Debate tem Covas como maior alvo e Russomanno combativo
Em queda, candidato do Republicanos troca ataques com Arthur do Val e Jilmar Tatto
Líder nas pesquisas de intenção de voto, o prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB) foi o alvo dos principais adversários no debate realizado pelo Estadão nesta terça-feira, 19. O encontro também foi marcado por embates de Celso Russomanno (Republicanos) com os demais concorrentes, como Arthur Do Val (Patriota), Guilherme Boulos (PSOL) e Jilmar Tatto (PT).
Na última pesquisa Ibope, Covas abriu 19 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, Boulos, que está em empate técnico com Russomanno e Márcio França (PSB). O tucano foi o principal alvo de críticas dos candidatos do PSB e do PSOL, que criticaram medidas da Prefeitura na área de saúde, meio ambiente e atendimento à população de rua. O debate teve a presença dos seis candidatos com as melhores colocações nas pesquisas.
França sugeriu que há uma "condescendência" da Prefeitura com a quantidade de moradores de rua, e promete que nomear apenas 1% dos cargos de confiança a que tem direito e, assim poupar dinheiro para investir em abrigos.
"Até parece que você entrou na política agora, você foi governador do Estado de São Paulo e não cortou os cargos comissionados", respondeu Covas. Ele disse que o oponente tinha de explicar obras paradas que teria deixado no governo estadual.
Já Boulos criticou o planejamento urbano e a política de cuidados com o meio ambiente da Prefeitura. "O seu governo e o do Doria estão totalmente atrasados nos planejamentos que foram feitos", disse Boulos. "São Paulo ainda está no século 19, no tempo dos aterros sanitários."
Russomanno e Arthur Do Val
Em queda constante nas últimas pesquisas, Russomanno trocou ataques acalorados principalmente com Arthur Do Val. Membro do MBL, o candidato do Patriota questionou Russomanno sobre gastos de seu gabinete na Câmara dos Deputados. "Por que o senhor gasta R$ 4 mil por mês com linha telefônica?", perguntou.
"Você era um bebê quando eu comecei a trabalhar com direito do consumidor", disse Russomanno, que justificou o gasto com o atendimento a pessoas que fazem reclamações por serviços prestados. Ao longo do debate, o candidato do Republicanos ainda disse que o oponente deveria "colocar o rabo entre as pernas" ao se dirigir a ele.
"Acho que deu para ver o nível dos candidatos", respondeu Do Val, já no fim do debate. Ele chegou sugerir que Russomanno teria tomado um "Red Bull" durante o intervalo e uma bronca do marqueteiro. "É água", respondeu Russomanno, fora do microfone.
Russomanno também protagonizou embate com o petista Jilmar Tatto e terminou acusado de "não gostar de pobres" quando discutiram sobre fiscalização do trânsito. O candidato do Republicanos acusou o adversário de ter criado a "indústria de radares" quando foi secretário de Transportes de Fernando Haddad e que Tatto "diminuiu a velocidade para multar as pessoas". Tatto disse achar que o rival "não acompanhou a administração do Haddad".
"Eu sei que o governo que o senhor apoia não se importa muito com essa coisa das pessoas serem acidentadas, morrerem. O que fizemos foi reduzir as velocidades para reduzir o número de acidentes e mortes", continuou o petista. Russomanno argumentou então que Tatto "acabou com a estrutura da CET". O ex-secretário rebateu: "O que eu posso falar pro Celso Russomanno... Ele não gosta de pobres. Quando a CET e a SPTrans fazem uma faixa de ônibus, ele não se importa com o coletivo."
Russomanno e Boulos tiveram um confronto indireto. Em uma pergunta sobre violência contra mulher, em que iria comentar a resposta com Márcio França, o candidato do Republicanos usou o tempo para se defender de acusações das quais tem sido alvo ao longo da campanha, em especial vindas do adversário do PSOL, de ter "humilhado uma caixa de supermercado".
A acusação é um vídeo do programa de TV de Russomanno em que ele tenta comprar palitos e papéis higiênicos avulsos. "Gostaria de falar sobre acusações de que humilhei uma caixa de supermercado. Quem foi humilhado foi uma criança de oito anos de idade. O Boulos sacou um pedacinho para dizer que eu estava humilhando o pequeno. Eu estava lidando com uma grande rede, o Carrefour", afirmou. Boulos, que não estava na vez de se manifestar, terminou não comentando o caso.