Doze coisas que você não viu no debate dos presidenciáveis
SBT promoveu o segundo debate entre os candidatos ao Palácio do Planalto; reportagem do Terra acompanhou in loco e conta o que não apareceu na TV
O segundo debate entre os candidatos à Presidência da República, transmitido nesta segunda-feira pelo SBT, foi marcado por embates diretos entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-senadora Marina Silva (PSB), respectivamente líder e vice-líder nas últimas pesquisas de intenção de votos. O evento, com cerca de uma hora e meia de duração, foi realizado pelo SBT na sede da emissora, em Osasco (Grande São Paulo), em parceria com o jornal Folha de S.Paulo, o portal UOL e a rádio Jovem Pan.
Apesar dos confrontos diretos entre Dilma, Marina e, mais eventualmente, o senador Aécio Neves (PSDB), quem arrancou mais reações das plateias – a de dentro do estúdio, com convidados, militantes e candidatos, e a de fora, com jornalistas e assessores – foram os candidatos dito nanicos, com menos pontos nas sondagens eleitorais, mas afiados no discurso.
Além de Dilma, Marina e Aécio, participaram do debate Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (PSOL) e Levy Fidélix (PRTB).
A reportagem do Terra acompanhou essas reações e outros aspectos curiosos do debate que não foram exibidos nas imagens oficiais. Veja abaixo.
Van, carro e helicóptero
Os três principais candidatos – ou seja, os três mais bem colocados nas pesquisas – foram os últimos a chegar ao SBT. Marina Silva foi de van e desembarcou com uma dezena de assessores; Dilma Rousseff foi de helicóptero; já Aécio Neves, o último a chegar aos estúdios, foi de carro, ocupando o banco do passageiro, ao lado do motorista. Nenhum deles falou com a imprensa, e apenas Dilma acenou com um “tchauzinho”.
Salão de beleza
A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff levou Celso Kamura, seu cabeleireiro oficial, para os estúdios do SBT. Kamura, que é responsável pelo cabelo e pela maquiagem de Dilma desde as eleições de 2010, acompanhou a presidente ao lado de toda a comitiva petista, que incluía o marqueteiro João Santana e o presidente nacional do partido, Rui Falcão.
Otávio Mesquita
O SBT escalou o apresentador Otávio Mesquita para recepcionar os candidatos na entrada dos estúdios. No final do debate, o apresentador fez questão de mostrar aos jornalistas uma “selfie” que havia tirado com a presidente. “Mandei para a minha mulher”, disse Mesquita. Antes do início do debate, o apresentador já havia dito que a presidente estava “perfumada”.
Eduardo Jorge “trolla” jornalista
Ao explicar o que significava a frase “Segunda sem Carne”, estampada na camiseta que vestia ao chegar ao SBT, o candidato Eduardo Jorge disse que se tratava de uma campanha mundial idealizada por Paul McCartney e Yoko Ono. Falando dos malefícios do consumo de carne para o organismo, aproveitou para “trollar” um repórter do jornal O Globo, sugerindo que ele estava acima do peso. “Isso faz muito mal para a sua saúde. Você está precisando (reduzir o consumo de carne)”, disse o candidato do PV.
Amuleto tucano
Preocupado com o desempenho de Aécio Neves nas pesquisas de intenção de voto, o presidente estadual do partido em São Paulo, Duarte Nogueira, apelou para simpatias para ter sorte e foi ao debate com uma gravata na qual havia o desenho de uma ferradura. “Sempre uso em momentos difíceis”, disse Nogueira. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Aécio aparece com 15% das intenções de voto segundo o Datafolha, contra 34% de Dilma e Marina.
Aécio de escanteio
Deixado de lado em um debate polarizado pelas candidatas Dilma e Marina, o tucano Aécio Neves disse que “compreende” a estratégia adotada pela presidente, que preferiu confrontar a candidata do PSB, com quem está empatada nas pesquisas. “Eu acho que é uma estratégia e temos que compreendê-la. É uma estratégia da candidata”, afirmou. Aécio também negou que sua campanha esteja cogitando apoio a Marina. “Pretendo estar no segundo turno”.
Eduardo Jorge fica sem pedestal
Nanico nas pesquisas, gigante no tamanho. Mais alto entre os presidenciáveis, Eduardo Jorge (PV) foi o único entre os candidatos a ter dispensado o apoio de um pequeno pedestal, por trás da bancada, para ficar no mesmo nível que os colegas. Em tamanhos menores ou maiores, todos os demais usaram.
“Estrupo” da língua
Nem tão nanico assim nas pesquisas – aparece em quarto lugar nas intenções de voto –, Pastor Everaldo (PSC) foi outro a ‘mexer’ com a plateia de fora após derrapar no português. Indagado por Marina, ainda no primeiro de quatro blocos, sobre saneamento básico, o pastor enveredou pelo tema da segurança pública e mandou um sonoro “delinquentes que estrupam” (sic). Repetiu o feito de Paulo Skaf (PMDB) e Gilberto Natalini (PV), que participaram, semana passada, do debate entre os candidatos ao governo de São Paulo na mesma emissora. Skaf e Natalini feriram a língua com “estrupadores”.
Plateia lado-B
Eduardo Jorge, Luciana Genro e Levy Fidélix foram, de longe, os candidatos que mais empolgaram a plateia não oficial do debate dos presidenciáveis – aquela composta por jornalistas e assessores das campanhas que ficaram de fora do estúdio. Luciana chamou Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva de “os três irmãos siameses”, duas vezes, ao citar semelhanças entre as políticas econômicas do trio. Arrancou risos.
“Não tenho nada a ver com isso”
Já Eduardo Jorge tirou não risos, mas gargalhadas da plateia de fora ao comentar com um “Eu não tenho nada a ver com isso” a resposta de Levy ao jornalista Kennedy Alencar – que perguntara ao candidato do PRTB se siglas como a dele atuavam como “legendas de aluguel”, em “dobradinhas” com siglas maiores. “Isso é o típico ponto fora da curva, não tem nada a ver, e é típico também de perseguição aos ditos partidos ideológicos pequenos”, respondeu Levy ao jornalista, a quem classificou como “típico representante dessa mídia vendida”. Mais risos.
Levy solta o verbo
Depois do debate, Levy disse que sua crítica não se aplica à “mídia como um todo”, mas reclamou da pergunta e afirmou que “não se pode ridicularizar as pessoas”. “Ele agiu a mando de alguém. Ele sim foi língua de trapo, ele sim foi língua de aluguel”, encerrou.
Papai Noel fora de hora
Na saída do estúdio onde foi realizado o debate, uma cena curiosa: a candidata do PSOL, Luciana Genro, falava com os jornalistas sobre os “três irmãos siameses” que concorrem com o que ela chama de “mesmo modelo de política econômica” quando uma voz mais alta que a dela berrava a plenos pulmões: “Feliz Natal! Feliz Natal!”. Era o apresentador Raul Gil, que, ao notar que Luciana tinha os microfones para si, ficou sem jeito. “Xi, ela tava falando, né?”