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Lula tem dificuldade para transferir votos a aliados em Minas, o 2º maior colégio eleitoral do País

Candidato petista esta na frente nas pesquisas entre eleitores mineiros, mas Kalil, que tem apoio de Lula, segue em desvantagem em relação ao governador Zema

14 set 2022 - 12h35
(atualizado em 16/9/2022 às 08h17)
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BRASÍLIA - Mesmo com a vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais, onde ele tem 46% das intenções de voto contra 30% do presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo pesquisa Ipec, os candidatos apoiados pelo petista para governador e senador, ambos do PSD, têm enfrentado dificuldades e não são os favoritos para a vaga. Na disputa para o governo mineiro, o lulista e ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil tem 31% e o atual governador Romeu Zema (Novo) tem 47%, com chance de vencer no primeiro turno. Tanto Lula, quanto Bolsonaro tem tratado Minas como prioridade nas visitas de campanha.

Eleito na onda bolsonarista em 2018, Zema hoje mantém críticas a Lula, mas também procura se dissociar de Bolsonaro. Na contramão das críticas de Zema ao ex-presidente e ao PT, parte dos aliados do mineiro estimula um voto casado com Lula. É o caso do presidente do Avante, deputado Luis Tibé, que já falou em montar um comitê "Luzema". O Avante é o partido do deputado André Janones, também de Minas. Fenômeno das redes sociais, o parlamentar foi proibido pela direção do partido de fazer campanha para Kalil.

Bolsonaro tentou um acordo com o governador do Novo para ter um palanque forte em Minas, mas Zema resistiu e, como forma de ignorar os dois candidatos a presidente que mais pontuam nas pesquisas, disse que vai apoiar o seu colega de partido Luiz Felipe D'ávila, que pontuou apenas 1% no Ipec. Sem o apoio de Zema, Bolsonaro se viu forçado a lançar o senador Carlos Viana (PL) como candidato a governador, que tem apenas 2% das intenções de voto.

Sinal da prioridade que a campanha petista dá para o Estado, o ex-governador de São Paulo e candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), faz nesta semana uma série de viagens por cidades mineiras. Ontem, 13, o ex-tucano comentou sobre Kalil e avaliou que, mesmo com a atual desvantagem, ele pode crescer e vencer Zema em um segundo turno. De acordo com Alckmin, na reta final da eleição deve haver transferência de voto do ex-presidente para Kalil. Além da visita do candidato a vice, Lula também irá a Minas nesta quinta-feira, 15, quando fará um comício em Montes Claros.

"Kalil foi um grande prefeito de Belo Horizonte, foi reeleito com votação histórica. A campanha está crescendo, e muita coisa ainda se altera no final. Tanto que o Lula vem a Minas, na quinta, e com certeza, haverá crescimento, e Kalil estará no segundo turno. A melhor pesquisa é da dia 2 de outubro", disse em entrevista coletiva em Belo Horizonte. "Minas é muito importante para o país e deve ser valorizada. Tenho certeza que Lula fará parcerias com o Estado, com Kalil, em benefício da população", completou.

Já na disputa pelo Senado, o bolsonarista Cleitinho Azevedo (PSC) lidera a pesquisa, com 18% contra 13% do senador Alexandre Silveira (PSD). Cleitinho é deputado estadual e entrou na política em 2016, quando foi eleito vereador de Divinópolis. Com um perfil ligado a um movimento antipolítica, o favorito nas pesquisas para o Senado ganhou notoriedade ao publicar nas redes sociais vídeos parodiando políticos tradicionais.

Cleitinho Azevedo é o candidato de Bolsonaro a senador por Minas Gerais. Foto: Facebook / Reprodução

Em 2013, com o apelido de "Cleitinho Elétrico", o deputado chegou a divulgar um vídeo em que uma foto do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, era amassada. Costa Neto é o presidente do partido de Bolsonaro, candidato que apoia Cleitinho para senador. Os ex-presidentes do PT José Dirceu e José Genoíno também foram alvos das críticas. Em 2012, um ano antes do vídeo, os dois petistas e o presidente do PL foram condenados no esquema do mensalão.

Silveira minimizou a situação e disse que está empatado dentro da margem de erro com Cleitinho. Eleito primeiro suplente de Antonio Anastasia em 2014, o mineiro assumiu o cargo de senador em fevereiro, após o titular ter renunciado ao mandato para ser ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Presidente estadual do PSD em Minas e secretário-geral do diretório nacional do partido, o parlamentar aposta na associação com Lula para se manter no cargo. Suas redes sociais estão repletas de postagens em que ele se apresenta como "senador de Lula". "Eu sou o único candidato com o apoio explicitado, claro, evidente do presidente Lula", disse ele ao Estadão.

Por indicação do então vice-presidente José Alencar, que era de Minas, Silveira já foi diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) durante o primeiro mandato de Lula. Hoje ele é considerado o braço direito do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e apesar de ser aliado do PT, já foi cotado para ser líder do governo de Bolsonaro no Senado, algo que não se concretizou porque a ala lulista do PSD barrou a escolha.

Sem citar o nome de Cleitinho, Silveira criticou o estilo performático dele de fazer campanha. "Eu não sou um personagem, sou um candidato e estou me expondo como tal. O eleitor mineiro é muito qualificado, ele vai considerar os apoios, mas não só, ele quer mais do que isso, quer conteúdo", declarou.

O parlamentar também aposta na divisão da base bolsonarista para conseguir se manter no Senado. "O Bolsonaro tem quatro candidatos aqui, com voto declarado a ele. O Aro (do PP), que é o candidato do governador (Zema). Esse menino (Cleitinho) que não é nem candidato da coligação deles (de Zema), mas que foi a única opção que ele (Bolsonaro) teve para poder recebê-lo em Minas, já que o governador se negou a isso, e os dois pastores (Irani Gomes, do PRTB, e Altamiro Tavares, do PTB)", citou.

e que vai reforçar a associação com Lula. "A minha estratégia é demonstrar com quem a gente está andando, evidente que é o presidente Lula, e demonstrar minha história de vida".

Estadão
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