Corrida eleitoral de 2026 vai precisar de ‘reorganização’ da direita e ‘reinvenção’ da esquerda
Repórter Guilherme Mazieiro analisa mudança no tabuleiro da político já de olho na próxima eleição
Com o fim das eleições municipais, fica o questionamento: como será a corrida eleitoral em 2026? Para a escolha do novo presidente, governadores, deputados e senadores, será preciso que a direita se reorganize e a esquerda se reinvente. É o que aponta o repórter de política do Terra, Guilherme Mazieiro.
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Apesar de parecer contraditório, é possível se deparar com um cenário no qual a direita conservadora e a extrema direita bolsonarista não tenham consenso em torno de um único nome para concorrer ao Palácio do Planalto.
“A gente teve pesquisa do Real Time Big Data mostrando que eleitores não votariam em alguém que tivesse apoio do Lula ou do Bolsonaro [nas eleições municipais]. O padrinho político não foi determinante para essa eleição”, analisou Mazieiro.
De acordo com o jornalista, há uma expectativa por parte dos políticos da direita de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, retome os seus direitos políticos: “Ele tem condenações eleitorais e aí, ele voltando para o jogo, é o principal nome desse cenário.”
No entanto, caso Bolsonaro não volte à corrida eleitoral, há alternativas, como Pablo Marçal (PRTB), que foi candidato na cidade de São Paulo e ficou em 3º lugar, e Ronaldo Caiado (União), que é governador de Goiás e conseguiu eleger o seu candidato em Goiânia, vencendo, inclusive, o candidato apoiado por Bolsonaro na capital goiana.
“Tem essa reorganização que está acontecendo. Vimos com clareza que o Bolsonaro não é dono dos votos como se imaginava em agosto. Ricardo Nunes contava muito com isso, que teria uma transferência natural dos votos. Acabou acontecendo no segundo turno, principalmente, porque era o Guilherme Boulos, mas, no primeiro turno, parte desse eleitorado foi para o Marçal”, destacou.
Quanto à esquerda, Mazieiro vê a necessidade de uma reinvenção, pois há uma distância quanto às questões sociais. “A maneira de se reinventar, de se reapresentar com novas propostasjá começou a ser feita pela esquerda no primeiro turno. O presidente Lula já tinha falado, logo depois da eleição, que o PT precisava reavaliar o que estava buscando, pelo desempenho. O ministro Fernando Haddad deu uma entrevista para a Folha falando da necessidade da esquerda encontrar um novo projeto, vender um sonho e não uma ilusão, mostrar um horizonte para o eleitor.”
Para o jornalista de Brasília, Boulos tentou fazer esse aceno para os eleitores, visando implementar o projeto para que os motoristas de aplicativos pudessem rodar em dias de rodízio na capital paulista, além de propor programas sociais para mulheres microempreendedoras.
"Em 2026, eu vejo que tem essa movimentação acontecendo, da esquerda se reorganizar, também com lideranças, mas, principalmente, o caminho de propostas, e aí a direita e extrema direita apostando em Marçal ou Bolsonaro, em governadores mais ao centro ou menos. Bolsonaro continua sendo importante, menos do que se imagina, com menos força do que se imaginava no começo das eleições", avaliou Mazieiro.
Por fim, o jornalista reforça que as eleições deste ano acabam com duas pendências na cidade de São Paulo, sendo a primeira a respeito do laudo falso que Marçal apresentou contra Boulos. A segunda é a de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), declarou que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) orientaram familiares a votar no candidato do PSOL nas eleições municipais, sem provas.
“A eleição está resolvida nas urnas, mas a gente vai ficar com uma pendência na Justiça Eleitoral. Eu vejo que isso é reflexo desse ambiente agressivo, muito violento que a gente teve na campanha e por aí vai passar um pouco em 2026”, finalizou.