Presidente dos Correios acusa Aécio de manchar empresa
Cúpula da estatal foi convocada para negar acusações de crime eleitoral; Correios estudará medidas cabíveis
Os Correios convocaram nesta quinta-feira toda a diretoria-executiva da estatal para rebater acusações do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, de um suposto favorecimento à candidata Dilma Rousseff em Minas Gerais. O presidente da estatal, Wagner Pinheiro Oliveira, chegou a mostrar números de correspondências entregues para o tucano e acusou a candidatura de oposição de tentar “manchar” a imagem da instituição.
“O trabalho dos Correios obedece critérios e não será afetado com acusações descabidas e injustas”, disse Oliveira, que prometeu estudar medidas judiciais cabíveis contra o candidato.
Questionado contrariava uma orientação da Advocacia Geral da União (AGU) ao dar uma entrevista para rebater um candidato, Oliveira negou. Ele ressaltou ter chamado a imprensa para defender um produto dos Correios que estava sendo atacado. “Respondi em defesa da instituição pública porque a candidatura está atacando a imagem institucional dos Correios e tentando manchar a imagem e a credibilidade que possuem sobre a população brasileira”, disse, irritado.
Ontem, o jornal O Estado de S. Paulo revelou um vídeo no qual o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG) atribui a alta aprovação de Dilma Rousseff em Minas Gerais ao “dedo forte dos petistas dos Correios”. O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, acusou a empresa de não entregar suas correspondências no Estado.
A entrevista coletiva do presidente nacional foi acompanhada por oito vice-presidentes da estatal, que não se manifestaram. Antes de responder perguntas limitadas pela assessoria, Oliveira fez uma apresentação de como os Correios entregam malas diretas com ou sem identificação de destinatário para campanhas eleitorais. Ele voltou a explicar que foram abertas exceções a candidatos para entregar as correspondências sem a chancela da estatal.
Os Correios registraram a entrega de correspondências de 1.852 remetentes, entre partidos, comitês e candidatos. Segundo os números, 107,5 milhões de cartas são entregues na modalidade sem endereço específico (76,87% do total, o que representa uma receita de R$ 19,3 milhões), enquanto 34,2 milhões são distribuídas com destinatários específicos (R$ 20,6 milhões da receita).
Em Minas Gerais, os Correios distribuíram 26 milhões de correspondências de mala direta sem endereço e outras 6,7 milhões especificadas, somando uma arrecadação de R$ 8,9 milhões. Nesse ponto da apresentação, o presidente dos Correios ressaltou 40% dos objetos entregues eram relacionados a candidaturas do PSDB. A empresa não detalhou as entregas feitas para outros partidos.
Os Correios atribuíram as reclamações de extravio a condomínios que não aceitam o recebimento de malas diretas não endereçadas ou problemas na contratação dos serviços.
Sobre a reunião com o deputado Durval Ângelo em Minas Gerais, da qual participou, o presidente dos Correios disse que há um núcleo de petistas que trabalham com petistas no Estado, que fazem campanha depois do expediente.
"Tenho tranquilidade de que não houve prática de crime eleitoral naquela reunião durante o período noturno", disse Walter Pinheiro Oliveira, que esclareceu ter pagado com seu próprio dinheiro as viagens para participar de compromissos de campanha.
Correios defendem postura de carteiro que entrega panfletos
O presidente nacional dos Correios disse que a postura do carteiro que foi gravado em um vídeo entregando panfletos da presidente Dilma Rousseff parece correta, mas que a estatal deve identifica-lo e apurar a conduta.
Em imagens publicadas no site YouTube, um carteiro de Osasco aparece entregando panfletos aparentemente sem identificação dos correios em residências, mas também repassa a correspondência para uma pessoa que está na calçada.
Para Wagner Pinheiro Oliveira, o carteiro deve ter presumido que aquela pessoa era residente em uma das casas da rua. “Pelo vídeo, me parece que ele está cumprindo o papel dele que é o da entrega de uma mala direta não endereçada”, disse. O produto dos correios permite a entrega de correspondências a um número de residências ou comércios sem especificação de destinatário.