Declaração de Paulo Guedes sobre CPMF gera reação nas redes
Segundo levantamento da FGV, grupos pró-Bolsonaro e pró-Fernando Haddad seguem como os que mais apresentam interferência de robôs
A pouco mais de 15 dias do primeiro turno e com o debate sobre voto útil, uma das principais polêmicas do período, a declaração do economista que assessora Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes, sobre a possível recriação de um imposto nos moldes da CPMF, provocou reações controversas nas redes sociais e repercutiu também com outros candidatos, tornado-se o principal assunto econômico da semana nas redes sociais. Os dados fazem parte do levantamento da Diretoria de Análise de Políticas (Dapp) da Fundação Getulio Vargas (FGV), feito com exclusividade para o Estadão/Broadcast.
No período de 13 a 19 de setembro, também aumentou o porcentual de interações de robôs no debate sobre os presidenciáveis nas redes sociais, com predominância para os líderes das atuais pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). Os dois candidatos também tiveram, no período em análise, crescimento em seus grupos de apoio. Bolsonaro se mantém isolado na primeira posição do debate no Twitter, com 5,2 milhões de referências, seguido de Haddad com 1,4 milhão.
De acordo com o levantamento, as três noticias protagonizadas por cada presidenciável que mais se destacaram em número de interações no Facebook e no Twitter no período, entre curtidas, comentários e compartilhamentos, foram sobre o vídeo em que Bolsonaro chora e diz que as eleições podem ter fraude; sobre os eleitores de João Amoêdo (Novo), que estariam repensando os votos para Bolsonaro; e sobre o número de interrupções sofridas por Haddad no Jornal Nacional em comparação a outros candidatos.
Segundo a FGV, depois do expressivo impulso de publicações na última semana, as menções a Bolsonaro caíram 32% entre 13 e 19 de setembro, no Twitter. Mesmo assim, reitera que o candidato aparece 5,2 milhões de vezes na rede, o que o mantém isolado na primeira posição - Fernando Haddad, segundo mais mencionado, registra 1,4 milhão de referências, volume cerca de 120% maior do que o verificado nos sete dias anteriores, consolidando a tendência de crescimento do petista desde a confirmação de sua candidatura.
O levantamento mostra que as bases pró-Bolsonaro e pró-Fernando Haddad seguem como as que mais apresentam interferência de robôs. "À direita, contas automatizadas responderam por 17,8% dos retuítes do grupo favorável ao deputado federal do PSL; à esquerda, responderam por 13,2% das interações alinhadas à candidatura petista e, em menor escala, à candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL", diz a FGV.
Os dados apontam que, em comparação com as últimas duas semanas, dois movimentos importantes foram observados na organização dos grupos que interagem no Twitter, a base de apoio a Ciro Gomes (PDT) se juntou, desde quarta-feira, 12, ao grupo majoritário que discute eleições nas redes e rejeita Bolsonaro, impactado pela hashtag #elenão.
Marina Silva (Rede), que ainda não havia construído uma base específica de apoio no Twitter, diferentemente do que ocorreu com Ciro, esta semana o fez pela primeira vez. "Junto ao engajamento das hashtags #elenão, #elenunca e das demais contra Bolsonaro, perfis favoráveis a Marina mobilizaram a hashtag #elasim e construíram um núcleo organizado a partir de retuítes da conta @MarinaSilva", destaca a FGV.
Um outro elemento que dominou a semana nas redes sociais foi a sabatina de Haddad ao Jornal Nacional, sobretudo referências ao número de interrupções ao ex-prefeito, comparado ao dos demais entrevistados, nas perguntas feitas pela bancada do jornal e sobre o ex-presidente Lula. Além de menções à entrevista, também merecem nota as postagens que discutem os impactos do crescimento de Haddad nas pesquisas de intenção de voto para um eventual segundo turno com Bolsonaro, questionando quem teria mais chances de derrotar o deputado: ele ou Ciro Gomes.