Lula sobre Bolsonaro: 'Compra imóveis em dinheiro e me chama de presidiário?'
Lula disse ainda que Bolsonaro "mente descaradamente" e criticou o fato de o governo não ter previsto no Orçamento de 2023 o Auxílio Brasil
O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu o tom contra o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira, 2. "Um cidadão que junto com sua família consegue comprar imóveis gastando R$ 26 milhões em dinheiro vem me chamar de presidiário?", questionou o petista em coletiva de imprensa em São Luís, no Maranhão. O Estadão mostrou nesta quinta-feira, 1º, como Bolsonaro e seus filhos pagaram imóveis com dinheiro vivo.
Na entrevista, Lula disse ainda que Bolsonaro "mente descaradamente" e criticou o fato de o governo não ter previsto no Orçamento de 2023 o Auxílio Brasil no valor de R$ 600. Acompanhado do ex-governador e candidato ao senado Flávio Dino (PSB), o petista disse que, caso eleito, vai se reunir com todos os governadores eleitos na primeira semana de governo.
Lula voltou a dizer que foi preso injustamente e "provou sua inocência". "Ele [Bolsonaro] sabe que é presidente porque eu fui preso. E ele sabe que eu fui preso por causa da maracutaia de Sergio Moro, a quadrilha montada na força-tarefa do Ministério Público. Se não tomar cuidado, tiver outra [operação] assim, mancha a instituição", disparou, para quem Bolsonaro "não tem condições de andar de cabeça erguida" como ele. "Não trabalha, usa o tempo inteiro para fazer campanha", acrescentou.
O petista afirmou ainda que gosta de debates eleitorais na televisão. Por outro lado, questionou as regras estabelecidas e rejeitou que compareça para "bater boca". "Eu gosto de debate, acho que é essencial para clarear a mente do povo brasileiro", declarou. "São muitos candidatos. Quando você fica parado, 18 minutos sem dar a palavra, você não vai bater boca, vai dizer coisa que vai ser positiva para o povo brasileiro", acrescentou. "É preciso que as regras facilitem debate e troca de ideias para que o povo compreenda o que está acontecendo."
Como mostrou o Estadão, a campanha de Lula avaliou que o candidato deveria ter adotado tom mais enfático para rebater as acusações de corrupção feitas pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro. "Eu não faço campanha política ofendendo adversários. Vou para debate para tentar consertar o Brasil", defendeu-se hoje o candidato. Ele avaliou ainda que Bolsonaro "fez questão de mentir" no debate da Band "com a maior desfaçatez".
Lula e Kirchner
O candidato do PT também afirmou nesta sexta-feira que o atentado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, serve de alerta para toda a classe política. "A gente tem que ter isso como alerta. Eu acho que o bom senso indica que nós precisamos ficar alertas com o que pode acontecer no Brasil", declarou.
Lula afirmou que, antigamente, se reunia com adversários políticos, como tucanos, em clima amistoso em restaurantes mesmo após comícios calorosos. "Isso hoje é impossível", lamentou. "Todos nós que somos políticos temos que estar atentos à violência de todos aqueles que não sabem conviver democraticamente", acrescentou, sobre o episódio com Cristina Kirchner.
Para o petista, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) não está habituado a conviver democraticamente. "Estou convencido de que nessa campanha vai vencer a democracia, a esperança e o sonho do povo brasileiro que quer voltar a trabalhar, a comer", afirmou. Em seguida defendeu, mas sem citar fatos, que Bolsonaro usa dinheiro público para fazer campanha. "Se somar todos os presidentes juntos, ninguém utilizou a máquina pública e o dinheiro que ele está utilizando. E o que ele está fazendo não está surtindo efeito", afirmou Lula. / COLABOROU DAVI MAX