Fuad Noman é reeleito prefeito de Belo Horizonte
Pessedista teve 53,76% dos votos válidos e continuará à frente da Prefeitura; ele disputava o 2º turno com Bruno Engler (PL)
Fuad Noman (PSD) foi reeleito prefeito de Belo Horizonte neste domingo, 27. O pessedista disputou o segundo turno das eleições municipais com o deputado estadual Bruno Engler (PL).
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O resultado foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por volta das 19h10, quando 96,07,% das urnas já haviam sido apuradas. Foi a última capital do Pais a ter o resultado anunciado. Com 100% das urnas apuradas, Fuad foi reeleito com 53,73% dos votos válidos, enquanto Engler teve 46,27% na capital mineira.
Ao longo da campanha para o segundo turno, as pesquisas eleitorais projetavam vitória do atual prefeito. Na pesquisa Quaest, divulgada na véspera da eleição, Fuad liderava a disputa com 52% dos votos válidos. Engler aparecia com 48%.
Campanha em Belo Horizonte
No último dia 6, primeiro turno das eleições, após 100% das urnas apuradas, Fuad ficou em segundo lugar com 26,54% dos votos válidos (336.442 votos). Já Engler foi o candidato mais votado no pleito, alcançando 34,38% (435.853 votos). Eles disputaram a Prefeitura de Belo Horizonte com outros oito candidatos.
A campanha no segundo turno foi marcada pela busca de apoios, debates e decisão judicial sobre fake news em redes sociais. O horário eleitoral em Belo Horizonte ganhou mais um dia por causa de um direito de resposta concedido para Fuad depois que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) – aliado de Engler – publicou um vídeo com informações falsas que associava um livro que o prefeito escreveu com o crime de pedofilia.
As imagens também foram postadas nas redes de Engler, mas a Justiça Eleitoral determinou sua retirada. Além disso, ficou estabelecido dez inserções para Fuad nas rádios, o que estendeu o horário político na capital mineira até o sábado, 26, enquanto no resto do País, a propaganda em rádios e TVs se encerrou na sexta-feira, 25.
Outro destaques da campanha no segundo turno foi o não comparecimento do prefeito no debate realizado pela rede Band Minas no último dia 14. A emissora é o veículo de comunicação que tem a tradição de iniciar a agenda de debates das eleições. Fuad justificou a ausência pela falta de agenda e para não ter que abrir mão de compromissos da prefeitura. Com isso, o debate virou uma entrevista com o seu adversário, Engler, que criticou a postura do prefeito.
Fuad também não esteve presente em vários debates do primeiro turno e foi bastante criticado pelos rivais. No segundo turno, o candidato afirmou que só participaria de dois debates: o da rádio Itatiaia e o da TV Globo. “Tem debate demais”, disse o prefeito durante uma visita à Santa Casa da cidade.
Durante a campanha para o segundo turno, as características das candidaturas de Fuad e Engler continuaram bastante parecidas com o que já foi visto no primeiro turno e, para conquistar a maioria do eleitorado, eles miraram em eleitores que optaram por outras candidaturas anteriormente.
O atual prefeito, em busca de reeleição, adotou um comportamento mais neutro e disse que pretendia manter sua campanha longe da polarização política. “Desde o primeiro momento, me posicionei como um candidato sem padrinhos políticos [...] Neste momento, é razoável que as forças se unam, mas eu continuo dizendo que o meu partido é Belo Horizonte”, afirmou o prefeito em sabatina realizada por Uol/Folha.
Fuad foi o nome que contou com mais apoios no segundo turno. Além do PSD e União Brasil, partido do vice da chapa, Álvaro Damião, continuaram com Fuad as siglas que já o apoiaram no primeiro turno: Solidariedade, PRD, Agir, Avante e a federação formada por Cidadania e PSDB.
Ele ainda foi apoiado por candidatos da esquerda. Duda Salabert (PDT) divulgou uma nota em apoio ao prefeito como forma de “vencer a ultradireita”. Rogério Correia (PT) também declarou apoio publicamente a Fuad. O PV, PSOL e a Rede foram outros partidos que ficaram ao lado do prefeito na disputa para o segundo turno.
O prefeito também ganhou na campanha do segundo turno o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora isso só tenha ocorrido nesta etapa, nos bastidores, desde o primeiro turno, Lula queria que o PT abrisse mão de candidatura própria e apoiasse o prefeito para vencer o bolsonarismo. No entanto, os petistas de Minas Gerais optaram por lançar Rogério Correia – que ficou em sexto lugar na eleição do primeiro turno.
Além de vencer o bolsonarismo, Lula tem como foco a busca do apoio do PSD, de Gilberto Kassab, para sua reeleição em 2026. Minas Gerais é um Estado essencial para o pleito e tem sido um indicativo de quem será o chefe do Executivo. A última vez que um candidato se tornou presidente sem ganhar por lá, por exemplo, foi há mais de 70 anos, em 1950. Além disso, atualmente, o PSD é o partido que tem maioria no Senado e mais prefeitos pelo Brasil, o que pode ser decisivo na eleição presidencial.
