Candidato, massagista da Série D se diz caçado por moralismo
Esquerdinha se tornou conhecido em 2013 por invadir gramado e evitar um gol de time de MG; afastado do futebol, ele diz ter sido punido com mais rigor que "um cara drogado, um jogador pego por doping"
Romildo Fonseca da Silva, o Esquerdinha, ficou conhecido de maneira um tanto quanto questionável em 2013. Em 7 de setembro, durante o jogo entre Tupi (MG) e Aparecidense (GO) pelas oitavas de final da Série D do Campeonato Brasileiro, Esquerdinha – o massagista da equipe goiana – invadiu o gramado do Estádio Mário Helênio, em Juiz de Fora, e evitou um gol do time da casa. O lance manteve o placar em 2 a 2, que classificaria o clube de Aparecida de Goiás, mas acabou provocando a eliminação do próprio clube.
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Menos de um ano depois, Esquerdinha está de volta às manchetes, mas não esportivas. Em 2014, Romildo Fonseca da Silva é candidato a deputado estadual em Goiás pelo Partido Republicano da Ordem Social (Pros). Motivado, segundo ele, pela “aceitação do povo de Goiás”, o polêmico massagista se lança com a proposta de implantar escolas técnicas de período integral “em cada escola de Goiás”, com aulas, refeições e treinamento esportivo.
“A minha plataforma é a seguinte: escolas técnicas profissionalizantes. Obrigar o governo do Estado a fazer, em vários municípios de Goiás, integrado com a formação do atleta. Se a criança, o jovem, entra de manhã na escola, ela tem café da manhã, pratica esporte na parte da manhã, e à tarde ela tem um curso técnico profissionalizante. Toma café, almoça e janta. Isso é serviço do governo, do executivo. Se eu for eleito, vou brigar por esse projeto na Assembleia Legislativa. Em cada município de Goiás”, disse ao Terra.
O massagista de 43 anos explica que a repercussão do lance na Série D de 2013 acabou atrapalhando sua carreira no futebol. Suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por 24 jogos, Esquerdinha ainda não trabalhou em 2014, e nem mesmo conseguiu se transferir para outros clubes. Segundo ele, a “falsa impressão de moralismo” acabou colocando-o em um papel de bode expiatório às vésperas da Copa do Mundo.
“Se não fosse véspera de ano de Copa do Mundo, com toda a certeza do mundo ia ter outro jogo”, diz o massagista, referindo-se à possibilidade da remarcação do jogo após a polêmica, o que não aconteceu. “Mas como era ano de Copa do Mundo, aí tem aquela falsa impressão de moralismo, de que ia moralizar (o futebol) pela Copa do Mundo, me puniram com essa suspensão de 24 jogos. Se não tivesse Copa do Mundo nesse ano posterior, com certeza o julgamento ia ser outro. Eu seria considerado um corpo neutro, como se fosse um cachorro que tivesse passado lá. Juntou Fifa, CBF, pegou tudo em cima... Eu fui considerado mais que um cara drogado, um jogador pego por doping. Podiam me dar 12 a 24 jogos. Foi pior que usar droga”, completou.
Afastado do futebol, Esquerdinha dedica seu segundo semestre à campanha política. Nas negociações com outros clubes, a suspensão em decorrência do lance da Série D de 2014 acabou impedindo-o de acertar com outros times. E até mesmo quem se dispôs a trabalhar com ele diante da pena acabou desistindo – desta vez, por causa da política.
“O time (Aparecidense) é pequeno e está parado no momento, não se classificou para a Série D. Agora, vai se apresentar só dia 2 de janeiro. Devido a minha suspensão de 24 jogos no Campeonato Brasileiro, houve interesse de outros clubes em me contratar, ai sabia da pena e desistia de contratar. Teve um time aqui que me contratou às 17h e me demitiu 19h - um dos diretores do time também era candidato a deputado estadual, e eles disseram que eu ia tirar votos dele”, comentou, sem citar o nome do “rival”.