Ex-presidentes do PT pedem retirada de apoio a aliado de Bolsonaro em Belford Roxo
Na sexta-feira, diretório nacional do partido aprovou aliança com Waguinho (MDB); caso é pano de fundo para disputa por poder dentro da sigla
Seis ex-presidentes do PT assinaram nesta segunda-feira, 10, uma carta à atual presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, na qual pedem que a direção partidária retifique o apoio à reeleição do prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro, o Waguinho (MDB), apoiador do presidente Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira, 7, o diretório nacional do partido aprovou a aliança com Waguinho por 29 votos a 25 e 11 abstenções. O patrono da aliança é o ex-prefeito de Maricá e ex-presidente estadual do PT do Rio, Washington Quaquá, hoje um dos vice-presidentes nacionais da legenda.
Assinam a carta os ex-presidentes do partido José Dirceu, Olivio Dutra, José Genoino, Tarso Genro, Rui Falcão e Ricardo Berzoini. Alguns deles estiveram durante décadas em campos opostos nas disputas internas do PT.
"As resoluções de nosso VII Congresso e da direção partidária são inequívocas: nenhuma aliança pode ser estabelecida com o neofascismo, com os partidos e candidatos que o representam em qualquer espaço do território nacional. O PT deve ser exemplo de coerência e firmeza, por todo o país, refutando qualquer concessão na batalha que trava nosso povo contra o autoritarismo", dizem os ex-presidentes petistas.
O texto deve ser apreciado na reunião do diretório nacional da próxima segunda-feira e deve esquentar ainda mais o clima na cúpula do PT.
Também nesta segunda-feira o professor de história Valter Pomar, líder da minoritária Articulação de Esquerda, publicou um texto no qual chama Quaquá de ¨intelectual orgânico¨ e faz duras críticas ao dirigente.
Segundo líderes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), o caso de Belford Roxo é apenas o pano de fundo para uma disputa maior que inclui a tentativa de um grupo liderado por Dirceu de reduzir o poder da tendência na direção partidária.
Com apoio de um setor da CNB, Gleisi conseguiu excluir seus adversários da executiva nacional do PT que, na prática, é a instância que toma as decisões no partido.
A expectativa é sobre como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se posicionar na disputa. Ele é da CNB e tem Gleisi como aliada mas tem reclamado dos rumos do partido. Antes da reunião do diretório nacional, na segunda-feira, as comissões eleitoral e a executiva se reúnem na quinta e sexta-feira, respectivamente. Alguns dirigentes avaliam que a depender do resultado a disputa pode influenciar até no mapa de candidaturas do PT para a eleição municipal de novembro.