Deputados derrubam vetos da governadora do Paraná sobre reajuste de servidores
Com votação expressiva, parlamentares imprimem nova derrota a Cida Borghetti, candidata à reeleição, ao aprovar a reposição da inflação para o salário do funcionalismo
Por ampla maioria, os deputados estaduais do Paraná derrubaram, nesta segunda-feira, 13, os vetos da governadora e candidata à reeleição nas eleições 2018 Cida Borghetti (PP), mantendo o reajuste de 2,76% - inflação do período de um ano -, ao salário do funcionalismo público ligado aos Poderes Legislativo e Judiciário, além de Defensoria Pública e Ministério Público. A governadora sugeria 1% de reposição salarial.
Apenas dois parlamentares se mantiveram ao lado da governadora: a filha dela, Maria Victoria (PP), e o líder do governo na Casa, deputado Pedro Lupion (DEM). Um parlamentar se absteve de votar, sete estavam ausentes na sessão, e outros 43 optaram pelo reajuste do funcionalismo no patamar inflacionário. Mais cedo, em evento eleitoral direcionado a líderes rurais, Cida já havia afirmado que iria liberar seus deputados na votação.
Há cerca de um mês, para "evitar disputas eleitorais", a governadora retirou da Casa a mensagem que dá o mesmo 1% de reajuste aos servidores do Poder Executivo, deixando a discussão sobre o patamar de reposição só para depois do pleito. A categoria reúne a maior parcela do funcionalismo, com cerca de 310 mil pessoas. Com a medida, até outubro, nenhum servidor público do Executivo deve ter o salário reajustado. O recuo e a derrubada dos vetos são vistos como derrotas para a governadora, que perdeu base de apoio na Assembleia.
Lupion admitiu dificuldade de articulação com a base governista, tendo em vista a proximidade das eleições e a "pressão" das categorias em torno de um reajuste maior. Durante a gestão Beto Richa (PSDB), da qual Cida era vice até abril, quando assumiu o cargo, dificilmente havia derrotas do governo na Casa. "O país passa por uma crise sem precedentes, existe uma dificuldade imensa da recomposição de caixa dos Estados e o Paraná não é diferente. [...] Agora vai ficar na consciência de cada parlamentar", disse o parlamentar sobre a derrota.
"Fator" Ratinho
A queda de braço dos parlamentares contra a governadora surgiu depois que a bancada do candidato ao governo nas eleições 2018 Ratinho Junior (PSD) se uniu à oposição da Casa em algumas votações. Apesar de sugerir o descongelamento da data-base dos servidores, o que não ocorria desde 2015, Cida vem afirmando que o Estado não tem condições de dar a reposição da inflação a todas as categorias. O impacto da derrubada dos vetos, segundo Lupion, será de R$ 180 milhões aos cofres públicos. "(Orçamento) que poderia ser utilizado em outras áreas", disse.
Quando retirou da Assembleia a mensagem que trata do reajuste dos servidores do Executivo, em julho, Cida classificou a queda de braço com os deputados como medida "eleitoreira".
Como pediu licença da Assembleia para se dedicar à campanha ao governo, Ratinho não participou da votação nesta segunda-feira. O líder do PSD na Assembleia, deputado Marcio Nunes, negou que a "debandada" do grupo da base do governo tenha cunho eleitoral. "Cada momento é um momento. O governo está demonstrando que tem estabilidade, tanto que está criando novas Secretarias, distribuindo cargos e recursos para prefeituras, então, se há recursos, os servidores públicos têm direito ao reajuste (da inflação)", cutucou.
Entre os tradicionais oposicionistas ao governo, Anibelli Neto (MDB) comemorou a formação de maioria a favor da derrubada dos vetos, com a junção ao grupo comandado por Ratinho, que reúne 17 parlamentares. "A população tem inteligência e capacidade para entender quem mudou de posição. Que bom que outros deputados se somaram a nossa causa", declarou.