Brasileiro não identifica direita e esquerda na política
Estudo mostra que minoria sabe identificar o matiz ideológico dos maiores partidos políticos do País e que 62% tem pouco ou nenhum interesse pelos rumos políticos da nação
Boa parte dos brasileiros, ou 41% deles, não sabe dizer se é ideologicamente de direita, esquerda ou centro. Dentre os que sabem, a maior proporção é a dos que se dizem de centro (30%). A falta de identididade ideológica vem acompanhada de um desinteresse pela política como um todo -- 62% da população tem pouco ou nenhum interesse em saber dos rumos da política nacional. Este índice é ainda maior entre os jovens de 16 anos a 24 anos, faixa etária em que a proporção aumenta para 69%. Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa realizada pela agência Hello Research em todo o Brasil.
De acordo com o levantamento, que entrevistou 1000 pessoas em 70 cidades das cinco regiões do País, a porcentagem dos que se declaram de direita e esquerda é a mesma: 9%. Em seguida vem centro-direita (4%), centro-esquerda e extrema-esquerda, ambas com 3%, e extrema-direita (2%). Quando a pergunta é sobre a tendência ideológica de sete partidos (DEM, PT, PSDB, PSB, PMDB, PV, PDT, Psol, PSTU), a percentagem de pessoas que não souberam responder foi superior a 50%.
Segundo o presidente da Hello Research, Davi Bertoncello, esses números refletem a falta de educação política do brasileiro. “A pessoa não consegue identificar naturalmente o que é direita ou esquerda. Esse fator se agrava por não ser claro no Brasil qual partido é de direita ou esquerda. Então o eleitor acaba não se identificando com uma ideologia ou com um partido que reflita essa ideologia”, diz Bertoncello. Na pesquisa, 64% responderam não ter simpatia por nenhum partido. O PT, partido que no governo federal há 12 anos, tem a simpatia de 14% dos entrevistados, seguido por PMDB (4%), PSDB (3%), PSB (3%) e PV (2%).
Desinteresse
Sobre as razões de tamanho desinteresse e desinformação, Bertoncello tem algumas teorias. "As manifestações de junho de 2013 foram uma fagulha, mas não aconteceu o esperado, que era um pouco mais de debate sobre política”, afirma o presidente da Hello Research. “Não houve uma educação política que poderia ser o grande legado”. Sobre o interesse ainda mais baixo entre os jovens, ele diz: “Esse jovem tem interesse esporádico. Quando entra na agenda (a política), na roda com os amigos, ele tem uma participação maior, se posiciona. Mas não houve (com as manifestações) uma conscientização politica de uma maneiro a mais ampla”.
Entre as classes sociais, a D/E é a menos interessada: 70% declararam pouco ou nenhum interesse em política, seguidos pela classe A (67%) e C (64%). A classe B demonstrou ser a mais interessada, com 48% declarando ter muito ou médio interesse. “A classe B tem uma consciência e educação política maior”, diz Bertoncello.
Nos dados por região, o Sul aparece como a mais interessada, com 58% dos entrevistados revelando preocupação com o que acontece no cenário político, seguido por Norte e Centro-Oeste (51%), Nordeste (35%) e, por fim, o Sudeste, com apenas 30%.