Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Articulação de Beto Albuquerque garantiu vaga de vice

20 ago 2014 - 08h56
(atualizado às 09h01)
Compartilhar
Exibir comentários
Beto divulgou nesta quarta em seu perfil no Facebook uma imagem em que aparece ao lado de Eduardo Campos e Marina Silva
Beto divulgou nesta quarta em seu perfil no Facebook uma imagem em que aparece ao lado de Eduardo Campos e Marina Silva
Foto: Reprodução / Facebook

A costura para que o líder da bancada do PSB na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque, fosse alçado à condição de vice na chapa presidencial encabeçada por Marina Silva começou tão logo os socialistas ‘acordaram’ do choque decorrente da morte de Eduardo Campos. Articuladas pelo próprio Beto, que além de líder da bancada é um dos vice-presidentes nacionais do partido e presidente do diretório gaúcho, as negociações internas entre membros da executiva e parlamentares foram acontecendo ao mesmo tempo em que o partido discutia a entrega do posto principal à Marina.

Um dia após o acidente de Campos, o nome de Beto já passava a ser ventilado, principalmente por meio de conversas “em off” de socialistas com jornalistas. No sábado, o nome do gaúcho estava consolidado. Os outros possíveis candidatos entre parlamentares de maior peso não tinham o mesmo interesse pela vaga.

A deputada Luiza Erundina, de São Paulo, além de ser um segundo nome feminino na chapa, tem a reeleição praticamente garantida. O senador Rodrigo Rollemberg disputa o governo do Distrito Federal e o partido considera que há chances concretas de alcançar o segundo turno. O deputado mineiro Júlio Delgado sofria restrições internas por já ter pertencido ao PMDB e ao PPS.

Já Beto, filiado ao PSB desde 1986, no RS disputava o Senado em uma eleição polarizada por dois outros concorrentes (o pedetista Lasier Martins e o petista Olívio Dutra). Quando o socialista decidiu pela candidatura, sob a justificativa de que ela ajudaria a campanha de Campos no Estado, Lasier Martins despontava isolado na liderança e a avaliação geral era de que um concorrente conhecido (Beto foi o segundo deputado federal mais votado no RS em 2010) tinha muitos votos para abocanhar. Quando Olívio, ex-governador, entrou na corrida, porém, os socialistas passaram a considerar a eleição de Beto praticamente impossível.

Nestes últimos dias, o argumento de que “havia ido para o sacrifício no RS em nome do projeto presidencial” foi fartamente utilizado pelo deputado e seus apoiadores. Além de deixar claro que pretendia “lutar” pela vaga de vice, Beto lembrou o fato de ter sido “um dos primeiros a abraçar a candidatura de Eduardo Campos”.

O fato de exercer o quarto mandato, ter sua história política sempre vinculada ao partido, possuir voz na bancada e trânsito entre integrantes de outras siglas fez o pleito crescer. O PSB não ter outra liderança da envergadura de Campos também ajudou. Por fim, Beto disse que serviria como “ponto de equilíbrio” em relação à Marina. Internamente, assegurou que será um vice com maior poder decisório que a média, de forma a lembrar a cabeça de chapa de que  representa o PSB.

Na segunda-feira, ainda restava passar pelos socialistas pernambucanos, detentores de 20% das cadeiras do diretório nacional, e que relutavam em entregar a vaga a Beto. Parte do partido em Pernambuco continuava a defender que o vice viesse de suas fileiras, mesmo que Renata Campos rejeitasse a empreitada.

Beto e seus partidários usaram novos argumentos. “A substituição não poderia ser tratada como um prêmio a um Estado”, resumiu o deputado federal gaúcho José Stédile. O líder da bancada informou a seus pares que, mantido o impasse, apesar de lamentar o desgaste, levaria a escolha para o voto. Os socialistas se convenceram de que o melhor seria evitar disputas públicas. Na terça, antes mesmo do prazo previsto, o PSB formalizou o nome de Beto.

 

Ocupação de espaços marca trajetória do vice

O vice da chapa de Marina Silva tem 51 anos e é da cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde começou sua trajetória política. Em 1990 se elegeu deputado estadual, reeleito em 1994. À Câmara, chegou em 1998. Naquele mesmo ano se licenciou do mandato para assumir a Secretaria dos Transportes no governo do então aliado Olívio Dutra (PT). No início dos anos 2000, reclamando de falta de espaço, os socialistas se afastaram dos petistas.

A reaproximação aconteceu em 2010, quando o PSB voltou a compor com o PT, indicando o vice na chapa encabeçada por Tarso Genro na eleição para o governo. Antes de reativar a aliança, Beto tentou se lançar candidato ao governo com apoio do PP (ele é sobrinho e afilhado do progressista Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura), mas não obteve sucesso.

Tarso ganhou a eleição no primeiro turno e Beto foi indicado secretário da Infraestrutura. A gestão à frente da pasta foi marcada pelos desentendimentos com João Victor Domingues, então secretário de Assessoramento Superior do governador e, em menor medida, com o então chefe da Casa Civil, Carlos Pestana.

Em novembro de 2012, quando de fato existia pressão nacional do partido para que Beto retornasse à Câmara em função dos desfalques provocados na bancada pelas eleições municipais, também haviam se tornado insustentáveis as divergências com os petistas no RS. Beto deixou a secretaria e voltou para a Câmara, movimento que também marcou a aproximação com Eduardo Campos.

O PSB gaúcho permaneceu no governo Tarso até setembro do ano passado. Após a saída, adotou inicialmente postura de neutralidade, mas logo se definiu com oposição. Durante as tratativas para esta campanha de 2014, Beto novamente tentou se unir ao PP. A ideia era compor uma chapa com a senadora Ana Amélia Lemos (candidata ao governo), garantindo o palanque para Campos em solo gaúcho. Mas as diferenças entre os progressistas e a Rede Sustentabilidade inviabilizaram a aliança. Então sob a ameaça concreta de não conseguir um palanque para Campos, o partido fechou uma coligação com o PMDB, ficando com a vaga ao Senado na chapa.

Internamente, a ala liderada por Beto Albuquerque está no comando do PSB gaúcho há mais de uma década. Em 2011, na última eleição, um grupo de descontentes que questionava falta de transparência nas contas partidárias e critérios para indicação de cargos se apresentou como alternativa. A crise foi estancada com a composição de uma executiva mista.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade