitores. "Sou o Boulos. Estou aqui para a gente levar a voz da periferia para aquela prefeitura", repetia ele. A um vendedor ambulante, disse que estava ali "para vocês poderem trabalhar sem medo do rapa".

Vários eleitores pediram para fazer selfies com o candidato. Na padaria que frequenta, perto de sua casa, ganhou um bolo de presente. No meio do caminho o candidato ficou emocionado quando encontrou as filhas Sofia e Laura, de 10 e 9 anos.

Ao final, o candidato disse ser alvo de ataques do gabinete do ódio, nome dado ao grupo de bolsonaristas acusado de espalhar notícias falsas nas redes sociais. Nesta quarta-feira, 11, o juiz eleitoral Emilio Migliano Neto determinou a abertura de investigação da Polícia Federal contra Celso Russomanno (Republicanos) por supostas calúnias contra Boulos.

Em entrevista coletiva, o candidato disse que não está colocada a possibilidade de um lockdown em São Paulo caso haja uma segunda onda do novo coronavírus no ano que vem, já sob a gestão do próximo prefeito.

"Vamos fazer monitoramento epidemiológico como foi feito em várias partes do mundo, identificar os focos de contágio e fazer isolamento utilizando equipamentos públicos. Isso que a Coreia do Sul fez e não precisou fazer lockdown. Lockdown não está colocado hoje nem de longe", afirmou.

Estadão
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