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Datena reconhece desempenho ruim no debate e diz que não apoiaria Boulos ou Nunes no 2º turno em SP

Apresentador disse que suas ideias são antagônicas às do psolista e do PT e fez críticas ao prefeito de São Paulo em entrevista ao Roda Viva

12 ago 2024 - 23h04
(atualizado em 13/8/2024 às 07h17)
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Resumo
José Luiz Datena, candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB, afirmou que não apoiará Boulos nem Ricardo Nunes em eventual segundo turno, criticou seu próprio desempenho em debate e volta atrás em declaração sobre ser senador se eleito.
José Luiz Datena (PSDB) é candidato a prefeito de São Paulo
José Luiz Datena (PSDB) é candidato a prefeito de São Paulo
Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

José Luiz Datena (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo, disse nesta segunda-feira, 12, que não apoiaria nem Guilherme Boulos (PSOL) nem o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) em um eventual segundo turno, e reconheceu que não foi bem na sua estreia em debates, ocorrida na última quinta-feira, 8, na Band.

O tucano, que expressou confiança que vencerá a eleição, disse que suas ideias são "antagônicas" às de Boulos e do PT, partido ao qual foi filiado por mais de duas décadas. "Eu não apoiaria o Boulos pro segundo turno. E não precisa nem perguntar se vou apoiar Ricardo Nunes", disse o jornalista no Roda Viva, ressaltando que ainda há outros nomes "no jogo", como Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).

Apesar de se esforçar para marcar diferença do candidato do PSOL para se apresentar como alternativa à polarização, Datena fez dobradinha com Boulos no debate na última quinta-feira, 8, na Band, e disse que já foi convidado para ser vice do psolista. Em um vídeo vazado em abril do ano passado ele aparece sugerindo ser integrante da chapa. Agora, no entanto, diz que tem ideias diferentes.

"As minhas ideias são completamente antagônicas às do Boulos e às do PT. Todo mundo diz que eu mudo de partido, mas fiquei 20 anos no PT. A partir do momento que começou a apresentar casos de Mensalão, do Petrolão, eu dei no pé", afirmou o apresentador, que deixou a sigla em 2015.

Datena também disse que seu desempenho no debate foi "muito abaixo" do que esperava, declarou ter sido julgado mais como comunicador do que como candidato, afirmou não estar familiarizado e ter subestimado as regras e o formato e disse que Nunes o atrapalhou logo na primeira pergunta ao pedir direito de resposta em voz alta.

"A crítica é justa. Já dizia o Chacrinha: quem não se comunica, se estrumbica. Não estou acostumado com regra de debate e em falar no tempo. [...] Eu não fui aquilo que pensava que seria e subestimei o debate. Achei que por ser um bom apresentador de televisão eu fosse dar um show nos caras", disse.

Candidato volta a criticar Ricardo Nunes

O candidato do PSDB também voltou a citar suspeitas contra Ricardo Nunes, mas sem, como de costume, cravar que ele tenha envolvimento com os casos mencionados, como o aumento de contratações emergenciais sem licitação e a investigação que aponta para a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) em duas empresas de ônibus que prestam serviço de transporte público na capital paulista.

"Você acha que é possível acontecer fraudes, infiltrações do crime organizado sem que o prefeito saiba? Eu acho difícil o prefeito não saber de nada. Ele nunca sabe de nada", respondeu, ao ser questionado sobre qual evidência tinha da participação de Nunes no caso das empresas de ônibus. "Eu acho que esse cara pode ser no mínimo refém do PCC ou ter medo do PCC", acrescentou.

Datena se esquivou de problemas que sua campanha vem enfrentando. O principal deles é a falta de especialistas para responder pelas áreas do plano de governo. O PSDB não enviou representantes para falar sobre saúde e educação em sabatinas realizadas pela rádio CBN.

Quando o assunto foi habitação, o tucano escolhido foi na contramão de Datena ao defender a utilização de radares no trânsito. "Tem que falar com o chefe da campanha, não comigo", disse. "Se a nossa campanha não está indicando pessoas para participarem isso é antidemocrático e eu vou cobrar", continuou.

Tucano diz que não concorrerá ao Senado se for eleito

Datena também voltou atrás em uma declaração dada há seis dias. Na última terça-feira, 6, ele afirmou ao portal G1 que seu objetivo principal na política era ser senador. Questionado nesta quinta-feira ele disse que agora "não quer mais" e que pretende cumprir o mandato até o fim caso seja eleito prefeito.

Ele ainda reconheceu que aceitou ser vice de Tabata Amaral e disse que ela será uma política "brilhante". Datena argumenta que o acordo ruiu depois que a candidata pediu para ele se filiar ao PSDB. Já Tabata considera que houve traição do jornalista e dos tucanos.

Datena justificou ter um vice homem — o escolhido foi José Aníbal, presidente municipal do PSDB — pela falta de tempo para estudar o currículo de mulheres que poderiam ser uma opção, mas disse que uma eventual gestão terá participação feminina no primeiro escalão.

Inicialmente, o candidato evitou a se comprometer a garantir o aborto legal na rede municipal de saúde: "Eu acho que sobre aborto quem tem que falar é a mulher", mas depois disse que é "claro" que garantirá o procedimento, desde que nas hipóteses previstas em lei — gravidez decorrente de estupro, gestações que oferecem risco à vida da mãe ou casos em que os fetos são anencefálicos.

Uma das propostas de Datena é desapropriar terrenos e incentivar a construção de prédios populares para atacar o déficit habitacional de São Paulo. Em troca, as construtoras receberiam isenção de impostos, como IPTU, mas teriam a obrigação de contratar mão de obra local. Ele não soube informar o custo da medida.

Datena defendeu que o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, seja derrubado e no local sejam construídas o que ele chamou de "alternativas viárias", "possivelmente até um túnel". No entanto, abaixo do Minhocão já há um túnel onde passa a linha vermelha do Metrô.

O candidato a prefeito também se colocou contra a reeleição, em uma forma de criticar Ricardo Nunes. Embora não saiba dizer quanto a Prefeitura tem em caixa, o candidato tucano disse que vai devolver "tudo para o povo", ou seja, utilizará o recurso para executar políticas públicas. Ele também voltou a prometer que não irá aceitar indicações de vereadores para o comando das subprefeituras e que escolherá pessoas das próprias regiões para administrar os órgãos.

Estadão
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