Eleições 2022: 5 tabus que Bolsonaro e Lula enfrentarão no 2º turno
Jair Bolsonaro nunca perdeu uma eleição, mas nunca houve uma virada no segundo turno à presidência; veja detalhes desses e outros números das eleições
Pela sétima vez na história, as eleições presidenciais do Brasil serão definidas no segundo turno. A Constituição prevê que, para vencer em primeiro turno, um candidato deve receber pelo menos metade dos votos mais um.
Postulante à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) recebeu 51 milhões de votos (43,2% do total), 6 milhões a menos que Lula (PT), que recebeu 57,2 milhões de votos (48,4% do total) e ficou a 1,8 milhão de vencer no primeiro turno.
Apenas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso venceu as eleições presidenciais em primeiro turno. Isso ocorreu duas vezes, em 1994 e na reeleição em 1998.
Na corrida para vencer a disputa eleitoral de 2022, Bolsonaro e Lula vão enfrentar uma série de tabus. Entre eles, o de que nunca houve uma virada no segundo turno do pleito à cadeira presidencial.
Por outro lado, Bolsonaro tem ao lado dele o retrospecto de nunca ter perdido uma eleição desde a primeira que disputou, em 1988.
A BBC News Brasil listou alguns desses tabus.
1) Nunca houve virada entre turnos na disputa presidencial
A Constituição de 1988 prevê que, para que um candidato à presidência vença as eleições em primeiro turno, é necessário que ele receba mais da metade dos votos (50% mais um). Caso isso não ocorra, a eleição é decidida em um segundo turno entre os dois candidatos mais votados.
Porém, desde a redemocratização, as posições dos dois melhores colocados no primeiro turno nunca sofreram alterações no segundo. Quem chegou mais próximo desse feito foi Aécio Neves, que ficou atrás de Dilma Rousseff no primeiro turno em 2014 e, no segundo, ficou apenas três pontos percentuais atrás dela.
Nas duas vezes em que Lula foi eleito presidente, ele venceu no segundo turno. Na primeira, em 2002, registrou 46% dos votos no primeiro turno contra José Serra, e 61% no segundo.
Na reeleição, o petista registrou no primeiro turno 48,6% dos votos (apenas 0,2 ponto percentual a mais que em 2022) contra Geraldo Alckmin, hoje candidato a vice na chapa dele. No segundo turno, o petista registrou 60,8% dos votos.
2) Bolsonaro nunca perdeu uma eleição
Assim que saiu o resultado do primeiro turno das eleições deste ano, Bolsonaro disse em uma entrevista coletiva a jornalistas no Palácio do Planalto: "Nunca perdi uma eleição e não será agora".
O presidente da República começou a carreira política como vereador no Rio de Janeiro, em 1998, e, desde então, nunca perdeu um pleito.
Em 1990, dois anos depois de ingressar na política como vereador, Bolsonaro foi eleito para o primeiro de sete mandatos consecutivos como deputado federal, pelo Rio de Janeiro.
Em 2018, ele chegou à presidência da República após vencer Fernando Haddad (hoje candidato ao governo de São Paulo pelo PT), com 55% dos votos (57,7 milhões).
3) Nenhum presidente jamais perdeu sua reeleição
Desde o fim da Ditadura, os três presidentes da República que tentaram concorrer a um segundo mandato foram reeleitos.
Fernando Henrique foi o primeiro, reeleito em 1998 pelo PSDB. O segundo foi Lula, em 2006, e Dilma Rousseff, em 2014, ambos pelo PT.
Se Jair Bolsonaro não se eleger no segundo turno, será algo inédito nas eleições brasileiras.
4) Menor diferença entre candidatos no segundo turno
Esta é a eleição que registrou a menor diferença entre os dois candidatos à presidência que foram para o segundo turno.
A mais próxima até então tinha sido nas eleições de 2006, quando Lula registrou 48,61% dos votos contra 41,64% de Geraldo Alckmin. No segundo turno daquele ano, o petista venceu a corrida à presidência com 60,83% dos votos contra 39,17% do concorrente.
A diferença de apenas 5,2 pontos percentuais entre Lula e Bolsonaro é vista por especialistas como mais uma demonstração da polarização no país e deixa ainda mais acirrada a disputa para o segundo turno.
5) PT com pelo menos 40% dos votos em disputa no segundo turno
Um levantamento feito pelo jornalista Fernando Torres, do jornal Valor Econômico, aponta que, nas cinco vezes em que o Partido dos Trabalhadores chegou ao segundo turno da Presidência, obteve pelo menos mais 40% dos votos restantes em disputa.
Caso isso se repita neste segundo turno, de acordo com o levantamento, o ex-presidente Lula receberá os votos necessários para ocupar o cargo mais alto da República pela terceira vez. Isso porque o balanço apontou que Lula precisaria receber 19% dos votos dos eleitores que não escolheram entre ele ou Jair Bolsonaro no primeiro turno, sem perder os que já tinham votado nele.
O estudo aponta que Jair Bolsonaro teria que conquistar 81% dos votos dados aos demais candidatos no primeiro turno.