Datena lança pré-candidatura pelo PSDB à prefeitura de SP: 'Vou até o fim'
Essa é a quinta vez que apresentador lança seu nome para uma disputa eleitoral. Em todas as outras, ele desistiu de seguir até o fim.
O apresentador José Luiz Datena criticou nesta quinta-feira, 13, a licitação de transporte público assinada pelo ex-prefeito Bruno Covas, último integrante do PSDB a comandar a Prefeitura de São Paulo. A crítica foi feita no evento que oficializou o nome de Datena como pré-candidato tucano na corrida eleitoral de outubro.
O jornalista afirmou que seu "sonho" é que a população da cidade entre no transporte coletivo sem pagar passagem de ônibus para o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o crime organizado. Ele mencionou a Operação Fim da Linha, que mirou o envolvimento da facção com duas empresas de ônibus que prestam serviço na cidade.
"Duas empresas investigadas tinham na diretoria gente ligada ao PCC. E quem permitiu que eles estivessem lá? Foi quem fez a licitação purulenta e fraudulenta", declarou Datena. Os atuais contratos com as empresas de ônibus foram assinados por Bruno Covas em 2019. Ele relançou a licitação após São Paulo passar seis anos com contratos emergenciais no setor.
Datena chegou a aceitar ser vice de Covas em 2020, de quem se disse amigo, mas afirmou ter desistido para não atrapalhar o tucano já que o PSDB naquele momento estava rachado. Sem o apresentador, o escolhido foi o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Após recuar de quatro pré-candidaturas, Datena disse que desta vez irá "até o fim". "Claro, uai. Eu não disse que vou?", respondeu ao ser questionado por jornalistas ao final do evento. Ele não quis dar entrevista coletiva para preservar a voz. O presidente do PSDB, Marconi Perillo, ressaltou em seu discurso que o jornalista é um "homem de palavra e cumpre o que promete".
No lançamento, o apresentador repetiu o tom adotado em seu programa na televisão, disse não ter medo de ser prefeito e que fará a campanha sem colete à prova de bala. "Vou fazer com o peito aberto. Atira aqui [aponta para o peito]. Se me deixarem de cadeira de rodas, eu termino a campanha de cadeira de rodas e ganho", afirmou Datena
Ele também criticou a polarização, que segundo ele quase levou ao golpe no 8 de Janeiro, e rechaçou que a divisão seja transferida para a eleição municipal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoia Guilherme Boulos, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se aliou a Ricardo Nunes (MDB).
"No final, quem vai sair na urna no dia que você for votar? Pelo jeito, vai sair a cara do Lula ou do Bolsonaro. Quem vai governar a cidade de São Paulo não vai ser nenhum deles. Todo voto vai ser bem-vindo e bem recebido", disse.
O deputado federal Aécio Neves (PSDB), que fez um discurso inflamado, minimizou a ausência de apoio de outros partidos a Datena. De acordo com ele, as alianças são importantes por causa do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, mas perdem relevância diante do nível de conhecimento do jornalista entre a população.
O evento foi marcado por discursos que enfatizavam que o PSDB não acabou, mas passa por um processo de renascimento para voltar a ter protagonismo na política nacional como uma alternativa à polarização entre o PT e o bolsonarismo. A candidatura de Datena na maior cidade do país foi apontada como fundamental neste processo.
"Nós seremos, acreditem nisso, uma alternativa real de poder no Brasil dentro de pouco tempo", disse o deputado federal Aécio Neves. "A fragilização do PSDB se confunde com a fragilização da própria política brasileira. O Brasil não se resume a esses dois polos. Temos que dar aos brasileiros a oportunidade de votar sim a favor de um projeto, em vez de votar não a um dos candidatos.", continuou o ex-governador de Minas Gerais.
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"Nasce aqui hoje o embrião de um projeto importante para governar São Paulo, mas nasce aqui hoje, junto com Datena, um projeto para liderar o Brasil", finalizou Aécio. Ele também agradeceu o apoio dos paulistas à sua candidatura presidencial em 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT).
O PSDB terá candidatos a prefeito em 120 das 645 cidades paulistas nesta eleição, segundo o presidente estadual da legenda, Paulo Serra. O partido elegeu 179 prefeitos no Estado em 2020, mas sofreu uma debandada de mandatários principalmente para o PSD de Gilberto Kassab (PSD).
"Aqueles que disseram q PSDB iria perder protagonismo, vão errar", disse Serra. "Nós não somos coadjuvantes, somos protagonistas. Você pode ser o condutor desse processo", disse Mario Covas Neto, que voltou ao "ninho" no mês passado, a Datena.