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Boulos diz que acusação sobre empresas fantasma é fake news

Hashtag #LaranjalDoBoulos chegou a ficar em primeiro lugar no trending topics do Twitter nesta tarde

11 nov 2020 - 20h58
(atualizado às 21h05)
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Deputados e ativistas bolsonaristas que já haviam sido alvo da Polícia Federal nos inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) contra as fake news e contra atos antidemocráticos publicaram uma série de postagens nas redes sociais nesta quarta-feira, 11, para associar o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, a um suposto esquema de laranjas. O candidato nega irregularidades e afirma que o caso se trata de "fake news", a divulgação de informação falsa.

O candidato Guilherme Boulos durante agenda de campanha
O candidato Guilherme Boulos durante agenda de campanha
Foto: Divulgação / Estadão Conteúdo

As supostas denúncias tiveram como base uma publicação, feita também no Twitter por um perfil bolsonarista, de que Boulos teria contratado duas empresas fantasmas para prestar serviços em sua campanha.

A informação foi usada por Celso Russomanno (Republicanos) no debate promovido na manhã desta pela Folha de S. Paulo e pelo UOL. Russomanno conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro nas eleições e perdeu a vice-liderança na disputa na última pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo para Boulos, embora ambos estejam tecnicamente empatados. O candidato do Republicanos conseguiu barrar, na Justiça, a divulgação de nova pesquisa, desta vez feita pelo Datafolha.

"Vendo aqui a prestação do Boulos, eu encontrei a Kyrion, que não está no endereço certo", disse Russomanno, no debate. "Ou seja, é uma equipe de reportagem que soltou hoje uma reportagem nas redes sociais, dizendo que o senhor (Boulos) deu para uma empresa de R$ 24 mil a R$ 28 mil e a empresa não se encontra no local, é fantasma", continuou. "Para a outra, deu R$ 500 mil. Uma é a Kyrion e a outra é a Filme de Vagabundo Limitada." Então, Russomanno aumentou o tom de voz: "Olha, o nome é esse", exclamou. "Filme de Vagabundo Limitada", concluiu. No debate, Boulos disse que Russomanno estava "em desespero", e não deu explicações sobre as informações. Russomanno perguntou sobre o tema por três vezes.

A campanha do PSOL prestou as explicações por nota, após se inteirar do caso: "A produtora Filmes de Vagabundo pertence à cineasta Amina Jorge, diretora de audiovisual da comunicação digital da campanha. Ela trabalha como freelancer e o valor de R$ 28 mil diz respeito à sua remuneração por todo o período eleitoral", informa o texto.

"Como muitos profissionais que trabalham como freelancer, ela registrou a empresa, em 11 de setembro de 2018, em seu endereço residencial, como consta no CNPJ: Rua Marquesa de Santos, número 253, casa 3. Em dezembro de 2018, ela mudou de residência e não atualizou o novo endereço jurídico na Junta Comercial", continua a nota.

"Já a Kyrion, também com atuação em comunicação digital, foi fundada em maio de 2020, e com sede administrativa na Rua Caxingui, no Butantã, conforme consta no CNPJ", segue o texto. "O contrato entre a campanha e a Kyrion permite que, por razão da pandemia de Covid-19, os serviços sejam prestados remotamente pela equipe, razão pela qual não há atividade de campanha na sede administrativa da empresa."

Repercussão

Após o debate, o blogueiro Oswaldo Eustáquio, que em junho havia sido preso pela PF em Campo Grande (MS) por ligação com os atos antidemocráticos ocorridos em Brasília, publicou uma abordagem feita a Boulos na saída do debate, em que questionou o candidato sobre "a denúncia de meio milhão de Reais".

Boulos, no vídeo, responde chamando o blogueiro de vagabundo e Eustáquio começa a gritar que exigia respeito. O vídeo foi retuitado por outros perfis bolsonaristas, como como o do deputado estadual Douglas Garcia (PTB, ex-PSL).

Eustáquio, que foi assessor da ministra Damares Alves, foi solto no começo de julho e continua sendo investigado pela Polícia Federal. Já Garcia teve seu gabinete alvo de busca e apreensão nas investigações das fake news, também sob responsabilidade do Supremo, em maio. Ele é investigado pelo Ministério Público paulista por ligação com o chamado "gabinete do ódio".

Na sequência a essas postagens, uma série de perfis no Twittter passaram a repercutir a denúncia. "Recebo, com nenhuma surpresa, a divulgação do #LaranjalDoBoulos , está no DNA dessa gente", tuitou a deputada federal Major Fabiana (PSL-RJ). Foram postados memes com bolos de laranja. A hashtag #LaranjalDoBoulos chegou aos Trending Topics, lista que o Twitter mantém e exige os termos que mais estão sendo postados na rede, em tempo real.

A reportagem não conseguiu contato com Oswaldo Eustáquio. A campanha de Russomanno foi procurada para comentar os esclarecimentos de Boulos a ação dos grupos bolsonaristas, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DE GUILHERME BOULOS:

Celso Russomanno lançou nesta quarta-feira, dia 11 de novembro, a fake news de que a nossa campanha teria contrato com duas empresas fantasma. A mentira foi divulgada pelo blogueiro Oswaldo Eustáquio, que se diz jornalista, mas trabalha a serviço do Gabinete do Ódio ligado a Bolsonaro. O blogueiro, autor da suposta da denúncia, já foi preso pela Polícia Federal, em junho deste ano, durante a Operação Lume, que investiga atos antidemocráticos.

Para desmentir a fake news, a campanha informa:

A produtora Filmes de Vagabundo pertence à cineasta Amina Jorge, diretora de audiovisual da comunicação digital da campanha. Ela trabalha como freelancer e o valor de R$ 28 mil diz respeito à sua remuneração por todo o período eleitoral.

Como muitos profissionais que trabalham como freelancer, ela registrou a empresa, em 11 de setembro de 2018, em seu endereço residencial, como consta no CNPJ: rua Marquesa de Santos, número 253, casa 3. Em dezembro de 2018, ela mudou de residência e não atualizou o novo endereço jurídico na Junta Comercial.

Já a Kyrion, também com atuação em comunicação digital, foi fundada em maio de 2020, e com sede administrativa na rua Caxingui, no Butantã, conforme consta no CNPJ.

A empresa presta serviços de planejamento e acompanhamento de pesquisas quantitativas e qualitativas contratadas pela campanha, monitoramento e análise diária de redes sociais e gestão de comunidades digitais, de acordo com a Nova Lei de Proteção de Dados.

Para prestar os serviços, a Kyrion conta com uma equipe com cerca de 20 colaboradores.

O contrato entre a campanha e a Kyrion permite que, por razão da pandemia de Covid-19, os serviços sejam prestados remotamente pela equipe, razão pela qual não há atividade de campanha na sede administrativa da empresa.

Um dos sócios da Kyrion é Beto Vasques, profissional com mais de 20 anos de experiência e comunicação política e trabalhos no Brasil e no exterior. Até março de 2020, Vasques morava e trabalhava com comunicação digital na Espanha, onde também tem cidadania.

A fake news lançada por Celso Russomanno comprova, de uma vez por todas, que o Gabinete do Ódio de Bolsonaro quer espalhar mentiras e influenciar no resultado das eleições. A nossa campanha vai tomar as medidas jurídicas cabíveis. O ódio e as fakes news perderam em São Paulo. A esperança vai vencer o ódio.

Estadão
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