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Caixa de supermercado diz ter sido humilhada por Russomanno

Em aparição no horário eleitoral desta quarta-feira, 4, Cleide Bezerra da Cruz conta como se sentiu em episódio há 15 anos

4 nov 2020 - 23h32
(atualizado em 5/11/2020 às 08h40)
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Citada em um programa de TV de Celso Russomanno (Republicanos) em 2005 por ter se recusado a vender uma unidade de rolo de papel higiênico separada do pacote, Cleide Bezerra da Cruz voltou a ser personagem nas eleições municipais de São Paulo. Em 2016, a história da caixa de supermercado foi resgatada por adversários do deputado. Neste ano, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, fez uma visita à casa dela e publicou o encontro nas redes sociais, fazendo referência ao episódio.

Cleide Bezerra da Cruz durante horário reservado ao direito de resposta
Cleide Bezerra da Cruz durante horário reservado ao direito de resposta
Foto: Reprodução / Estadão Conteúdo

As imagens exibidas pelo programa "Patrulha de TV" de 15 anos atrás mostram Russomanno visitando um mercado da Zona Leste de São Paulo em que uma espectadora teria sido proibida de comprar uma unidade de pote de iogurte. O apresentador tenta passar uma unidade de papel higiênico no caixa, mas Cleide, na época funcionária do estabelecimento, se recusa em razão das regras da empresa em que trabalhava. Russomanno, então, chama a Polícia Militar e consegue finalizar a compra.

O apresentador pergunta se a caixa sabe que pode ser levada para a delegacia se não aceitar passar os produtos separadamente. Em entrevistas e numa aparição no horário eleitoral desta quarta-feira, 4, Cleide diz que se sentiu humilhada por Russomanno.

Explorado em 2016, o caso foi resgatado este ano por Boulos. Em publicação no dia 24 de outubro, o candidato do PSOL postou uma foto ao lado de Cleide e disse que o caso serve de"exemplo contra todas as formas de humilhação e agressão às mulheres".

Visitei ontem a Cleide, operadora de caixa que foi humilhada por Celso Russomanno no famoso vídeo da compra do papel...

Publicado por Guilherme Boulos 50 em Sábado, 24 de outubro de 2020

Dias depois, no horário eleitoral gratuito, Russomanno responde a Boulos. O candidato do Republicanos se defende das acusações de que teria humilhado a caixa e mostra imagens do seu programa de TV de 2005 em que conversa com Cleide. O trecho do vídeo exibido por Russomanno foi filmado após a confusão com a Polícia Militar, quando a cliente do mercado "auxiliada" por Russomanno paga suas compras. Sem olhar diretamente ao apresentador, Cleide diz: "espero que quando eu te chamar o senhor vá lá".

No programa eleitoral da semana passada, o candidato disse que isso mostra que a relação dele com a funcionária foi amistosa. Depois disso, ainda na propaganda eleitoral, Russomanno ataca seu adversário. "Boulos, enganar para ganhar votos é tão grave quanto invadir residências."

A provocação de Russomanno levou Boulos a pedir um direito de resposta, concedido pela Justiça Eleitoral nesta terça-feira, 3. "Ao afirmar que o representante utilizaria Cleide para desvirtuar incidente ocorrido no Programa Patrulha do Consumidor e enganar o eleitor, não prova tal fato e, consequentemente, dá ensejo a direito de resposta, já que afirma, falsamente - sem qualquer lastro em prova, que o representante enganaria eleitores com a utilização de atendente de supermercado para modificar narrativa de incidente havido entre Cleide e o candidato Celso Russomano", diz o juiz eleitoral Renato de Abreu Perine em decisão.

No horário reservado ao direito de resposta, Cleide voltou a aparecer na TV. Durante um minuto, ela volta a dizer que foi humilhada pelo candidato do Republicanos no programa de TV de 2005. "O senhor me deixou me sentindo péssima, um lixo. O senhor me causou dor, o senhor me causou problemas."

Procurada, a campanha de Russomanno não retornou até a publicação desta reportagem.

Estadão
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