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Lula ou Bolsonaro: Quem ganhou o debate da Band? Veja a opinião de analistas ouvidos pelo 'Estadão'

Embate entre o petista e o chefe do Executivo foi marcado por poucas propostas de governo

17 out 2022 - 00h41
(atualizado às 01h01)
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Lula e Bolsonaro em debate na Band
Lula e Bolsonaro em debate na Band
Foto: Renato Gizzi/Agência O Dia / Estadão

O primeiro debate presidencial do segundo turno das eleições 2022 ocorreu neste domingo, 16, na Band TV, em parceria com TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. Especialistas ouvidos pelo Estadão consideraram o embate entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) equilibrado, marcado por poucas propostas de governo.

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Em um confronto televisivo em que os candidatos manejaram o próprio tempo para fazer perguntas e responder ao adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu fazer com que o rival Jair Bolsonaro (PL) gastasse mais minutos tratando de temas adversos para ele.

No primeiro bloco, o tempo foi quase todo usado para falar dos problemas da pandemia. E, na segunda parte do duelo direto, Bolsonaro bem que tentou encaixar uma investida sobre petrolão. Mas Lula mudou de assunto, e o presidente ficou sem ter o que dizer sobre a Amazônia. Acabou reverberando um discurso antiquado de que, ao admitir que a floresta é um patrimônio mundial, o Brasil perde soberania.

Bolsonaro também pareceu sem assunto quando ficou mais de 5 minutos falando sozinho - Lula já tinha esgotado seu tempo. Em vez de cativar indecisos, repetiu temas explorados à exaustão, como a relação do petista com a Nicarágua e da Venezuela. Lula, por sua vez, demonstrou irritação e, mais vezes do que o rival, recorreu a xingamentos como mentiroso e cara de pau.

Ao final, Lula se saiu melhor porque conseguiu falar mais do seu governo no passado do que Bolsonaro falou do seu. Sobre 2023, os eleitores dos dois candidatos seguem sem ter muita ideia do que vai acontecer. (Editora da Coluna do Estadão)

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O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expôs a má gestão da pandemia feita pelo atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, dominando a primeira parte do debate realizado neste domingo em São Paulo. Na parte final, foi a vez do candidato do PL conduzir o embate e repetidas vezes obrigar Lula a falar sobre corrupção, sobretudo sobre o escândalo envolvendo a Petrobrás, o chamado Petrolão - no bloco intermediário jornalistas fizeram perguntas. No final da noite, o empate técnico no primeiro debate entre Lula e Bolsonaro foi melhor a Lula, líder das pesquisas de intenção de votos e vitorioso no primeiro turno das eleições com aproximadamente 6 milhões de votos a mais que o atual presidente.

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Os efeitos de um debate presidencial precisam ser analisados à luz de dois tipos de fatores: 1) cenário eleitoral e 2) ambiente de campanha. O desempenho individual dos candidatos vale muito pouco se não forem atalhos para resolver os dilemas da campanha que se aproxima do fim com um paradoxo: enorme fluxo de informações e agenda e pouca alteração no quadro eleitoral, o que deve manter a disputa aberta.

Para Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política e coordenadora de pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Lula foi melhor na primeira parte e o chefe do Executivo na segunda. "O debate foi equilibrado. De ambos faltaram propostas concretas para importantes temas levantados pelos jornalistas", observou.

Marco Antônio Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), avalia o debate como "cansativo". Teixeira afirma que não houve nenhuma grande novidade. "Não observei nada que possa afetar as intenções de voto. Lula começou mais solto. Bolsonaro parecia bastante cansado, talvez pela longa noite por conta do episódio sobre as meninas venezuelanas", ressalta.

Na visão do cientista político, o ex-presidente Lula saiu com "saldo um pouco melhor". "Até em função do momento que Bolsonaro viveu de ontem para hoje. Ele procurou se apresentar como pessoa moderada, investindo em questões de missão ideológica. Os temas foram absolutamente previsíveis, sem nenhuma novidade ou bala de prata", conclui.

Roberto Gondo, cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo, considera que o formato do debate confundiu os espectadores em alguns pontos no confronto entre os candidatos. "Eles se perderam nas suas narrativas, na administração do tempo e grande parte dos questionamentos poderia ter sido mais explorada no sentido propositivo, o que acabou não acontecendo", analisa.

De acordo com Gondo, a expectativa é de que os candidatos cheguem mais preparados para os próximos debates. "Bolsonaro não ter se enrolado nos comentários que estão sendo veiculados e julgados nas redes pode ter sido positivo. Não para subir no extrato eleitoral (de intenções de votos), mas para não cair nesse momento", explica. "Lula se perdeu em alguns momentos pelo formato, mas no final do debate conseguiu chegar próximo a uma fala dirigida para o público", acrescenta, observando a mudança de postura e linguagem corporal do ex-presidente.

O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Francisco Fonseca elenca quatro pontos que se destacaram durante o debate: agendamento de temas para o adversário; administração de tempo; debate televisivo marcado pela performance e linguagem corporal; e capacidade de convencimento dos candidatos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), durante o primeiro debate entre presidenciáveis do 2º turno
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), durante o primeiro debate entre presidenciáveis do 2º turno
Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO / Estadão

Fonseca descreve também como o cenário mudou no último bloco, quando o petista errou na administração do tempo, permitindo que o chefe do Executivo discursasse por cinco minutos sem interrupções. "Bolsonaro fez um debate treinado, mas perde pontos ao refutar todos os projetos do governo petista. Quando você refuta tudo e não discute, é uma generalização ruim", analisa.

Estadão
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