Diretor da TV Cultura sobre arremesso do celular de deputado: "Afastar lacração"
Leão Serva agiu para defender a jornalista Vera Magalhães que era hostilizada pelo deputado estadual Douglas Garcia durante debate
Após tomar e arremessar o celular do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) durante debate para o governo de São Paulo na noite de terça-feira, 13, o diretor de jornalismo da TV Cultura, Leão Serva, disse que a atitude era a "única solução possível de afastá-lo da lacração".
O diretor de jornalismo agiu para defender a jornalista Vera Magalhães que era hostilizada pelo parlamentar.
"Ele [Douglas Garcia] visivelmente veio aqui com a intenção de, como eles gostam de falar, lacrar. Entendo que a única solução possível naquela hora era afastá-lo da lacração e, por isso, interrompi a gravação que ele estava fazendo", afirmou Serva em vídeo publicado nos stories do Instagram da TV Cultura.
O jornalista também disse que Garcia já tem uma prática de perseguição contra Vera há um tempo. Conforme contou, há dois anos, o deputado usou do seu mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para obter uma cópia do contrato de trabalho da jornalista e divulgou o salário anual como se fosse mensal.
Entenda o caso
Douglas Garcia abordou Vera Magalhães na saída do debate e afirmou que ela é "uma vergonha para o jornalismo brasileiro", proferindo acusações sobre a vida profissional da apresentadora.
Ele repetiu a fake news de que ela receberia R$ 500 mil por ano do governo de São Paulo para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL). Vera gravou a situação e ambos começaram a discutir. Em determinado momento, o diretor da emissora, Leão Serva, entrou na briga e arremessou o celular do deputado para longe.
Este senhor é deputado estadual bolsonarista em SP. Se chama Douglas Garcia. Veio me xingar, me agredir, enquanto eu estava sentada no debate. É assim que essas pessoas trAtam a imprensa pic.twitter.com/bIAmzhTnWO
— Vera Magalhães (@veramagalhaes) September 14, 2022
Nesta quarta-feira, 14, Garcia afirmou que não se arrepende de sua atitude e acredita não dever desculpas à jornalista, mas, sim, ao candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O parlamentar disse ter feito boletim de ocorrência contra Vera por calúnia, por ela ter usado o termo "agressão" para se referir ao ocorrido. Segundo Garcia, o que ele fez foi um "questionamento legítimo".
Vera publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que também vai registrar um boletim de ocorrência contra o deputado. "Essa violência já foi longe demais e não é tolerável na democracia", disse. "Eu não vou me intimidar diante desses ataques sistemáticos, institucionalizados, cada vez mais violentos".
A jornalista se tornou alvo dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro após questionar o chefe do Executivo, durante debate da Band TV de 28 de agosto, sobre a compra de vacinas contra a covid. Na ocasião, o presidente a hostilizou e disse que ela é uma "vergonha para o jornalismo".
*Com informações do Estadão Conteúdo