Com Lula morno e Bolsonaro alvo, debate é marcado por ataques às mulheres
O primeiro debate na TV entre os presidenciáveis foi realizado na Band neste domingo, 28
O primeiro debate na TV entre os presidenciáveis, realizado na Band neste domingo, 28, foi marcado por troca de farpas entre os candidatos, ataques às mulheres e promessas para manter o Auxílio Brasil em R$ 600. O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o principal alvo nos embates. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manteve mais apático.
"Um primeiro debate, um aquecimento para que a gente possa responder as provocações e as mentiras", avaliou Bolsonaro ao final do debate, que citou o Orçamento Secreto. "Não tem nada a ver comigo. Eu vetei e o pessoal que derrubou o veto." Já Lula saiu do debate sem falar com os jornalistas.
O candidato Ciro Gomes (PDT) se disse satisfeito com o debate e criticou a troca de farpas entre Bolsonaro e Lula. "O povo brasileiro acho que viu que desse jeito não dá mais, sabe? Essa baixaria de Bolsonaro e Lula desse jeito, mas ficou muito flagrante. [...] Eles não se cumprimentaram, ficaram isso de presidiário para lá, bola de chumbo", disse ele.
Novos ataques ao STF
No primeiro bloco, os políticos responderam perguntas de jornalistas sobre o plano de governo e, em seguida, fizeram perguntas entre eles. Os primeiros questionados foram Felipe D'Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil), que foram perguntados sobre programas sociais, mas usaram a maior parte do tempo para se apresentarem ao público.
Ao ser questionado sobre como baixar a tensão no país, Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal e defendeu os empresários alvos de uma operação da Polícia Federal por defenderam um golpe caso ele não ganhe a eleição.
Em seu primeiro pronunciamento, Simone Tebet (MDB) criticou o presidente --seu principal alvo durante todo o debate: "Precisamos mudar o presidente da República. Temos um presidente que ameaça a democracia, não respeita a imprensa livre e não respeita o congresso", disse ela.
Já os candidatos Lula e Ciro Gomes (PDT) foram abordados sobre a educação e como fazer para avançá-la no país. Ambos relembraram medidas tomadas em seus antigos mandatos, Lula como presidente, e Ciro como governador do Ceará.
Trocas de farpas sobre corrupção
A rodada de embates foi aberta por Bolsonaro, que escolheu seu principal rival como alvo. O presidente questionou Lula sobre a corrupção na Petrobras e gerou uma troca de acusações entre os dois candidatos.
Ao fugir do questionamento, Lula apontou diversas iniciativas do seu governo para investigar casos de corrupção, citando o portal da transparência, melhorias do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), dentre outras medidas. Bolsonaro classificou o governo Lula como o mais corrupto da história, e o petista afirmou que fez grandes investimentos em programas sociais e na educação.
"Meu governo é marcado pela maior política de inclusão social, de geração de emprego, de investimento na educação, de investimento no agronegócio. O meu governo devia ter sido conhecido exatamente por ter permitido 8 milhões de pessoas na faculdade, que antes eram apenas 8. Era no meu governo o menor desmatamento da Amazônia. O país que eu deixei é um que o povo tem saudade, é o do emprego", rebateu Lula.
Em seguida, Ciro questionou Bolsonaro sobre a fome no país e reforçou a segurança alimentar. O presidente voltou mais uma vez a criticar o isolamento durante a pandemia e não reconheceu o aumento da fome no Brasil.
Já Lula questionou D'Avila sobre o tema sustentabilidade. Por fim, Simone Tebet perguntou para Soraya Thronicke sobre a educação.
Bloco mais tenso
No segundo bloco, o mais tenso do debate, foram feitas perguntas pelos jornalistas do pool de veículos que organizaram o evento, com um dos candidatos respondendo o questionamento e outro comentando. O candidato escolhido para responder a pergunta teve, também, o direito de fazer tréplica.
Primeiro escolhido, Bolsonaro foi questionado de onde virá a verba para manter o valor do Auxílio Brasil em R$ 600, tendo o principal rival na corrida presidencial, Lula, comentando o tema. Os dois candidatos não conseguiram especificar de onde viria o dinheiro para manter o pagamento do auxílio, mas entraram em um tenso embate.
