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Campanha de Bolsonaro mira "bolsonarista arrependido" para reduzir abstenção e alcançar Lula

7 out 2022 - 17h29
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Em uma campanha polarizada e de votos consolidados, a campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PT) começa a trabalhar para reduzir a taxa abstenção registrada no domingo mirando o "bolsonarista arrependido" --aquele que votou no atual presidente em 2018, mas não foi votar agora-- como uma das estratégias para reverter a vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Lula conquistou 6,2 milhões de votos de frente sobre Bolsonaro no primeiro turno, mas a abstenção, recorde desde 19989, foi de 32,7 milhões de votos --o que representa 20,95% do eleitorado.

Mesmo tradicionalmente maior no segundo turno, apoiadores do presidente e campanha, segundo duas fontes da equipe, querem mobilizar os eleitores para comparecer às urnas no dia 30.

Na campanha, segundo uma fonte, a avaliação é que aqueles que não votaram em Lula no primeiro turno, seja pela abstenção ou por votarem principalmente na senadora do MDB Simone Tebet ao Palácio do Planalto, não devem chancelar o petista na segunda etapa, mesmo que Tebet tenha declarado apoio ex-presidente.

Segundo essa fonte, são pessoas que estão na bolha antipetista --parte delas votou em Bolsonaro em 2018, mas acabou desistindo de votar no presidente por fatores como inflação e combate à pandemia. A campanha quer motivar essas pessoas a voltarem a apoiar o presidente.

Outro desafio é fazer com que quem votou em Simone Tebet -- quase 5 milhões de eleitores-- não anulem ou se abstenham, iniciativas que poderiam favorecer quem está na frente, caso de Lula.

Sem dar detalhes da estratégia, uma segunda fonte da campanha disse que haverá um trabalho para tentar aumentar a abstenção de eleitores de Lula no segundo turno. Um foco natural dessa estratégia seria o Nordeste, onde o petista teve a maior votação relativa e alguns Estados e capitais tiveram abstenção abaixo da média --Refice foi a capital com menor índice de abstenção (14,17%).

No primeiro turno, aliados e simpatizantes de Bolsonaro já trabalharam para convocar idosos para votar, na suposição de que a maioria deles seria apoiador do presidente. Cartazes e outdoors com chamados para os avós comparecerem às ruas apareceram em diversas cidades brasileiras. O voto é facultativo para maiores de 70 anos.

Segundo uma das fontes, essa estratégia deve ser repetida no segundo turno.

O trabalho de reduzir a abstenção é árduo diante do fato de que 14 Estados e o Distrito Federal elegeram governadores em primeiro turno. É o caso de Minas Gerais e Rio de Janeiro, segundo e terceiro maiores colégios eleitorais respectivamente.

Tradicionalmente, o não comparecimento às urnas tende a aumentar nos Estados onde não há segundo turno porque já haveria uma desmobilização do eleitorado.

Ainda assim, os governadores reeleitos de Minas, Romeu Zema (Novo), e do Rio, Cláudio Castro (PL), disseram que vão trabalhar durante o segundo turno para conquistar votos para Bolsonaro. Em Minas foram 563 mil votos a mais para Lula e no Rio quase 1 milhão de votos a mais para o candidato à reeleição.

MORO NA CAMPANHA CONTRA ABSTENÇÃO

Na campanha para mobilização, Bolsonaro conta com um apoio do senador eleito e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (União Brasil), que fez um apelo nesta quinta em uma rede social para que os eleitores não deixem de votar, após citar os 32 milhões que não foram às urnas. Moro puxou até uma hashtag "Vem pra Urna" no Twitter.

"Convoco, principalmente, os eleitores de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Goiânia e Curitiba. A capital da Lava Jato teve grande abstenção. Vamos votar e derrotar o PT!", disse ele.

Moro decidiu apoiar a reeleição de Bolsonaro, do governo de quem saiu brigado do Ministério da Justiça após acusá-lo de interferir na Polícia Federal. Ele foi um dos algozes de Lula ao condená-lo na Lava Jato.

O deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do presidente, respondeu a Moro em um sinal de distensionamento e concordando com a convocação para os eleitores irem às urnas.

"A situação do Brasil não nos permite espaço para egos, vaidades ou rancores. O perigo que nos rodeia pode destruir nossas famílias e liberdades", disse.

"Bolsonaro é apenas a nave-mãe, o alvo 01, mas depois virão atrás de cada um de nós, cada um. Estamos juntos para eleger JB agora", reforçou ele, no Twitter.

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