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Debate para governador da BA: Rivais cobram ACM Neto por declarar-se pardo; ex-prefeito não recua

O ex-ministro João Roma chamou ACM Neto de 'afroconveniente'; candidato do União Brasil se defendeu dizendo que declarou ser pardo nas eleições de 2016, quando ainda não havia cotas para candidatos negros

28 set 2022 - 09h36
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Alvo de repercussão nacional, a autodeclaração racial de ACM Neto (União Brasil) como pardo ganhou destaque no último debate entre os candidatos ao governo da Bahia, transmitido nesta terça-feira, 27, pela TV Bahia, afiliada da Rede Globo.

O ex-ministro da Cidadania João Roma (PL) foi responsável por uma das críticas mais contundentes ao ex-aliado. Chamou o ex-prefeito de Salvador de "afroconveniente" e fez provocação ao perguntar se o adversário fez "bronzeamento artificial ou na laje" e se "está usando óleo de peroba ou óleo de urucum". "Nesses 20 anos de convivência, ele nunca me disse que era 'negão'", disse Roma, fazendo referência aos tempos em que era aliado de ACM.

Jerônimo Rodrigues (PT) lembrou que o Democratas, partido que antecedeu o União Brasil e o qual o ex-prefeito presidiu, ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar as cotas raciais. "Quero manifestar minha solidariedade ao povo negro da Bahia. Seu partido votou contra as cotas raciais e agora se utiliza disso", criticou.

Em resposta às críticas, ACM Neto se defendeu dizendo que declarou ser pardo nas eleições de 2016, quando ainda não havia cotas para candidatos negros, que passaram a valer neste ano. Apesar dos questionamentos, ele não recuou e reafirmou a autodeclaração. "Não me declarei pardo para me beneficiar de nada. Eu como prefeito de Salvador, implementei a política de cotas. Concurso público em Salvador tem cotas porque eu implementei", afirmou.

Kléber Rosa (PSOL) rebateu ACM e explicou que pardos são considerados negros no Brasil e que o ex-prefeito demonstra "ignorância" sobre a questão racial.

"O senhor deveria ler um pouco mais sobre relações raciais no Brasil, a luta da população negra em 500 anos. O senhor não tem constrangimento ao perceber que sua declaração virou piada nacional? É necessário refletir sobre isso e ter humildade de reconhecer e recuar sobre isso", afirmou.

"Pardo é negro. O senhor não pode dizer que é pardo e que não é negro. Isso só mostra sua ignorância. O senhor não sabe a diferença entre ser pardo e negro. Se declarar pardo é assumir a condição social de negro e estar dentro das políticas que beneficiam a população negra. O senhor deveria recuar. É o mais digno para você", cobrou Rosa, na fala mais contundente sobre raça no debate.

Estadão
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