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Em meio à troca de acusações, Lula foca em pandemia; Bolsonaro em corrupção

Primeiro debate presidencial do segundo turno aconteceu na noite deste domingo, 16

16 out 2022 - 22h22
(atualizado às 23h44)
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O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), durante o debate do segundo turno realizado pelo Grupo Bandeirantes, em parceria com a TV Cultura, o portal UOL e o jornal Folha de S. Paulo, nos estúdios da Band em São Paulo, na noite deste domingo (16)
O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), durante o debate do segundo turno realizado pelo Grupo Bandeirantes, em parceria com a TV Cultura, o portal UOL e o jornal Folha de S. Paulo, nos estúdios da Band em São Paulo, na noite deste domingo (16)
Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

O primeiro debate presidencial do segundo turno, que aconteceu na noite deste domingo, 16, foi marcado por trocas de acusações entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Enquanto o petista focou na gestão da pandemia, compra de vacinas e tratamento precoce, o presidente voltou a relembrar casos emblemáticos de corrupção durante as gestões de Lula e do PT. 

O clima foi bem mais ameno do que o debate da Globo, realizado no dia 29 de setembro. Os candidatos trocaram várias farpas, mas não elevaram o tom em nenhum momento. O uso das ironias dominou os ataques. 

O formato do debate também contribuiu para o embate fosse mais fluido e tranquilo. Lula soube aproveitar as regras, circulou bem pelo espaço e falou diversas vezes diretamente para as câmeras em uma tentativa de esconder o adversário. Já Bolsonaro começou a fazer uso do recurso a partir do 3º bloco e chegou até a tocar no petista durante uma resposta sobre casos de corrupção no governo do rival. 

Gestão da pandemia

Um dos pontos mais tocados por Lula para atacar o rival foi a gestão da pandemia de Covid-19. O petista afirmou que Bolsonaro "brincou com a pandemia e com a morte", ao citar o atraso na compra das vacinas, as falas polêmicas do presidente sobre os doentes, bem como o incentivo do rival à população para o uso de um tratamento precoce sem comprovação científica. 

"O senhor não se sente responsável, não carrega nas costas um pouco do sofrimento dos brasileiros, das 400 mil mortes do país?", disparou o petista ao longo do debate, quando o assunto pandemia veio à tona. Bolsonaro se defendeu afirmando que, em 2020, não havia nenhum país aplicando qualquer vacina contra a Covid-19. "No mês seguinte [à suposta primeira aplicação] estávamos vacinando [...] Quem quis tomar vacina, tomou", disse.

O tom subiu e o petista criticou arduamente a gestão de Bolsonaro na pandemia. "A verdade é que o senhor não cuidou, debochou, riu, dizia que não tomava vacina, que quem tomava vacina, virava jacaré, que virava homossexual. O senhor gozou das pessoas morrendo afogadas por falta de oxigênio em Manaus", apontou Lula. "Não tem na história de nenhum governo no mundo, alguém que brincou com a pandemia e com a morte como você brincou", criticou. 

Após ser criticado sobre supostamente não ter se sensibilizado com a morte dos brasileiros na pandemia, Bolsonaro acusou Lula de fazer "discurso em cima do caixão da esposa e está se comovendo pela sogra", que faleceu de Covid-19.

Tratamento precoce

O petista também citou a hidroxicloroquina, remédio sem eficácia comprovada que foi amplamente defendida por Bolsonaro ao longo da pandemia. "Você virou vendedor de um remédio que não servia para nada, remédio que a ciência negou o tempo inteiro", atacou.

Em sua defesa, Bolsonaro disse que foi contra o protocolo do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que indicava que os infectados ou suspeitos da doença ficassem em isolamento social e só procurassem unidades de saúde em caso de falta de ar. "Fiquei indignado com isso", disse.

Sobre a cloroquina, o candidato à reeleição voltou a defender o tratamento precoce. "A questão do tratamento precoce, tendo ou não comprovação científica, que era algo inédito no mundo todo, tirou a autonomia do médico. A história mostrará quem está com a razão", rebateu. 

Corrupção e Petrolão

A principal linha de ataque de Bolsonaro foi a corrupção. Segundo o presidente, ao destacar as denúncias de desvio de recursos na Petrobras ao longo dos governos do PT, Lula foi "uma vergonha nacional". 

"Você entregou para partidos políticos diretorias da Petrobras, fez um leilão em troca de apoio no parlamento, botava gente indicada por grupos partidários e o pessoal entrava para saquear. E você, com os votos caindo para aprovar propostas, você se refestelava", acusou Bolsonaro.

Ao se defender, Lula citou os decretos de sigilo de 100 anos impostos às informações do atual presidente. "Se houve corrupção na Petrobras, prendeu-se o ladrão que roubou, acabou. Prendeu porque houve investigação, porque no nosso governo nada era escondido. A gente não tinha sigilo do filho, da filha, do cartão de crédito, das casas, nada. Era o Portal da Transparência e a Lei de Acesso à Informação."

Ligação com facção criminosa

Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu vídeos que vinculavam Lula ao criminoso. Ainda assim, Bolsonaro voltou a abordar o assunto e disse que os governos do PT não transferiram Marcola, chefe da facção criminosa PCC, deixando subtendido uma parceria entre o partido e a facção criminosa. "Não fez isso por amizade ou por um grande acordo?", questionou.

Lula se defendeu e relatou que não era responsável por transferência de presos, mas que construiu 5 presídios de segurança máxima. O petista também aproveitou o direito de fala para alfinetar o adversário e insinuou que Bolsonaro tem ligações com milicianos.

Em um contra-ataque, Bolsonaro disse que Lula tem "amizade" com bandidos e ressaltou que o adversário foi votado por 4 a cada 5 encarcerados. O petista, portanto, destacou o número de votos conquistados no primeiro turno e sua vantagem em relação ao rival.

Meninas venezuelanas

A recente polêmica em torno de uma fala de Jair Bolsonaro durante uma entrevista, nesta semana, não passou despercebida no debate, mesmo que Lula não tenha tocado no assunto. O candidato à reeleição disse que, em certa ocasião em que já era presidente, "pintou um clima" com meninas venezuelanas, que teriam "14 ou 15 anos". Ele sugeriu, na mesma conversa, que elas estivessem em situação de exploração sexual. 

Desta vez, porém, quem trouxe o assunto à tona foi o próprio Bolsonaro, que usou o espaço para se defender das acusações de pedofilia. "Me acusou de pedofilia, tentando me atingir naquilo que eu tenho de mais sagrado, a defesa da família brasileira e das crianças", começou.

Ele incluiu em sua fala, também, a recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral que removeu as propagandas do PT que levavam o trecho da entrevista. Na decisão, o TSE diz que houve divulgação de um fato “sabidamente inverídico, com grave descontextualização e aparente finalidade de vincular a figura do candidato ao cometimento de crime sexual”. 

Um detalhe chamou atenção na vestimenta de Lula: o petista estava com um broche em alusão à Campanha Nacional de Mobilização de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. A campanha tem como slogan: "Faça bonito, proteja nossas crianças e adolescentes", e o símbolo é uma flor amarela. 

Considerações finais

Fonte: Redação Terra
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