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Lula critica Lava Jato, admite corrupção na Petrobras e aponta erros de Dilma

Em entrevista no Jornal Nacional, o ex-presidente afirmou que terá um mandato melhor

25 ago 2022 - 20h56
(atualizado às 23h11)
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Lula em entrevista ao Jornal Nacional
Lula em entrevista ao Jornal Nacional
Foto: Reprodução/TV Globo

Em entrevista ao Jornal Nacional, realizada na noite desta quinta-feira, 25, o ex-presidente e candidato à eleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou a Lava Jato, admitiu corrupção na Petrobras, reconheceu erros na gestão de Dilma Rousseff e ironizou mais de uma vez o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal rival na disputa ao Palácio do Planalto.

Em um clima mais amistoso e sem grandes embates, o petista foi o terceiro presidenciável a participar da série de sabatinas promovida pela TV Globo, em sua  primeira entrevista para a emissora desde que saiu da prisão, em 2018. 

O apresentador William Bonner começou a entrevista questionando o ex-presidente sobre os escândalos de corrupção durante seu governo e questionou como o petista pretende convencer os eleitores que os escândalos não irão se repetir.

"Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo a primeira oportunidade de falar sobre isso [Triplex]", disse Lula, que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP), mas, após um ano e sete meses de prisão, teve a condenação anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

"Eu queria começar dizendo uma coisa muito séria. Foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência, colocou a CGU para fiscalizar, que a gente criou a Lei de Acesso à Informação, a Lei Anti-Corrupção, contra o crime organizado", acrescentou o petista. "Qualquer hipótese de alguém cometer qualquer crime, por menor ou maior que seja, essa pessoa será investigada, será julgada e punida ou absolvida. Assim que você combate a corrupção no País. Corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada."

Ataques à Lava Jato

Lula aproveitou a ocasião para criticou a Lava Jato. Segundo ele, a operação foi um equivoco,  "enveredou por um caminho político delicado”, o caso ultrapassou o limite da investigação e entrou na política. 

“O objetivo é Lula, tentar condenar o Lula. No primeiro depoimento que eu fui dar ao Moro eu falei: ‘Moro, você está condenado a me condenar porque você permitiu que a mentira fosse longe demais. [...] Por conta da Lava-Jato tivemos milhares de desempregados. Uma das queixas que eu tenho com a Lava-Jato é que jogaram o nome do MP na lama", afirmou.

Mas Lula não se comprometeu a manter a escolha do procurador-geral da república por meio de lista tríplice eleita pelos procuradores. Segundo ele, essa será uma decisão que tomará apenas após a eleição. O ex-presidente afirmou que não quer um procurador leal a ele, e sim ao povo brasileiro.

"Se eu ganhar as eleições antes da posse eu vou conversar com o MP para definir o que é importante para eles e para o povo. Eu não quero amigos no MP, na PF, no Itamaraty, eu quero pessoas sérias, responsáveis, competentes[...]. O Bolsonaro interfere na PF, ele troca qualquer diretor na hora que ele quer, basta que ele não goste. Eu nunca fiz isso. Eu quero voltar, porque quero ser melhor do que fui".

Admitiu corrupção na Petrobras

O ex-presidente também admitiu corrupção na Petrobras nas gestões do PT, mas acusou o Ministério Público de "oficializar o roubo" com delações premiadas. "Não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. O que é mais grave é que as pessoas confessaram e, por conta das pessoas confessaram, ficaram ricas". 

"Você não só ganhava a liberdade por falar o que queria o Ministério Público, como você ganhava metade do que você roubou. O roubo foi oficializado pelo Ministério Público, o que eu acho uma insanidade e uma aberração para esse país."

Críticas a Bolsonaro

Lula ainda ironizou os sigilos de 100 anos decretados por Bolsonaro em informações públicas. Durante a entrevista, também afirmou que o presidente é refém do Congresso, e "parece o bobo da corte", pois não "manda em nada". “Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada, ele sequer cuida do orçamento. Isso nunca aconteceu antes". 

Além disso, criticou a postura do governo Bolsonaro com relação a políticos adversários. “Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização deste país era entre PT e PSDB. A gente era adversário político, trocava farpas, mas não se tratava como inimigo”.

Ao responder sobre a polarização política no país e a responsabilidade do PT na criação desse clima com o uso do termo "nós e eles", Lula afirmou que nunca incentivou o ódio. 

Erros de Dilma

O candidato também foi questionado sobre o mandato de Dilma Rousseff, apontou os erros dela, mas defendeu a ex-presidente. “A Dilma é uma das pessoas que tenho mais respeito pela competência e pela ajuda que me deu quando eu era da Casa Civil. Ela fez um mandato extraordinário”, afirmou. 

"Dilma cometeu equívocos na questão da gasolina, ao fazer R$ 540 bilhões de desonerações em isenção fiscal. Quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela. O Eduardo (Cunha), presidente da Câmara, e o Aécio no Senado, que trabalharam o tempo inteiro para que ela não fizesse mudanças", disse. "Se um dia você deixar a Globo, Bonner, você vai aprender que rei morto, rei posto."

Enalteceu Alckmin 

Bonner questionou Lula sobre a aceitação dentro do PT de Alckmin --um antigo rival político, que se tornou seu aliado e vice. Com entusiasmo, o petista destacou a boa relação que tem estabelecido com o ex-tucano, que deixou o PSDB após 33 anos para se filiar ao PSB e integrar a chapa com o petista. 

"Eu estou até com ciúmes do Alckmin. O Alckmin já foi até aceito pelo PT. Eu tenho 100% de confiança que a experiência dele como governador de São Paulo vai me ajudar a consertar esse País", disse Lula, que se esquivou de se comprometer com medidas econômicas e se apoiou no vice para mostrar crédito na área econômica, prometendo "credibilidade, estabilidade e previsibilidade".

Ao ser questionado sobre como evitar os escândalos de corrupção que as alianças com o chamado Centrão trouxeram à tona em seu primeiro mandato, Lula apontou que não há como se estabelecer como presidente sem conversar com o Congresso Nacional, mas que para evitar escândalos, é preciso denunciar. "O Centrão não é um partido político. Para evitar escândalos de corrupção como antes tem que punir as pessoas, denunciar. Eu acho muito importante denunciar, por isso defendo uma imprensa livre".

Fonte: Redação Terra
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