Doria é alvo de rivais em debate ao governo de São Paulo
Operação Lava Jato e corrupção também são temas usados por candidatos ao governo nas eleições 2018
A Operação Lava Jato e casos de corrupção foram usados pelos candidatos a governador de São Paulo nos embates travados durante o primeiro debate das eleições 2018, realizado pela TV Bandeirantes na noite desta quinta-feira, 16.
O encontro durou pouco mais de duas horas e reuniu sete candidatos: Márcio França (PSB), Rodrigo Tavares (PRTB), Paulo Skaf (MDB), Marcelo Cândido (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Marinho (PT) e Lisete Arelaro (PSOL).
Durante todo o debate, Doria, representante do PSDB - partido que governou o Estado por quase 24 anos em seguidas gestões -, foi o mais provocado pelos adversários. No momento mais acalorado do evento, polarizou uma troca de ataques ácidos com o candidato do PT, Luiz Marinho.
O petista questionou Doria sobre o fato de ele ter renunciado ao cargo de prefeito da capital, afirmou que o tucano apresenta baixa avaliação em São Paulo (conforme a mais recente pesquisa Ibope, na capital, o ex-prefeito chegou a 52% de rejeição) e tentou associá-lo ao governo do presidente Michel Temer.
Na resposta, Doria questionou o petista sobre a ética na política e citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Lava Jato. "Quero lembrar que o senhor é réu lá em São Bernardo na construção de um museu que o senhor fez gastando milhões de reais em homenagem a Lula. Custou milhões e não ficou pronto. O senhor também recebeu (sic) delação premiada de executivos da Odebrecht, onde o senhor intermediou repasses de caixa 2 para seu partido, o PT", disse o tucano, que citou também supostos repasses da OAS em "um esquema de corrupção" para o ex-prefeito petista.
Marinho rebateu relacionando alvos de investigações que envolvem o PSDB. "Importante o senhor lembrar onde anda Denise Abreu (ex-diretora do Departamento de Iluminação Pública de São Paulo, alvo de investigação), onde anda Paulo Preto (Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, acusado de desvio de dinheiro público durante governos do PSDB), onde anda Laurence Lourenço Casagrande (ex-secretário de Geraldo Alckmin).
'Quero saber onde anda Lula? Preso em Curitiba', afirma Doria
"Candidato do PT, quero saber onde anda Lula? Preso em Curitiba e respondendo processo. E ficará preso por 12 anos. Onde anda Zé Dirceu? Com tornozeleira eletrônica", disse o tucano na tréplica.
Em suas considerações finais, Marinho voltou a atacar o rival tucano. "O Doria podia explicar as contas na Suíça do PSDB, podia explicar por que o Alckmin ontem (anteontem) entrou pelos fundos para prestar depoimento no Ministério Público, podia explicar as malas de dinheiro do Aécio (Neves), que foi presidente do seu partido."
Em sua vez, Doria protestou contra Marinho pelo que chamou de a "forma desrespeitosa" com que ele se referiu a Bia Doria, mulher do tucano, citada pelo petista. Doria ainda defendeu o candidato à Presidência de seu partido. "Não compare Geraldo Alckmin com Lula. Lula está preso e Geraldo Alckmin está fazendo uma grande campanha."
No bloco anterior, quando jornalistas faziam perguntas aos candidatos, o tucano e Márcio França protagonizaram embate sobre uma lei sancionada pelo governador que limita a caça do javali no Estado. O candidato do PSB disse que não proibiu a caça dos animais no Estado, já que a lei foi aprovada pela Assembleia Legislativa, e afirmou ser contrário a este tipo de abate. Doria disse que França teria mudado de posição. França foi para o ataque, afirmando que "quem muda de ideia constantemente" era o candidato tucano.
"Quarenta e três vezes você prometeu para mim e para todos os paulistanos que você cumpriria o seu mandato", disse ele.
Farinata entra no debate ao Governo
No primeiro bloco do debate, Doria - que contava com uma claque participativa no estúdio - precisou responder a críticas sobre a gestão tucana na área da segurança e foi provocado também sobre uma questão sensível de sua gestão na Prefeitura de São Paulo: a adoção da farinata - composto produzido a partir de alimentos próximos ao vencimento - na merenda de escolas municipais de São Paulo.
Doria foi questionado pelo candidato do PDT sobre a importância da segurança alimentar para a saúde pública da população. Após o tucano listar suas propostas, entre elas a aplicação no Estado do programa municipal Corujão da Saúde, Cândido lembrou da tentativa de adotar a farinata na merenda escolar, chamado pelo pedetista de "ração humana".
"A farinata era um projeto da Cúria Metropolitana de São Paulo, a mesma que a doutora Zilda Arns com muito brilho fez e realizou durante toda a sua vida enquanto esteve aqui entre nós", respondeu Doria, que outubro passado, ainda na cadeira de prefeito, desistiu do uso do composto após críticas de especialistas e de questionamento do Ministério Público Estadual.
No tema segurança, Skaf, Marinho e a candidata do PSOL criticaram a gestão da segurança pública no Estado. O ex-prefeito da capital prometeu "padrão Rota" nas forças de segurança, com "polícia na rua e bandido na cadeia". "O PSDB governa o Estado há 24 anos. Não fez nada disso nesses 24 anos. Será que vai fazer agora? A polícia não garante a segurança da população", reagiu o candidato petista.
'Faz parte', afirma Doria sobre ataques
Após o debate, Doria afirmou que já sabia que seria atacado pelos adversários. "Evidentemente todos os debates serão assim, seis atacando é um se defendendo. Faz parte. Nós lideramos as pesquisas, temos as melhores posições, as melhores propostas para o estado de São Paulo", afirmou.
Sobre Marinho, o ex-prefeito paulistano afirmou que contestava "a falta de respeito" com a menção pelo petista da esposa dele, Bia Doria. "Por isso que deixei claro ao final do debate que protesto em relação a essa forma de desrespeitosa de tratamento", afirmou.
Já o candidato do PT disse Doria "se esquece da vidraça dele" ao atacar outros políticos. "A tática do João sem Palavra não vai funcionar. Fica atacando os outros e esquece de olhar os roubos de casa. Esquece de falar do Aécio, esquece de falar do Alckmin, esquece de falar das contas na Suíça, do esquema de corrupção na iluminação pública de São Paulo no seu governo, onde até sua própria esposa está sendo chamada para prestar esclarecimentos. Não adianta ele ficar nervosinho, ele tem de se explicar, prestar contas à opinião pública", afirmou Marinho.