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Doria acirra disputa com França na corrida ao governo

Pré-candidato tucano entra com ação na qual acusa atual governador de uso da máquina; ambos têm apoio de Geraldo Alckmin (PSDB)

4 jun 2018 - 14h38
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Pré-candidato ao governo de São Paulo, o ex-prefeito da capital João Doria abriu uma ofensiva jurídica e política contra o governador Márcio França (PSB), que vai disputar a reeleição neste ano. O acirramento do embate preocupa o entorno do ex-governador Geraldo Alckmin, já que ambos são aliados do tucano e o apoiam na corrida pelo Palácio do Planalto.

O advogado da pré-campanha de Doria, Flávio Henrique Costa Pereira, entrou na semana passada com uma ação popular na Justiça contra França, acusando-o de uso da máquina e promoção pessoal em evento oficial, no dia 5 de maio em São José do Rio Preto. "Ele fez um discurso que teve tom eleitoral e depois divulgou um vídeo nas redes sociais do governo que parece peça publicitária", disse Pereira ao Estado.

Na ação, a primeira movida pela equipe de Doria contra França na Justiça, o advogado pede que o governador retire imediatamente das páginas do governo na internet o conteúdo do ato de Rio Preto e que pare de fazer discursos que promovam sua imagem ou atividade política em eventos públicos.

Aliados de Doria estão monitorando a movimentação de França e não descartam novas ações. A primeira delas foi no dia 24 de abril, quando o diretório estadual do PSDB, que é controlado por correligionários do ex-prefeito, protocolou representação no Ministério Público Estadual contra o governador por improbidade administrativa. A sigla pediu abertura de inquérito para apurar se França atrasou o repasse de recursos para o município de Ocauçu pelo fato de a prefeita ter se reunido com Doria.

"Avaliamos que Márcio França está usando a máquina do governo. Por isso estamos entrando com ações", disse o deputado estadual Marco Vinholi, líder do PSDB na Assembleia.

"Uma preocupação nossa é o Investe SP, que é único banco de fomento do País gerido por uma pasta política, a Secretaria de Planejamento, e não pela secretaria de Finanças", disse o líder tucano. Ele também acusa França de ter usado a estrutura do governo para promover um jantar político com deputados no Palácio dos Bandeirantes.

Ao Estado, França disse que todas as despesas dos jantares na residência oficial do Palácio foram pagas com recursos próprios, que as viagens oficiais seguem as normas e decretos em vigor e que seu discurso em Rio Preto foi correto e de orientação aos prefeitos da região sobre procedimentos em convênios com o governo do Estado previstos em lei.

"Esta estratégia de fazer acusações absurdas e mentirosas mostra o desespero de quem não consegue explicar à população de São Paulo o fato de ter abandonado a Prefeitura e traído seus eleitores", disse o governador. "Bom que estejam preocupados comigo. É nas urnas que vão ter que me enfrentar e, aí, não adianta mentir."

Expulsão. O grupo de Doria também fechou o cerco contra os tucanos próximos a França e está pressionando os secretários estaduais filiados ao partido a deixarem o governo. São eles: Saulo de Castro (Governo), Clodoaldo Perissioni (Transportes Metropolitanos) e João Carlos Meirelles (Energia). Também tucano, Marcos Monteiro, que foi tesoureiro da campanha de Alckmin em 2014, comanda a Investe SP.

O único expulso até agora foi o secretário de Educação, João Cury. Parte dos tucanos paulistas acham que os demais secretário devem receber o mesmo tratamento, mas a avaliação é que isso acentuaria a crise de confiança entre Alckmin e Doria.

Na última reunião da executiva paulista do PSDB, no início da semana, um dirigente da juventude tucana foi expulso do encontro por questionar o rito sumário de expulsão de Cury. "Deixaram claro que vão colocar para fora do partido quem não fizer campanha para o Doria. O clima ficou tenso e me expulsaram da reunião", disse Caio Fujita, da J-PSDB. Nos casos de prefeitos e dirigentes locais, a sigla pretende destituir quem for contrário a Doria e instalar comissões provisórias.

Estadão
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