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Lula lidera e cresce entre mais ricos; Bolsonaro avança com evangélicos e diminui vantagem: 5 dados da nova pesquisa do Datafolha

Pesquisa do Instituto Datafolha mostra que Bolsonaro cresceu acima da margem de erro, enquanto Lula lidera nos três maiores colégios eleitorais do Brasil.

19 ago 2022 - 07h45
(atualizado às 08h37)
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Bolsonaro cresceu acima da margem de erro, enquanto Lula lidera nos três maiores colégios eleitorais do Brasil, aponta pesquisa
Bolsonaro cresceu acima da margem de erro, enquanto Lula lidera nos três maiores colégios eleitorais do Brasil, aponta pesquisa
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A nova pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na quinta-feira (18/8), mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda lidera nas intenções de voto para a corrida presidencial. A sondagem também aponta que o presidente Jair Bolsonaro (PL) viu suas intenções de voto aumentarem acima da margem de erro e encurtou a diferença em relação ao petista.

Em relação à última pesquisa, divulgada no final de julho, Lula se manteve com 47%. Bolsonaro, por sua vez, saiu de 29% para 32%. A distância entre os dois, portanto, saiu de 18 pontos percentuais para 15.

Atrás de Bolsonaro está o candidato do PDT, Ciro Gomes, que oscilou de 8% para 7%. Simone Tebet (MDB) saiu de 3% para 2%. Os outros candidatos somaram, juntos, 1%. Votos nulos e brancos totalizaram 6% e os que não sabem ou não responderam, 2%.

A pesquisa é a primeira realizada pelo Datafolha em âmbito nacional após o início do pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600, medida adotada pelo governo federal em caráter emergencial e que, pela legislação, vai valer até o final deste ano. A expectativa no comando da campanha de Bolsonaro é que a medida possa aumentar suas intenções de voto entre as camadas mais pobres do eleitorado.

Confira cinco números importantes da nova pesquisa do Instituto Datafolha.

Bolsonaro sobe acima da margem de erro

A principal novidade da mais recente pesquisa do Datafolha é a oscilação positiva das intenções de voto de Jair Bolsonaro em relação ao levantamento anterior. Bolsonaro saiu de 29% para 32%, enquanto Lula se manteve estável com 47%. A oscilação foi de três pontos percentuais, acima, portanto, da margem de erro da pesquisa — que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A subida é considerada importante pelos aliados do presidente para manter a candidatura competitiva e diminuir, cada vez mais, as chances de Lula vencer as eleições ainda no primeiro turno.

De acordo com a pesquisa, Lula ainda tem chances de vencer as eleições sem precisar ir ao segundo turno. Considerando apenas os votos válidos (excluindo brancos e nulos), Lula aparece com 51% das intenções de voto, contra 35% de Bolsonaro. Pela legislação, quem tiver mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno vence a disputa.

A chance, porém, é considerada distante porque ela está exatamente dentro da margem de erro da pesquisa.

"Nas pesquisas anteriores, a gente ainda via aquela possibilidade de a eleição ser definida no primeiro turno. Agora, a gente está vendo que isso está mais distante. Ele (Lula) tem 51% (das intenções de voto) e não dá pra dizer que vai terminar no primeiro turno", disse a diretora de pesquisas do Instituto Datafolha, Luciana Chong, durante uma transmissão ao vivo realizada pelo jornal Folha de S. Paulo logo após a publicação dos dados da pesquisa.

Bolsonaro avança entre quem ganha 2 a 5 salários mínimos

Pesquisa do Datafolha mostra oscilação positiva das intenções de voto de Jair Bolsonaro em relação ao levantamento anterior
Pesquisa do Datafolha mostra oscilação positiva das intenções de voto de Jair Bolsonaro em relação ao levantamento anterior
Foto: EPA / BBC News Brasil

Outro dado trazido pela pesquisa é o que indica as intenções de voto dos eleitores que ganham entre dois e cinco salários mínimos. De acordo com o Datafolha, essa parcela do eleitorado representa 33% do total de entrevistados.

Nessa faixa, Bolsonaro reagiu em relação à última pesquisa. Bolsonaro saiu de 34% para 41%, uma alta de sete pontos percentuais. Enquanto isso, Lula caiu de 40% para 38%. Considerando a margem de erro para esse segmento, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Lula e Bolsonaro estão tecnicamente empatados.

