Curitiba: Ney e Greca discutem propostas em último debate
Após uma campanha dura, permeada de ataques de ambos os lados, os candidatos a prefeito de Curitiba deram uma trégua e discutiram propostas no último debate antes das eleições de domingo (30). O terceiro encontro televisivo do segundo turno entre Ney Leprevost (PSD) e Rafael Greca (PMN), na noite desta sexta-feira (28), na RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná, foi bem mais ameno que os anteriores.
No primeiro bloco, os dois falaram sobre saúde, turismo e educação, deixando de lado denúncias, insinuações ou polêmicas, como a de que Ney se formou em um curso a distância na Faculdade Estadual de Tocantins (Unitins), 944ª colocada em um ranking nacional feito pelo jornal Folha de S.Paulo, ou de que Greca teria se apropriado de 12 obras de arte originalmente pertencentes a um museu municipal, a Casa Klemtz, o que ele nega.
O deputado estadual pelo PSD preferiu perguntar o que o adversário pensa da ideia de criar o "Erastinho", unidade para atender crianças com câncer. O nome é em alusão ao Hospital Erasto Gaertner, referência na área de oncologia. "Claro que vejo com entusiasmo. Até assumi o compromisso de colocar R$ 8 milhões no primeiro ano de gestão para a construção desse hospital”, respondeu o político do PMN.
Greca defendeu o investimento na saúde de base, de modo que “toda a rede seja boa para o nosso povo”, além da requalificação das UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento). Já Ney Leprevost disse que o setor será uma de suas “principais preocupações como prefeito”. Ele também sugeriu instituir programas de atendimento pediátrico nas dez regionais da cidade.
Na sequência, o ex-prefeito e ex-ministro do Turismo questionou quais seriam as propostas do parlamentar para o ensino básico. Ney assegurou que cumprirá com todos os compromissos assumidos pela atual gestão, de Gustavo Fruet (PDT), com os professores, chamados por ele de “verdadeiros farois do saber”. Inaugurados quando Greca chefiava o Executivo Municipal, em 1994, os farois do saber são espécies de bibliotecas comunitárias, existentes ainda hoje em vários bairros da cidade.
O candidato do PSD também prometeu estender o funcionamento dos centros municipais de educação infantil (CMEIs), as creches. O do PMN, por sua vez, falou em “inovar”, com a criação de um portal de conteúdos didáticos para os docentes, a oferta de “aulas de cidadania” para as crianças e o desenvolvimento de atividades no contra turno escolar, incluindo empreendedorismo, música e inglês.
Quando o assunto foi as filas para marcar consultas com especialistas, Ney falou que solucionaria o problema reduzindo em 40% os cargos comissionados da prefeitura, o que renderia uma economia de R$ 40 milhões por ano. O dinheiro seria utilizado na contratação de médicos. “Ontem [anteontem], de forma muito generosa, a Academia Paranaense de Medicina me outorgou o título de guerreiro da saúde de Curitiba”, destacou.
Para o ex-prefeito, que a todo tempo exaltava sua experiência, é possível resolver a questão apenas com gestão, “sem construir nada”. Ele defendeu a realização de mutirões de cirurgias, consultas e diagnósticos por imagem e a realização de parcerias com o Hospital do Trabalhador e o Hospital de Clínicas da UFPR. Prometeu, ainda, construir um centro de especialidades médicas.
Ainda no rol de promessas, Ney Leprevost reafirmou sua intenção de reduzir, dentro de 90 dias, a tarifa do transporte coletivo entre R$ 0,10 e R$ 0,15, enquanto Rafael Greca propôs diminuir o valor da passagem, atualmente em R$ 3,70, nos horários de menor movimento. Ele também disse ser favorável à adoção de um cartão de uso por tempo determinado.
O momento mais tenso do debate foi quando o candidato do PMN perguntou se o adversário tem conhecimento do orçamento da cidade, para cumprir com tudo o que propõe. “São R$ 9 bilhões, sendo que sobrará de R$ 1 bilhão a R$ 1,3 bilhão para investimentos (...) É sim possível fazer. E, custe o que custar, por mais que isso desagrade muitos poderosos, vamos reduzir a tarifa do ônibus”, declarou. “A prudência fiscal aconselha não prometer tanto para não falhar”, provocou Greca.
Nas considerações finais, o ex-ministro falou que a atual administração está “distante de cumprir com as suas finalidades” e que aos poucos perdeu o brilho. Ele pediu que os eleitores recuperem o orgulho de morar na cidade. “A minha trajetória é uma trajetória de serviço a Curitiba”. Já o deputado estadual afirmou que vem se preparando para assumir o cargo há muito tempo. “Quero administrar Curitiba com eficiência e honestidade. Quero devolver os serviços públicos de qualidade. Andar para trás nunca mais”.
No primeiro turno, Greca conseguiu a maioria dos votos - 356.539 (38,38%), contra 219.727 (23,66%) do político do PSD. Agora, com o realinhamento de forças, fica difícil apostar em um vencedor. O escolhido administrará a cidade de 1,89 milhão de habitantes e 1,2 milhão de eleitores de 2017 a 2020. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná deve divulgar o resultado das eleições por volta das 18h30.