Eleitores de Boulos falam em 'tristeza e orgulho' e defendem 'luta' após reeleição de Nunes: 'Pequena tragédia'
Apoiadores do psolista acompanharam a apuração dos votos na Casa de Portugal, na Liberdade, na tarde deste domingo, 27
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A derrota de Guilherme Boulos (PSOL) diante de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo provocou uma 'mistura de sentimentos', como tristeza e orgulho, entre apoiadores do psolista que acompanhavam a apuração dos votos do segundo turno na Casa de Portugal, na Liberdade, na tarde deste domingo, 27.
- A partir das 17h, o Terra fará a apuração em tempo real do segundo turno das eleições 2024. Fique ligado!
A Casa estava lotada de apoiadores, que, apesar de tensos e esperançosos no início, se mantinham mais contidos, sem a habitual agitação com bandeiras e gritos de alegria. À medida que a apuração avançava, a esperança dava lugar a um silêncio frustrado entre os presentes.
Quando Boulos subiu ao palco para discursar após a derrota, ele preferiu se posicionar em meio ao povo, provocando uma reação de exaltação: gritos em coro e aplausos irromperam pelo salão. Mas, com o fim do discurso, vários foram vistos chorando e se abraçando, e o sentimento final era de frustração, misturado a uma aceitação relutante e uma esperança ainda latente.
Entre os eleitores ouvidos pelo Terra, o sentimento predominante era de descontentamento, ainda que houvesse, inicialmente, uma certa expectativa de reviravolta no resultado. A professora Leda Nasi, de 44 anos, repercutiu a fala do psolista e afirmou que 'a luta continua'. "Acho que agora, mais do que nunca, a gente tem que estar firme e forte para fiscalizar esse prefeito eleito".
Sobre a eleição de Nunes, a professora descreveu como uma 'pequena tragédia' e pede que a população se mantenha atenta na fiscalização. Ela destaca, ainda, que uma presença maior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha poderia proporcionar outro resultado na eleição.
"Senti falta do Lula, se ele estivesse mais presente o resultado poderia ser diferente, mas em relação ao Boulos e a conduta da campanha, achei que foi bem pelo lado limpo", afirmou.
À reportagem, o jornalista Gabriel Casoni pontuou que havia dificuldade em relação à eleição de Boulos diante do que era mostrado nas pesquisas, que denotavam vantagem de Ricardo Nunes. Porém, Casoni avaliou que o psolista teve boa votação em razão das dificuldades que enfrentou na campanha.
"A gente viu no primeiro turno [o candidato Pablo] Marçal [PRTB] acusando o Boulos com laudo médico falso. Hoje, o [governador de São Paulo], Tarcísio [de Freitas], no dia da eleição, acusou Boulos de ter o apoio do PCC. Boulos enfrentou uma campanha de fake news, mentira absurda, acho que ele fez uma campanha corajosa, forte. Claro que a gente fica triste, mas de cabeça erguida, acho que ele é uma nova liderança de esquerda e fez uma votação importante", disse o jornalista.
Para Casoni, a eleição em São Paulo acompanhou uma tendência nacional, em que a esquerda encarou dificuldade de eleger representantes em detrimento da direita: "De maneira geral a campanha foi acertada, acho que depois tem que avaliar, mas no segundo turno o Boulos assumiu uma campanha mais vibrante, eu gostei bastante. Nacionalmente, a esquerda teve uma eleição difícil e não foi diferente na cidade de São Paulo".
Já a aposentada Célia Leal, de 70 anos, também se disse triste com a derrota, mas que os apoiadores não devem desistir: "Eu acredito num Brasil melhor, pode levar 100 anos, esses canalhas um dia vão se dar mal. Estou triste, mas feliz porque cumpri meu papel, eu não desisti da campanha".
A campanha de Boulos, para Célia, 'foi uma das coisas mais bonitas' que a aposentada viu, afirmou ao Terra. "Eu vi a alegria, comparando com aquela coisa 'carrancuda' que a direita traz, foi uma campanha belíssima, ele não desistiu. Me lembrou a [ex-prefeita de São Paulo Luiza] Erundina, quando ela pegava um caminhão e saia para conversar com o povo".
Para a aposentada, o momento é de 'luta contra a direita', ato contínuo à eleição: "A gente não pode desistir nunca, o bolsonarismo 'tá' aí vivo, talvez na figura de outras pessoas. Temos que ficar batendo, conquistando, explicando para os jovens, estamos vivendo um momento de fake news, então a gente tem que reaprender esse momento porque é muito perigoso. Os próximos quatro anos são de virada".
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