Apesar disso, no segmento mais numeroso da amostra, o daqueles que ganham até dois salários mínimos (51% do total de entrevistados), Lula oscilou um ponto para mais (53% para 54%) enquanto Bolsonaro se manteve estável, com 23%.

Lula cresce entre mais ricos

Um dado que chamou atenção foi crescimento de sete pontos percentuais de Lula no segmento que ganha acima de 10 salários mínimos.

Lula saiu de 33% para 40%. Bolsonaro, por sua vez, ainda lidera nesse segmento, subindo de 41% para 43%. Como a margem de erro para essa faixa do eleitorado é de seis pontos percentuais, o cenário é de empate técnico.

O crescimento de Lula nessa faixa do eleitorado chama atenção porque vai na contramão dos dados mais recentes sobre as intenções de voto do PT, que apontam para uma prevalência do eleitorado de menor poder aquisitivo.

Em suas primeiras eleições, o PT contava com relativo apoio de eleitores de classe média e classe média alta. Essa tendência, no entanto, começou a se inverter a partir de 2006, quando o perfil do eleitorado petista passou a ser composto, em grande parte, por eleitores mais pobres.

Lula supera Bolsonaro nos três maiores colégios eleitorais

Lula entrou no TikTok em uma estratégia para ampliar sua interação com o público mais jovem
Lula entrou no TikTok em uma estratégia para ampliar sua interação com o público mais jovem
Foto: Ricardo Stuckert / BBC News Brasil

A pesquisa também aponta que Lula lidera as intenções de voto nos três maiores colégios eleitorais do Brasil: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente. Juntos, esses três estados somam 63,6 milhões de votos, o equivalente a 40,6% do total de votos em todo o país.

No cenário de primeiro turno em São Paulo, Lula tem 44% contra 31% de Bolsonaro. Ciro Gomes aparece com 9%, Simone Tebet com 3%, Vera Lúcia (PSTU), Roberto Jefferson (PTB), Pablo Marçal (Pros) e José Maria Eymael (DC) têm 1% cada um.

Em Minas Gerais, Lula tem 49% contra 29% de Bolsonaro. Ciro tem 6%, Simone Tebet tem 2%, Vera Lúcia e Pablo Marçal têm 1% cada um.

No Rio de Janeiro, Lula tem 41% e Bolsonaro 35%. Ciro aparece com 7%, Simone Tebet com 3%, Vera Lúcia e Felipe D'Ávila (Novo) com 1% cada um.

Para a estratégia de campanha de Lula, vencer nos estados mais populosos da região Sudeste é visto como fundamental para superar Bolsonaro na disputa presidencial. Em 2018, o então candidato do PT Fernando Haddad perdeu para Bolsonaro em todos os estados da região.

Bolsonaro avança entre evangélicos

A pesquisa divulgada nesta quinta-feira mostra ainda que Bolsonaro vem aumentando suas intenções de voto na faixa do eleitorado evangélico. Em relação ao levantamento anterior, Bolsonaro oscilou seis pontos percentuais para mais, saindo de 43% para 49%. Lula, por sua vez, oscilou um ponto percentual para menos, saindo de 33% para 32%.

A aderência do eleitorado evangélico a Bolsonaro não é novidade, porém. Em 2018, uma pesquisa do Datafolha apontou que 70% dos eleitores nesse segmento teriam votado para Bolsonaro contra Haddad no segundo turno das eleições presidenciais.

Para evitar que um cenário semelhante se repita, a campanha petista vem tentando abrir canais de diálogo com lideranças religiosas. Nesta semana, Lula criticou Bolsonaro por, na sua avaliação, tentar manipular o eleitorado evangélico.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a afirmar que acionaria judicialmente o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) por afirmar que se Lula fosse eleito, o governo poderia fechar templos religiosos.

Ao mesmo tempo em que mantém sua vantagem entre os evangélicos, Bolsonaro segue atrás de Lula entre os eleitores que dizem ser católicos.

Segundo o Datafolha, Lula tem 52% das intenções de voto entre eles, enquanto Bolsonaro tem 27%. Na comparação com a pesquisa de julho, Lula se manteve com o mesmo percentual, enquanto Bolsonaro oscilou dois pontos percentuais para mais, saindo de 25%.

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62602477

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