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Ciro reforça ataques a Lula e até cochicha com Bolsonaro

Candidato do PDT participou de debate presidencial na noite de sábado, 24

25 set 2022 - 10h23
(atualizado às 11h28)
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Ciro Gomes no debate deste sábado, 24
Ciro Gomes no debate deste sábado, 24
Foto: Rogério Pallatta/ Lourival Ribeiro

Colocados lado a lado nos estúdios do SBT, Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PL) trocaram sorrisos e cochicharam nos intervalos do debate de ontem organizado pelo Estadão e Rádio Eldorado em pool de veículos de imprensa que incluiu SBT, CNN, Veja, Terra e Nova Brasil FM. 

Ciro é alvo de um cada vez mais intenso "ataque especulativo" do PT, que assedia os eleitores do pedetista apelando para o "voto útil" em Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno. Como resposta, o ex-ministro do governo petista e ex-governador do Ceará tem respondido subindo o tom nas críticas a Lula e seu partido.  

Essa crescente animosidade ficou explícita no debate deste sábado, 24, e as críticas de Ciro a Lula alcançaram alguns tons acima do tratamento dispensado pelo pedetista a Bolsonaro.

Assim como os demais candidatos, Ciro atacou Lula pela ausência e pela falta de disposição para debater - ao fim do programa, chamou o ex-presidente de "falso democrata". Ao longo do debate, houve momentos em que ele e Bolsonaro convergiram, como quando aproveitou uma pergunta sobre STF para falar em "intrusão" da Corte em temas da política. Já o presidente reforçou a ideia, destacando que os ministros atrapalham seu governo.

Nos intervalos, Ciro e Bolsonaro trocaram sorrisos, e uma imagem viralizou com o pedetista cobrindo a boca, cochichando com o presidente.

Após o debate, já na saída, ele explicou ao Estadão o que falava tapando a boca com as mãos: "Eu dizia a ele que Soraya não havia citado o nome dele, em seu pedido de resposta", disse.

Ciro também negou docilidade com Bolsonaro: "Isso é canalhice do Lula e do PT, que tinha a oportunidade de enfrentar o fascismo. O fascista veio aqui e o falso democrata se ausenta. Como se enfrenta o fascismo? Na cabeça das pessoas. E por que ele não veio aqui, são iguaizinhos".

A mulher dele, Gisele, também opinou. "Ele foi simpático com o Bolsonaro na resposta que deu a ele, na resposta sobre a corrupção", disse, em tom irônico. Ciro citou casos em que acredita mal explicados na gestão Bolsonaro, além dos imóveis comprados em dinheiro vivo pela família.

O episódio gerou um direito de resposta a Bolsonaro, mas ele não levou adiante a história e usou o tempo extra para tentar falar às mulheres.

Mas apesar de tentar reverter a rejeição entre as eleitoras, Bolsonaro acabou confrontando novamente as adversárias do sexo feminino, a ponto de chamar Soraya Thronicke (União Brasil) de estelionatária e afirmar, sem amparo na realidade, que tanto ela quanto Simone Tebet (MDB) derrubaram seu veto ao orçamento secreto.

Num estúdio pequeno, sem espaço para torcidas organizadas, o marqueteiro de Soraya deu o grito mais contundente da noite. No momento em que ouviu o estelionatária, ele gritou "direito de resposta" e depois bateu palmas quando conseguiu o tempo extra. Também gritou "é mentira" quando Bolsonaro insistiu pela terceira vez na tese de que elas aprovaram o orçamento secreto.

Soraya ironizou um dos confrontos que teve com Bolsonaro. Usando a imagem que tenta projetar desde o primeiro debate, na Band, disse que o presidente não deveria cutucar "a onça com sua vara curta". A frase levou a plateia que assistia ao confronto no estúdio anexo ao debate cair na gargalhada.

Na saída, Soraya foi além: "Foi o único momento em que ele não pediu direito de resposta", brincou. Bolsonaro pediu 5 vezes o direito de responder a ataques em tempo extra, ganhou 3.

Mas foi o novato Padre Kelmon (PTB) quem mais provocou reações da plateia, pela dobradinha escancarada que emendou com Bolsonaro.

A aproximação começou de forma discreta, mas depois ficou explícita com elogios reiterados do petebista ao atual governo e críticas aos outros candidatos por "se juntarem contra o presidente" - "Todos vocês falam mal do presidente, só enxergam maldades", reclamou.

Ao contrário de Tebet, que disse jamais querer se confessar com o candidato que se vende religioso, Bolsonaro entregou a Kelmon a vantagem de responder suas perguntas nas duas vezes em que teve a oportunidade de escolher um adversário para conversar. O teatro da política ganhou novo capítulo nessa noite.

Estadão
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