"Para o PT quanto mais pobre estiver o povo, melhor para eles fazerem política em cima disso. Como conseguir recurso? Não roubando, não metendo a mão no dinheiro do povo", afirmou Bolsonaro. "Há uma mentira no ar", retrucou Lula, alegando que ainda não está aprovado esse valor para o auxílio em 2023.
No bloco, Bolsonaro também fez ataques à jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura. O ataque ocorreu quando a repórter abordou a importância da vacinação no País ao candidato Ciro Gomes e criticou a postura de Bolsonaro no combate à pandemia.
"Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Deve ter alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate. Uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse Bolsonaro.
Em seguida, o presidente criticou Simone Tebet, ao citar sua atuação na CPI da Covid, e acusou a política de "proteger a corrupção". Já Lula foi questionado sobre os rompimentos na esquerda e das críticas já feitas a Ciro Gomes. O petista afirmou "reverenciar" o candidato do PDT e acrescentou: "Ele tem o coração mais mole do que a língua”.
Ciro, no entanto, atacou o ex-presidente. Ele afirmou que o petista foi responsável pela ascensão de Jair Bolsonaro (PL), e que "é encantador de serpentes". Além de Lula, Ciro atribuiu o crescimento de Bolsonaro na vida política também ao PT, como forma de protesto do povo. "Não acho que Bolsonaro desceu de Marte. Bolsonaro foi um protesto absolutamente reconhecido contra a devastadora crise econômica que o Lula e o PT produziram", declarou.
Soraya Thronicke foi questionada sobre religião e afirmou que, caso eleita, manterá respeito ao estado laico. Ela também criticou Bolsonaro pelo ataque a Vera Magalhães. "Quando eu vejo o que aconteceu agora, contra a Vera, eu fico extremamente chateada. Quando homens são tchutchucas com outros homens e com mulheres são tigrão, eu fico extremamente incomodada. Eu fico brava", afirmou.
Terceiro bloco
O terceiro e último bloco, que também teve perguntas entre os candidatos e feitas por jornalistas, foi marcado, principalmente, por questionamentos sobre os direitos das mulheres e sobre armas. Simone Tebet começou a série de embates, ao perguntar para Bolsonaro qual o motivo de o presidente ter tanta raiva das mulheres, após os ataques à jornalista.
"Eu fui o presidente que mais sancionou lei para mulheres. Uma mulher não tem que ser defendida só por ser mulher. Chega de vitimismo, somos todos iguais", disse ele, que também afirmou que boa parte das mulheres do país o amam. "Eu defendo a família, sou contra as drogas. Eu defendo as mulheres" disse.
Soraya escolheu Lula para perguntar sobre tributos e propostas de melhoria, ao afirmar que "o mandato perfeito que Lula tanto cita só existe para se eleger". Lula rebateu: "A senhora fala que não viu esse país que eu falei. Mas a sua empregada doméstica viu, o seu motorista viu, o seu jardineiro viu. O pobre desse país vai voltar a ser respeitado", disse ele, um pouco exaltado.
Já Ciro resolveu fazer a pergunta a Felipe D'Ávila e os dois usaram o tempo para criticar o PT. O candidato do PDT voltou a ter a palavra em seguida, pois foi o escolhido por Bolsonaro para falar sobre os direitos das mulheres.
"O senhor não percebe ou não dá valor a essa questão feminina", afirmou ele, criticando a postura de Bolsonaro com a jornalista. Ciro ainda lembrou da frase do presidente de que a filha foi uma "fraquejada".
O ex-presidente Lula questionou Tebet sobre a corrupção na compra de vacinas, já que ela atuou na CPI da Covid. "Houve, sim, corrupção na tentativa de compra de vacinas", disse ela, afirmando a Lula que também houve corrupção no governo dele. Ambos ainda fizeram críticas aos sigilos decretados por Bolsonaro.
Felipe D'Avila questionou Soraya sobre o fundão eleitoral e ela rebateu a afirmou que nem todos candidatos tem alto patrimônio.
Após responderem as últimas perguntas dos jornalistas, por fim, cada candidato teve dois minutos para fazer as suas considerações finais. Eles defenderam suas políticas de governo e deixaram críticas aos adversários.