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Candidatos são atacados por postagens pagas nas redes

Bolsonaro e Alckmin são principais alvos do impulsionamento de propaganda negativa

12 set 2018 - 05h11
(atualizado às 07h52)
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Militantes e candidatos a cargos eletivos nas eleições 2018 estão pagando para impulsionar publicações negativas contra presidenciáveis nas redes sociais. Os presidenciáveis Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) foram alvo, até o momento, do maior número de "propagandas negativas", segundo levantamento feito pelo Estadão Dados. Até o dia 24, segundo o TSE, já foram gastos R$ 2 milhões para impulsionamento de postagens na internet.

Ciro, Bolsonaro, Alckmin e Marina: visibilidade valiosa no principal telejornal da televisão brasileira
Ciro, Bolsonaro, Alckmin e Marina: visibilidade valiosa no principal telejornal da televisão brasileira
Foto: João Cotta/TV Globo / Divulgação

Para o professor de ciência política da FGV-SP Marco Antonio Teixeira, esse tipo de anúncio acaba "pregando para convertidos". "É um espaço em que há pouca abertura para debate, tudo vira briga, acusação. O efeito no eleitor tende a ser residual", diz. Para ele, apesar desse tipo de anúncio, o foco dos candidatos ainda está no boca a boca. "Se isolarmos somente as redes sociais, não conseguimos explicar muita coisa. As pessoas estão cada vez mais desconfiadas delas", disse.

Em números absolutos, Bolsonaro é o que mais recebeu críticas impulsionadas por candidaturas de partidos de esquerda - foram 47 até o dia 10 de setembro. Após o atentado contra a vida do presidenciável, no entanto, os anúncios positivos e em solidariedade a ele se multiplicaram na rede, inclusive de políticos de oposição, e praticamente fizeram sumir os negativos.

Até a manhã desta quinta-feira, 6, antes do ataque ao candidato em Juiz de Fora (MG), eram 380 anúncios, no total, e agora foram 900, sendo que os comentários negativos representem somente 5,2% do total de menções pagas. A reportagem contou ao menos 100 postagens pagas com menção à palavra "atentado". O militar não bancou nenhum anúncio em sua própria página até o momento. Os dados foram coletados pelo Estadão Dados na plataforma de anúncios políticos do Facebook.

A maior parte das críticas pagas ao militar foi feita por políticos do PSOL antes do atentado, como a candidata a deputada federal e ex-vereadora de São Paulo Sâmia Bomfim. Ela direcionou pelo menos seis anúncios do tipo no Facebook, em que ataca a questão da desigualdade salarial entre homens e mulheres. "O agiota João Amoêdo e o troglodita Jair Bolsonaro já deram declarações favoráveis aos salários menores para mulheres, o que demonstra que ainda é preciso muito enfrentamento para conquistarmos igualdade e respeito", diz o texto de um dos anúncios.

Em outro, ela apela para o ponto fraco do candidato, o voto feminino. "A derrota de Jair Bolsonaro virá da resistência das mulheres. Nesse vídeo, mostro alguns motivos que nos fazem detestar esse babaca."

Depois do ataque, os anúncios passaram a focar o combate à violência e intolerância como um todo. "Nosso chamado é pela mais ampla participação popular. Para que todos repudiem a violência individual e ao mesmo tempo estejam vigilantes na defesa dos direitos dos trabalhadores, dos jovens e do povo pobre", disse o candidato a governador do Rio Grande do Sul pelo PSOL, Roberto Robaina, em anúncio que trata do atentado contra Bolsonaro.

Outro crítico frequente é Ivan Valente, do PSOL, candidato à reeleição na Câmara. Valente direcionou ataques a Bolsonaro, chamando-o de racista.

Tucano

Em termos proporcionais, Alckmin foi o que recebeu mais críticas pagas - 9,6% dos anúncios com menções a seu nome são negativos. Foram 26, de um total de 270. Se excluídos os anúncios pagos pelo próprio candidato tucano (200), quase metade seriam contra ele.

Um dos principais "algozes" de Alckmin em anúncios pagos nas redes sociais é o candidato a deputado federal pelo partido Novo Vinicius Marini. O político usou a ferramenta para atacar um eventual apoio do tucano ao imposto sindical.

"Os sindicalistas já estão manobrando com a esquerda e com o Geraldo Alckmin pra voltar o imposto sindical de forma disfarçada. Querem inventar uma tal 'contribuição voluntária', que seria aprovada em 'assembleia' e forçaria a todos contribuir", diz a propaganda, publicada seis vezes.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embora não seja candidato por ter sido condenado em segunda instância, tem 28 anúncios negativos, ou 4,6% do total. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de negar a candidatura do petista com base na Lei da Ficha Limpa também foi motivo de multiplicação de menções positivas ao político, o que acabou diluindo as críticas.

Candidatos ligados à direita são os principais críticos do petista - dois deles são ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL): Kim Kataguiri e Artur do Val. Nas peças, Kataguiri afirma que recebeu mensagens de ameaça depois de impugnar a candidatura de Lula no TSE. Já Artur ironiza uma militante petista lembrando a ela que Lula está preso e inelegível.

Autopropaganda. Um ponto fora da curva é Henrique Meirelles (MDB), com a maior quantidade de anúncios com seu nome publicados - 1100 - mas praticamente todos foram financiados por ele mesmo. Dos sete feitos por outras pessoas, dois são negativos, ambos de políticos do PSOL. Um deles é do candidato a deputado federal Glauber Braga (RJ), que critica o fato de o emedebista ser a favor da reforma trabalhista. O segundo é do presidenciável Guilherme Boulos, que ironiza o jingle de Meirelles e diz que não vai "chamar" o Meirelles, mas sim taxá-lo. "Comigo rico vai pagar imposto", diz Boulos no anúncio.

Estadão
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