Ao final do primeiro turno, o PSD, sigla de Fuad, conseguiu eleger 140 prefeitos no Estado, que podem apoiar Lula na próxima eleição para presidente se Kassab ficar ao lado do petista. Além disso, Lula teria espaço no palanque de Rodrigo Pacheco (PSD), que atualmente é presidente do Senado, mas pode se candidatar ao governo mineiro em 2026.
Outra união que chamou a atenção durante este segundo turno em Belo Horizonte foi a de PSDB e PT em torno de uma candidatura à Prefeitura da cidade. A última vez que isso havia acontecido foi em um pleito há 16 anos, em 2008, quando as duas siglas se juntaram para apoiar Marcio Lacerda, que conseguiu ser eleito. Nas eleições municipais de 2024, porém, o PSDB não lançou candidato próprio para a Prefeitura, já o PT tinha lançado Correia, que não chegou ao segundo turno.
Já Engler focou sua campanha apostando na força do seu partido e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No pleito, o deputado estadual se posicionou entre os líderes com um discurso bolsonarista e tentou polarizar a disputa. Ao longo da campanha do segundo turno, o candidato recebeu um forte apoio da direita para tentar garantir a vitória na cidade mineira.
Em apoio à candidatura, Bolsonaro inclusive esteve presente em Belo Horizonte no dia 19 de outubro. O ex-chefe do Executivo fez uma motocarreata na cidade ao lado de Engler. Até a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro compareceu ao evento. Antes do ato, Bolsonaro também se reuniu com o candidato e outros deputados federais e estaduais bolsonaristas.
O candidato do PL também teve ao seu lado durante a campanha outros nomes fortes do conservadorismo, como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e o deputado federal Nikolas Ferreira. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi outro político que declarou apoio a Engler e disse que o candidato tinha uma “proposta mais semelhante” à dele.
Engler ainda contou com o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em vídeo publicado nas redes sociais na última semana de campanha, o governador disse que ia “compartilhar experiências” com Engler para ajudá-lo no comando de Belo Horizonte, caso fosse eleito. Segundo Tarcísio, a capital mineira precisa de renovação. O Republicanos Minas também confirmou apoio a Engler.
Embora o Republicanos tenha ficado ao lado do candidato do PL no segundo turno, o seu candidato para prefeito, Mauro Tramonte (Republicanos), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, decidiu por ficar neutro na disputa entre Engler e Fuad. Já o quarto colocado na primeira etapa, Gabriel Azevedo (MDB), não anunciou seu posicionamento.
Política em Belo Horizonte
Ao longo dos últimos anos, assim como em outros locais do Brasil, o eleitor mineiro tem apostado na direita. A disputa foi se deslocando da esquerda/centro-esquerda para a centro-direita/extrema-direita – que é o que foi visto no segundo turno das eleições 2024 em Belo Horizonte, com PSD e PL. Em terceiro lugar no primeiro turno, por exemplo, também esteve outro candidato conservador: Mauro Tramonte. A esquerda só foi aparecer a partir do quinto lugar entre os candidatos mais votados.
Analisando os últimos 20 anos, de 2001 a 2008, foi o PT quem comandou a capital mineira. Nesse período, o prefeito de Belo Horizonte foi Fernando Pimentel. Já de 2009 a 2016, Marcio Lacerda, do PSB – partido de centro-esquerda – foi quem esteve à frente da Prefeitura. No entanto, de 2017 até o momento, foi a centro-direita que ganhou na cidade. Alexandre Kalil (PSD) ficou de 2017 a março de 2022. Na sequência, Fuad Noman (PSD) assumiu após a renúncia de Kalil.
Nas eleições de 2024, 41 vereadores também foram eleitos para tomarem posse em 1º de janeiro de 2025 na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Os partidos com a maior bancada serão PL e PT, com 6 e 4 vereadores eleitos, respectivamente. O vereador mais votado foi Pablo Almeida, do PL, ex-assessor parlamentar de Nikolas Ferreira. Com 39.960 votos, ele se tornou o vereador mais votado da história de Belo Horizonte. O deputado federal foi o principal apoiador de Almeida.
A nova configuração é diferente da atual, em que MDB e Republicanos têm a maioria, com cinco vereadores cada. Os dois partidos perderam representação e agora só contam com dois e três vereadores, respectivamente. A nova configuração não fortalece o prefeito Fuad, que deve contar com vinte parlamentares junto a ele, menos que hoje, mas ainda é metade do quórum. O PSD, seu próprio partido, só conseguiu eleger três parlamentares. Outros partidos da base também recuaram.
Veja como ficou a novo composição:
Sobre Fuad Noman
O atual prefeito Fuad Jorge Noman Filho, de 77 anos, é natural de Belo Horizonte. Foi eleito vice em 2020, na chapa de Alexandre Kalil (PSD), que renunciou ao cargo para concorrer ao governo do Estado, em 2022. Com isso, Fuad assumiu a Prefeitura da capital mineira.
Formado em Ciências Econômicas, foi nomeado secretário-executivo da Casa Civil em 1996, durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso. Em 2003, foi secretário da Fazenda de Minas Gerais. Já em 2007, foi secretário da pasta de Transporte e Obras Públicas do Estado. Em 2011, Fuad presidiu a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig). Ele é filiado ao PSD desde 2020.
O vice-prefeito de Belo Horizonte é Álvaro Damião (União Brasil).