Lula se compromete com propostas de Tebet sobre mulheres
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou discurso em Maceió, nesta quinta-feira, para se comprometer publicamente com duas propostas da senadora e candidata presidencial derrotada no primeiro turno Simone Tebet (MDB-MS), que apoia sua candidatura no segundo turno: a sanção da lei que regulamenta salários iguais entre homens e mulheres na mesma função e a garantia de mais mulheres nos primeiros escalões de seu governo.
"A partir de eu voltar ao governo nós vamos regulamentar a lei e a mulher brasileira vai ganhar igual ao homem se ela exercer a mesma função", disse Lula.
A proposta foi aprovada na Câmara e no Senado e seguiu para a sanção presidencial em abril do ano passado, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu de volta o texto alegando que as mudanças feitas pelo Senado haviam sido de mérito, não apenas de redação, e por isso deveriam passar novamente pelos deputados.
A proposta, que prevê multa a empregadores que não cumprirem a paridade salarial, está desde então parada na Câmara.
À época, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição, afirmou, em uma das suas lives, que não tinha certeza se sancionaria ou não a proposta. O presidente alegou que, com a obrigação de pagar os mesmos salários, empresários poderiam não querer empregar mulheres.
A sanção da proposta foi um dos pedidos de Tebet a Lula, que se comprometeu em incentivar a aprovação e sancionar a regulamentação.
"Quero dizer a vocês que no meu governo vai ter muita mulher no ministério, muita", seguiu Lula, acrescentando que vai recriar o ministério da Igualdade Racial e vai criar o Ministério dos Povos Originários.
A paridade de mulheres no primeiro escalão do governo é outro dos pedidos de Tebet, que havia feito essa promessa em sua campanha. Lula não se comprometeu com um número, mas garantiu à emedebista o maior número possível de mulheres no primeiro escalão.
GOVERNADOR AFASTADO
Depois de uma caminhada por Maceió, Lula subiu a um palanque com o ex-governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) --eleito senador--, o senador Renan Calheiros (MDB) e o governador afastado Paulo Dantas (MDB), candidato à reeleição com apoio de Renan e de Lula. Ex-deputado estadual, Dantas é investigado por desvios na Assembleia de Alagoas, e foi afastado do cargo nesta semana pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Dantas terminou o primeiro turno na primeira colocação e está à frente de Rodrigo Cunha (UB) nas pesquisas de segundo turno.
Lula chegou a ser aconselhado a não ir a Alagoas, mas se recusou e, no palanque, fez uma defesa do aliado.
"Eu sei o que você está passando. Eu não sou advogado, não vou me meter, mas na minha opinião todo mundo é inocente até prova em contrário. Essa condenação precipitada sua me cheira à minha condenação. Eu fui condenado exatamente para que eu não fosse candidato em 2018. Quem é que tem interesse que você não seja candidato?", disse Lula.
O ex-presidente lembrou que foi aconselhado a não ir a Alagoas, mas disse que fez questão de ir.
"Eu jamais deixarei um companheiro no meio do caminho. Eu tomei a decisão de vir para mostrar minha solidariedade, minha confiança", disse.