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Em artigo, FHC diz que Brasil tem 'condições revolucionárias'

Ex-presidente afirma que crise econômica e polarização política são riscos para a democracia, mas termina dizendo que a saída é atender as principais demandas dos cidadãos

7 jun 2018 - 21h02
(atualizado em 22/6/2018 às 12h25)
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SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou um artigo no jornal americano The Washington Post em que diz que o Brasil tem reunido "condições revolucionárias" nos últimos tempos. Segundo ele, a soma de crise econômica, polarização política e descrença da população estabelecem grandes riscos para as eleições de outubro.

Para evitar uma "regressão", o ex-presidente defende a convergência de líderes capazes de preencher o que chama de lacuna entre sociedade e política. Segundo o texto, publicado na quarta-feira, 6, essa seria a única forma de reconstruir a confiança no País. "Ou o Brasil se unirá a outras democracias em desintegração, como a Venezuela, que abraçaram falsos profetas e demagogos que persuadem a população que a única solução para a crise está na relação direta de um homem forte com as massas".

Caso isso ocorra, afirma o texto, a democracia, a liberdade e os interesses públicos estarão em risco. Ele diz ainda que o País tem uma série de problemas estruturais, como a necessidade de integração maior à rede global de produção e comércio. "Grande parte do dinamismo econômico do Brasil nas últimas décadas veio do aprofundamento e expansão do mercado interno. Mas falta capacidade de exportar bens manufaturados", escreveu.

Além desses problemas, o ex-presidente criticou a política econômica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, e da ex-presidente Dilma Rousseff, que teriam realizado gastos fiscais de maneira "imprudente". Diz também que o sistema político brasileiro vive uma crise moral e que as investigações da Justiça têm mostrado grandes redes de corrupção entre governo, partidos e empresas.

Dentro desse contexto, o ex-presidente lembra que nenhuma revolução ocorreu no Brasil, mas diz que o País hoje testemunha condições revolucionárias. "Os vingadores estão se preparando para cortar as cabeças e são aplaudidos pela população. Se a história é um guia, o fim do jogo tende a ser a chegada de um líder carismático, salvador ou um homem forte que vem para acabar com a anarquia", diz.

Segundo Fernando Henrique, esses são os grandes riscos das próximas eleições, mas há uma saída. "Uma visão comum do futuro é a única mensagem que pode unir a sociedade. As demandas sociais estão ligadas às necessidades básicas das pessoas: a busca por empregos, a luta contra a desigualdade e as queixas sobre a incapacidade do Estado de prover segurança, moradia, transporte, saúde e, acima de tudo, educação", afirmou.

Para ele, o risco de regressão coexiste com a perspectiva de renovação. "Há, portanto, razão para a esperança - se encontrarmos a vontade política de transformar nossas instituições em sincronia com as aspirações públicas".

Estadão
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