Bolsonaro e Haddad marcam nova polarização nas eleições
Petista se isolou na 2ª posição da disputa pelo Planalto, mostrou pesquisa divulgada terça, 18; militar lidera com 28%
Para a diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, os números da pesquisa de intenção de voto divulgada nesta terça, 18, mostram que os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) estão se consolidando como uma nova polarização na disputa eleitoral. Em sua avaliação, o voto anti-petista, que nas últimas quatro eleições foi representado por candidatos do PSDB, agora passa a ser personificado pelo militar da reserva.
"Bolsonaro e Haddad são hoje os que apresentam a maior firmeza de votos. Seus eleitores afirmam em maior proporção, comparado aos demais, que é uma decisão definitiva. Os outros têm uma fluidez maior", disse Márcia nesta quarta, 19, em entrevista à Rádio Eldorado. Bolsonaro é quem tem o maior porcentual de eleitores que dizem que não mudarão de voto: 53%. Haddad, 45%. "Mas temos que monitorar. Nesta eleição, todo dia tem um fato novo. O eleitor tem decidido seu voto mais tarde, esperando até o último minuto."
Para Márcia, o crescimento de Haddad era esperado. Em sua primeira semana como candidato oficial do PT em substituição à candidatura barrada de Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava-Jato, o ex-prefeito de São Paulo saltou de 8% das intenções de voto para 19%. "Nas pesquisas em que o nome de Lula era testado, quando seu nome não aparecia, havia um contingente que não sabia em quem votar", disse Márcia. "Sabíamos que quando Haddad fosse oficialmente apresentado, haveria crescimento."
A diretora afirmou que os números não permitam que se fale em uma tendência de crescimento ou baixa na rejeição a Bolsonaro, que oscilou de 41% para 42% em uma semana. "O patamar de rejeição vem se mantendo entre 40% a 44%, portanto não se fala em tendência. Haddad cresceu de 23% para 29%. À medida em que a imagem dele vai sendo construída, isso pode aumentar a rejeição dele."
Márcia diz que a disputa eleitoral ainda não permite falar em um "teto" de intenções de voto, tanto em Bolsonaro quanto em Haddad. "É cedo para falar do crescimento total de Haddad e Bolsonaro. Vem caindo o número de brancos e nulos, então acho que ainda tem espaço de movimentação para os dois candidatos. Ainda não dá para falar em teto."
A diretora destacou que o clima das eleições 2018 é de "desesperança", ainda que o eleitor faça suas escolhas de olho no futuro. "O clima desta eleição é de desesperança. As pessoas não estão tão otimistas, apesar de que querem que suas escolhas sejam as melhores para a resolução dos problemas. O eleitor sempre olha para o futuro."