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Boulos volta a culpar Nunes por apagão em SP e ironiza: 'Lula tem que vir podar árvore?'

Candidato à eleição pelo PSOL fez várias críticas a situação da cidade e a falta de energia

14 out 2024 - 22h45
(atualizado às 23h10)
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Boulos diz que São Paulo é refém da Enel ao criticar Nunes antes de debate: ‘Prefeito omisso’:

Antes do debate com os candidatos à eleição promovido pela TV Band, que acontece nesta segunda-feira, 14, Guilherme Boulos (PSOL) fez várias críticas em respeito à falta de energia em São Paulo e na Região Metropolitana --cerca de 340 mil imóveis continuam sem energia elétrica, segundo comunicado divulgado pela Enel na noite desta segunda-feira, 14 De acordo com o deputado federal, Ricardo Nunes (MDB) é um prefeito “ausente” e “omisso” e não cumpriu com as responsabilidades do cargo. “Não fez a lição de casa”, destacou. 

“Esse é um debate que 500 mil pessoas não vão poder assistir porque estão sem luz nas suas casas, completando o terceiro dia. Eu fiquei sem luz na minha casa até o fim do dia de ontem. [...] Nós temos um prefeito ausente, que deixou a cidade despreparada para uma situação como essa e com uma empresa que presta um serviço horrível”, criticou. 

Segundo ele, os gestores públicos devem assumir suas responsabilidades a respeito da Enel. “Quando vem o Nunes e o Tarcísio e dizem que a responsabilidade é do governo federal, vocês sabem que isso é mentira. Eles sabem. [...] A responsabilidade de poda de árvore e de semáforos na cidade de São Paulo é da prefeitura, do Ricardo Nunes. Agora, o Lula tem que vir podar a árvore em São Paulo? É isso que ele está sugerindo? Então, um prefeito não pode fugir das suas responsabilidades”, disse Boulos. 

Ainda sobre a temática do apagão, Boulos ressaltou que irá trazer a indignação da população de São Paulo, mas que também questionará a saúde e a educação. 

“E a mensagem que eu quero passar nesse debate, para quem for nos assistir, é a seguinte. Nesse segundo turno a gente tem dois caminhos. Não são mais quatro, cinco, seis, são dois. Quem acha que a cidade tem que ficar como está, quem acha que está tudo bem na saúde, no transporte público, na maneira como a prefeitura lida com eventos como foi esse apagão, concorda com o meu adversário”, destacou. 

Guilherme Boulos (PSOL), ao lado de Marta Suplicy, antes do debate
Guilherme Boulos (PSOL), ao lado de Marta Suplicy, antes do debate
Foto: Karen Lemos/Terra

O atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) tenta colar a culpa no governo Lula, que apoia Guilherme Boulos (PSOL) na disputa na capital paulista, enquanto o deputado federal busca responsabilizar a atual gestão municipal. Mas, afinal, de quem é a culpa pela crise de falta de luz? Entenda qual o papel da distribuidora de energia Enel, da Prefeitura de SP e do governo federal neste imbróglio.

Quem é responsável pela energia em São Paulo?

A Enel. A concessionária italiana de distribuição de energia que atua em São Paulo por meio de uma concessão com o governo federal. O contrato atual vence em 2028 e pode ser prorrogado – mas o pedido pela extensão só pode ser feito em 2026, segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. 

A concessionária culpa a magnitude do evento climático extremo pela falta de uma resposta ágil. "Estamos com plano de contratação de 1.200 eletricistas próprios para atuarem principalmente em situações de emergências", disse Guilherme Lencastre, presidente da Enel. A empresa também diz que pretende instalar radares climáticos na cidade na tentativa de se antecipar a novos temporais que possam atingir São Paulo, mas não deu detalhes do plano.

Quem é responsável pela poda de árvores?

Tanto a Enel quanto a Prefeitura de São Paulo são responsáveis por ações preventivas, como a poda de árvores --visto que a distribuidora de energia tem a responsabilidade de realizar a poda em casos que há riscos para o sistema elétrico. Em abril, em convênio com a prefeitura, a empresa privada duplicou o número de ações preventivas por ano em contrato, prometendo 600 mil podas anuais na área de concessão.

Mas, no geral, os cuidados relacionados à zeladoria da cidade são função da administração municipal.

E quem fiscaliza a Enel?

A fiscalização é por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia vinculada ao ministério de Minas e Energia. Desde 2018 a Aneel aplicou cerca de R$ 320 milhões em multas à concessionária Enel --considerando os apagões anteriores que ocorreram em São Paulo, um em março deste ano e outro em novembro passado.

Contudo, após uma liminar concedida pela Justiça Federal do Distrito Federal, a Enel não pagou a infração referente ao apagão de novembro, que na época era de R$ 165,8 milhões. A decisão foi tomada em março deste ano pelo juiz federal Mateus Benato Pontalti, que defendeu que o devido processo legal não foi respeitado. Ele também proibiu a Aneel de inscrever a Enel no cadastro de empesas em débito com o governo federal. 

Há ainda outra multa de R$ 95,8 milhões que não foi paga pela empresa. De acordo com a Aneel, esta infração se deu em razão da má qualidade no fornecimento de energia em São Paulo.

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou a abertura de uma auditoria completa sobre o trabalho da Aneel no apagão em São Paulo. O objetivo é verificar o processo de fiscalização exercido pela Agência e das respostas --ou falta delas-- por parte da Enel. O governo também determinou que a Enel "assegure" o ressarcimento aos moradores que tiveram prejuízos e restabeleça a energia elétrica em até três dias.

Temporal em São Paulo

Com ventos de 100km/h, temporal deixa São Paulo em estado de atenção e bairros sem luz:

A forte tempestade que atingiu a Grande São Paulo na noite de sexta-feira deixou a capital paulista em estado de atenção em diferentes regiões, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura. 

Foram registrados quedas de árvores, desabamentos, falta de energia e outros transtornos na região. O temporal também afetou outras partes do Estado. Segundo contagem da Defesa Civil, o temporal de sexta-feira matou ao menos sete pessoas na capital e no interior. 

De acordo com o último comunicado divulgado pela Enel Distribuição, responsável pelo fornecimento de energia, cerca de 340 mil casas continuam sem energia elétrica.

Fonte: Redação Terra
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