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Marina se une a pastores contrários à bancada evangélica

Estratégia da pré-candidata pode ser alternativa para se contrapor a Bolsonaro, que também tem parte do eleitorado evangélico a seu favor

14 jul 2018 - 08h05
(atualizado às 10h37)
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Na busca pelo eleitorado evangélico, a pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, deu uma demonstração, na noite desta sexta-feira (13), de aproximação com pastores de igrejas históricas que se distanciam da pauta defendida pela bancada evangélica no Congresso Nacional. O movimento foi visto por interlocutores e líderes religiosos como contraponto a Jair Bolsonaro (PSL), presidenciável que vem recebendo apoio de figuras evangélicas críticas a Marina.

A ex-senadora Marina Silva, pré-candidata à Presidência pelo Rede, fala sobre a reforma política durante o evento "Conversa com os Presidenciáveis", promovido pelo movimento Reforma Brasil, na ACM Centro, na capital paulista, na noite desta sexta-feira, 13.
A ex-senadora Marina Silva, pré-candidata à Presidência pelo Rede, fala sobre a reforma política durante o evento "Conversa com os Presidenciáveis", promovido pelo movimento Reforma Brasil, na ACM Centro, na capital paulista, na noite desta sexta-feira, 13.
Foto: Alex Silva / Estadão

Marina se reuniu, na capital paulista, com um grupo de pastores composto em sua maioria por presbiterianos, batistas e luteranos que já a apoiaram em eleições anteriores. No discurso, ela defendeu pontos de uma reforma política apresentada pelo movimento Reforma Brasil, encabeçado pela Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.

"Tenho a felicidade de ter o voto de evangélico, voto de católico, voto de espírita, voto de quem crê e voto de quem não crê. Porque eu me dirijo aos cidadãos brasileiros e respeitando a fé de cada um e, sobretudo, não negando também minha identidade", disse a pré-candidata, quando perguntada por um jornalista se ela se considerava detentora do voto evangélico assim como Jair Bolsonaro. Ela fez questão de citar que há pesquisas apontando que os fiéis não tendem a votar em quem o pastor pede, mas com base em uma escolha livre.

Enquanto Marina falava de reforma política e insistia que não queria "rotular" seu eleitorado entre os evangélicos, pastores ouvidos pelo Estadão/Broadcast Político apontaram a pré-candidata como porta-voz de um programa amplo de governo que a coloca, na visão desses líderes, como alternativa a um discurso extremista de Jair Bolsonaro.

Para a ocasião, Marina levou uma claque composta pelos principais articuladores de sua pré-campanha. Estavam a coordenadora de campanha, Andrea Gouvea, o coordenador de alianças, Pedro Ivo, e os coordenadores de mobilização, Lucas Brandão e Lais Garcia, além de integrantes de movimentos sociais que apoiam a presidenciável e pré-candidatos da Rede em São Paulo.

Chamada de "linda" por um dos pastores quando subiu ao palco, Marina arrancou aplausos no momento em que se posicionou contra a proposta de armar os cidadãos. Também recebeu uma oração em que se pedia "esperança em dias melhores" para o País.

Na palestra, Marina concordou com o manifesto do movimento que pedia o fim do foro privilegiado, e ainda sugeriu um plebiscito para consultar a população sobre a prerrogativa. Também se posicionou favorável ao voto distrital misto e defendeu mandatos para presidente da República com duração de cinco anos sem reeleição, a partir de 2022. Ela finalizou sua participação com críticas ao bloco do 'centrão', que negocia uma aliança eleitoral com Ciro Gomes (PDT) ou Geraldo Alckmin (PSDB). "Para a face do centrão, [vamos] apostar na população", disse.

Respondendo a perguntas de líderes na plateia, Marina se posicionou contra convocar uma nova assembleia constituinte, além de defender a nomeação de ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF) com "testemunho ético" e que não tomem decisões de "natureza política". Sobre economia, disse que o teto dos gastos públicos "não está funcionando" e que é preciso fazer a reforma da Previdência.

Amigo de Marina, o reverendo Valdinei Ferreira, um dos líderes do movimento, disse que vê na pré-candidata e no empresário João Amoêdo (Novo) as alternativas para a renovação política na eleição presidencial. No manifesto lançado pela igreja de Valdinei, há uma crítica a políticos que usam títulos religiosos como "pastor" e "missionário" para fazer campanha e trabalhar em Brasília. Ele afirma que é preciso apresentar à sociedade outras propostas defendidas no meio cristão, e não se restringir a temas morais.

Também presente no evento, o pastor Ed René Kivitz, líder da Igreja Batista de Água Branca e conselheiro de Marina, afirmou que a presidenciável é a melhor alternativa contra a polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e os outros candidatos da esquerda na eleição de outubro. "Ela é uma trégua para um país divido", disse Kivitz, que declarou voto à ex-ministra na última eleição. Na avaliação dele, se Marina for eleita, a probabilidade de partidos trabalharem para derrubá-la do governo é bem menor do que se o presidente for de uma legenda protagonista da polarização esquerda/direita.

Outro pastor aliado a Marina é Caio Fábio d'Araújo Filho, líder da igreja Caminho da Graça, em Brasília, que também aconselha a presidenciável. Por telefone, ele disse à reportagem que o apoio à pré-candidata vai crescer no eleitoral evangélico com o voto de "cristão silenciosos", que não vão para as redes sociais como os apoiadores do presidenciável do PSL. "Os que apoiam o Bolsonaro apoiam por razões simplistas, são pessoas profundamente homofóbicas", disse o pastor. "O pessoal que entende, pensa e escolhe sem fanatismo não é minion da Marina, são pessoas modestas e tranquilas, uma multidão enorme que vai crescer avassaladoramente nos próximos dois meses."

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