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"Jantar de derrotados", diz Doria sobre encontro de tucanos

Em entrevista à Rádio Eldorado, governador paulista disse ainda que o "PSDB é maior do que cinco pessoas" e que é preciso assimilar derrotas

9 fev 2022 - 09h55
(atualizado às 10h25)
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Doria durante entrevista à Reuters, em São Paulo
 20/4/ 2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Doria durante entrevista à Reuters, em São Paulo 20/4/ 2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

O governador paulista João Doria (PSDB) classificou o encontro ocorrido nesta terça, 8, em Brasília, com representantes da ala tucana contrária à escolha de seu nome como pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB como um "jantar de derrotados". Em entrevista à Rádio Eldorado na manhã desta quarta, 9, Doria ainda afirmou que o "PSDB é maior do que cinco pessoas". Caciques da legenda como o deputado Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE), o ex-senador José Aníbal (SP) e até mesmo o governador Eduardo Leite (RS), derrotado nas prévias ano passado, se reuniram na casa do ex-ministro Pimenta da Veiga para debater alternativas ao nome de Doria, que segue estagnado nas pesquisas, como o apoio a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

"Foi um jantar de derrotados, com todo respeito. Todos eles foram derrotados nas prévias. Eu entendo que na vida pública, e também na vida privada, você tem que compreender vitórias e derrotas. Eu tive, circunstancialmente, uma vitória nas prévias do PSDB, mas tive a grandeza de cumprimentar o Eduardo Leite e todos aqueles que o apoiaram de maneira educada. Não me parece que cinco pessoas sentadas num jantar possam representar o PSDB. O PSDB é maior do que 5 pessoas que ali representavam derrotados", disse.

O governador ressaltou que venceu o processo de escolha interna do partido com o apoio de políticos com mandatos, como deputados, senadores e prefeitos, mas também com o apoio de filiados. "É preciso ter grandeza na vitória e na derrota. Esse é um ensinamento da vida. Não vou fazer oposição ou maiores considerações de um jantar de cinco pessoas que entendem que uma derrota nao deve ser assimilada. O correto e a forma nobre é você somar forças em torno de um partido que é maior do que essas cinco pessoas que jantaram em Brasília."

Segundo Doria, a população brasileira ainda não está preocupada com a eleição deste ano. Segundo ele, isso deve ocorrer apenas em agosto, com as candidaturas oficializadas e a campanha na rua. "As pesquisas de agora são meros retratos pontuais e circunstanciais que não refletem uma realidade que será sim apontada pela população mais próxima do processo eleitoral. As pessoas agora estão preocupadas com a sua saúde, com o seu emprego, com seu salário e com comida no prato. Não estão preocupadas com eleição."

Nova rodada da pesquisa Genial/Quaest de intenção de voto para a disputa presidencial de 2022 divulgada nesta quarta mostra um cenário ainda desafiador para a chamada "terceira via". Em diferentes cenários da pesquisa estimulada, Lula (PT) aparece com 45% a 47%, seguido por Jair Bolsonaro (PL), que tem 23% a 26%. Moro e Ciro registraram 7% a 9% das intenções de voto. André Janones (Avante) e João Doria (PSDB) registraram 2% a 3%. Simone Tebet (MDB), 1%. Rodrigo Pacheco (PSD) e Felipe d'Avila (Novo) não pontuaram.

Questionado como pretende mudar seu baixo patamar de intenção de votos, Doria mostrou-se resiliente e disse que isso irá acontecer quando ele puder se dedicar de fato à pré-campanha, a partir de abril. "Fazendo campanha, dialogando com a população, fazendo debate, fazendo aquilo que uma campanha prevê. É preciso ter tenacidade, determinação, capacidade de dialogar e apresentar um bom governo. O governo de São Paulo é um governo honesto, transformador e até os ferrenhos adversários reconhecem isso. Um governo que cuidou da pobreza e da saúde, que trouxe a vacina, que fez as reformas administrativas e fiscal e a reforma previdenciária. Um governo que trata bem as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, e que não rouba o dinheiro público."

Chapa Lula-Alckmin

Apesar de se negar inicialmente a comentar a eventual chapa Lula-Alckmin, o governador discorreu sobre a possibilidade com um tom de lamento e incompreensão. Distantes desde a campanha presidencial de 2018, na qual Doria se elegeu para comandar o Estado com o bordão "Bolsodoria", o tucano afirmou que "não perdeu o respeito por Alckmin (que o lançou em 2016), mas que se "entristece" de sua atual posição política.

"Lamento a posição do ex-governador de São Paulo, por quem eu não perdi o respeito, mesmo com essa decisão de estar vinculado ao Lula. Alguém que ele mesmo combateu ao longo de 33 anos como um bom homem público no PSDB. Me entristece o fato de ele estar ao lado de Lula. Eu estarei do outro lado e, como candidato, combaterei Lula e todos que estiverem ao lado dele", disse.

Doria disse ser incompreensível que alguém que tenha contribuído para roubar o dinheiro público, que usou a frase: 'Os fins justificam os meios', desejar voltar ao poder para comandar novamente a Petrobras. Ainda que Lula tenha feito política para os mais humildes, para mim os fins não justificam os meios." /COLABOROU NATÁLIA SANTOS

Estadão
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