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Gesto de Musk similar a ato nazista gera debate na Alemanha

21 jan 2025 - 08h15
(atualizado às 10h09)
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Em evento da posse de Trump, bilionário da tecnologia esticou a mão, em aceno semelhante à saudação de Hitler. Organização que combate o antissemitismo descartou associação.A imprensa alemã debateu nesta terça-feira (21/01) o gesto polêmico feito pelo bilionário da tecnologia Elon Musk durante a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, na segunda-feira.

Musk fez gesto na Capital One Arena, em evento de posse de Donald Trump
Musk fez gesto na Capital One Arena, em evento de posse de Donald Trump
Foto: DW / Deutsche Welle

Na ocasião, o dono do X discursou no evento, agradeceu aos apoiadores do republicano, colocou a mão direita sobre o coração e rapidamente a estendeu para cima, o que foi tomado por muitos como uma saudação nazista.

"Meu coração está com vocês", disse, antes de repetir o aceno uma segunda vez.

Na Alemanha, fazer um gesto com o braço direito estendido com a palma da mão voltada para baixo é proibido, e a ação pode gerar multa ou até cinco anos de prisão — principalmente, mas não somente, se acompanhada das palavras "Heil Hitler" ("Salve Hitler") ou "Sieg Heil" ("salve a vitória"). A lei também considera como equivalente as saudações que forem "confusamente semelhantes" aos símbolos nazistas.

"Gesto semelhante à saudação de Hitler"

Veículos alemães como o Sueddeutsche Zeitung e o Frankfurter Allgemeine escreveram que Musk, que é conselheiro próximo de Trump, "causou alvoroço" ao realizar um "gesto semelhante à saudação de Hitler".

A versão online do programa alemão Tagesschau, da emissora pública ARD, destacou que o grupo de direitos civis Anti-Defamation League (ADL), que luta contra o antissemitismo, não considerou o "gesto polêmico" do bilionário como algo vinculado ao nazismo.

"Parece que Elon Musk fez um gesto desajeitado em um momento de entusiasmo, não uma saudação nazista, mas, novamente, entendemos que as pessoas estão nervosas", escreveu no X.

Já o canal alemão ZFD afirmou que o gesto de Musk causou "irritação e especulação" nas redes sociais. O texto destaca que, durante a apresentação, o dono da Tesla também atraiu a atenção ao dizer que a eleição de Trump havia "garantido o futuro da civilização" e ao chamar o retorno do republicano ao X de "o retorno do rei". Trump havia sido banido do Twitter, antiga versão da plataforma, antes de ser adquirida por Musk.

O jornal Bild descarta a associação do gesto de Musk ao nazismo. "Musk realmente estica o braço direito para cima por uma fração de segundo. O que, especialmente na imagem estática isolada, pode pelo menos ser interpretado como uma sugestão de uma saudação a Hitler", diz o texto.

"No entanto, todo o movimento não se encaixa na teoria de forma alguma: ele agarra o coração na frente dele e simboliza um movimento de jogar fora com um claro movimento do quadril. O que fala a favor da metáfora de 'jogar o coração'", completa o texto sobre a frase dita por Musk no momento do gesto.

"Ataque está batido", diz Musk

Musk se manifestou nesta terça-feira sobre a polêmica e disse que seus opositores precisam de "truques sujos melhores" para atacá-lo. "O ataque de 'todo mundo é Hitler' está batido", escreveu Musk em sua plataforma X.

Ele já havia atraído a atenção da opinião pública alemã ao fazer campanha para o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD). A sigla tem diretórios classificados como "organização extremista de direita" pelo Departamento de Proteção da Constituição do Estado alemão.

Em 9 de janeiro, o bilionário participou de uma live com a candidata à chanceler federal pelo partido, Alice Weidel. Na ocasião, a líder da AfD alegou falsamente que regime nazista de Adolf Hitler seria de esquerda, tese que já foi amplamente refutada por especialistas.

Saudação é crime na Alemanha

O parágrafo 86a do Código Penal alemão diz que "será punido com pena de prisão de até três anos ou multa" quem "divulga ou utiliza publicamente, numa reunião ou num conteúdo compartilhado [...] símbolos" de partidos políticos ou organizações considerados inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional Federal do país, como nazistas e neonazistas.

Esses símbolos incluem "cumprimentos nazistas", como a saudação hitlerista. O Código Penal alemão também proíbe negar publicamente o Holocausto e divulgar propaganda nazista.

Os crimes cometidos com o uso da saudação nazista também costumam ser considerados incitação ao ódio que pode ser punida com prisão por três meses até cinco anos.

As leis da Alemanha sobre incitação ao ódio e negação do Holocausto são fortemente enraizadas em sua história e identidade nacional, fruto das memórias ligadas às atrocidades da ditadura nazista de Adolf Hitler e contrastando fortemente com as de países como os Estados Unidos, onde a Constituição limita o papel do governo na restrição da liberdade de expressão.

Como surgiu a saudação nazista?

A saudação nazista teve origem na Roma antiga e foi incorporada ao culto à personalidade de Adolf Hitler na época do nazismo. Em 1922, o ditador italiano Benito Mussolini transformou o gesto em decreto, determinando como os italianos precisavam saudar uns aos outros.

Em 1925, Hitler disseminou o gesto entre seus seguidores e acabou transformando-o em obrigação entre os membros do seu Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP).

Mesmo que ainda não fosse lei, o gesto acabou se tornando o padrão entre os alemães em poucos meses, como forma de mostrar conformidade com o regime nazista. A partir de 1933, quando Hitler ascendeu ao poder, surgiram os primeiros decretos sobre o uso obrigatório da saudação.

gq/md (DPA, AFP, DW, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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