Homem com boné do MST é agredido no PR: "aqui é Bolsonaro"
Segundo relatos, agressores fariam parte de uma torcida organizada e proferiram gritos de apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro
CURITIBA - Uma confusão em frente ao prédio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no centro de Curitiba, terminou com um ferido e vidros da instituição quebrados na noite desta terça-feira, 9. Segundo relatos, ao menos cinco pessoas com o uniforme da torcida organizada Alviverde, do Coritiba, agrediram com garrafas de vidro um servidor público que estava no local e, depois, jogaram os objetos contra outras pessoas e contra o prédio da UFPR.
O servidor, identificado apenas como ex-aluno da UFPR, foi atingido principalmente na cabeça e encaminhado ao hospital. Segundo relatou uma voluntária, que não quis se identificar, ele deve ter alta nas próximas horas, passa fisicamente bem, mas está em estado de choque.
De acordo com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade e relatos de testemunhas ouvidas pela reportagem, a briga teve motivação política porque a vítima estaria vestindo uma camiseta vermelha e um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Ainda segundo as testemunhas, no momento da agressão, os torcedores chegaram a gritar "aqui é Bolsonaro", em referência ao candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro.
A Polícia Militar (PM), no entanto, afirma que, no momento de registro da ocorrência, não foram relatadas motivações políticas para as agressões.
O estudante Kaique Esteves estava em um bar em frente ao local da ocorrência. Ele afirmou que ouviu os gritos dos torcedores a favor de Bolsonaro e percebeu que o servidor estava usando um boné do MST. "A confusão começou de repente e eles começaram a tacar garrafas em cima do pessoal que estava na escadaria. Todo mundo teve que sair correndo", disse.
"Pelo que percebi teve a motivação política, porque ali (na UFPR) sempre tem um público mais 'progressista'. A maioria não compactua com as ideias do (Jair) Bolsonaro, mas nunca vi esse tipo de coisa (ataque)", relatou o estudante ao "Estado".
A UFPR lançou uma nota na qual confirma o ato de violência e a depredação de vidros da biblioteca e da casa do estudante universitário, mas a assessoria da instituição afirma que não teria como confirmar a motivação política das agressões. A biblioteca foi fechada.
"A UFPR repudia veementemente todo e qualquer ato de violência, de preconceito ou de discriminação e entende que os espaços universitários são ambientes de debate e do exercício de liberdade de opinião. Um espaço histórico e simbólico que deve se manter pleno da democracia e de continua resistência à intolerância, à violência e banidas as formas de opressão", declarou a instituição por meio de nota.