Moraes manda procuradoria eleitoral analisar ataque de deputado a jornalista
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral destaca a 'gravidade do ocorrido' e determina que sejam tomadas as 'providências necessárias'
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, pediu na noite desta quarta-feira, 14, que a Procuradoria Eleitoral de São Paulo investigue o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) após atacar a jornalista Vera Magalhães.
O magistrado mandou o despacho ao vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, e determinou que sejam tomadas as "providências necessárias".
"Considerada a gravidade do ocorrido, determino o encaminhamento do referido link da matéria ao Excelentíssimo Senhor Vice-Procurador-Geral Eleitoral para que possa dar o devido encaminhamento ao Procurador Regional Eleitoral de São Paulo, com o objetivo de ser analisada eventuais providências que entender necessárias", escreveu o presidente do TSE.
Uma investigação criminal já foi aberta pelo Ministério Público de São Paulo. A Assembleia Legislativa do Estado também deve abrir um processo que pode resultar na cassação do deputado.
Entenda o caso
Douglas Garcia abordou Vera Magalhães na saída do debate para governo de São Paulo e afirmou que ela é "uma vergonha para o jornalismo brasileiro", proferindo acusações sobre a vida profissional da apresentadora.
Ele repetiu a fake news de que ela receberia R$ 500 mil por ano do governo de São Paulo para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL). Vera gravou a situação e ambos começaram a discutir. Em determinado momento, o diretor da emissora, Leão Serva, entrou na briga e arremessou o celular do deputado para longe.
Este senhor é deputado estadual bolsonarista em SP. Se chama Douglas Garcia. Veio me xingar, me agredir, enquanto eu estava sentada no debate. É assim que essas pessoas trAtam a imprensa pic.twitter.com/bIAmzhTnWO
— Vera Magalhães (@veramagalhaes) September 14, 2022
Nesta quarta-feira, 14, Garcia afirmou que não se arrepende de sua atitude e acredita não dever desculpas à jornalista, mas, sim, ao candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O parlamentar disse ter feito boletim de ocorrência contra Vera por calúnia, por ela ter usado o termo "agressão" para se referir ao ocorrido. Segundo Garcia, o que ele fez foi um "questionamento legítimo".
Vera publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que também vai registrar um boletim de ocorrência contra o deputado. "Essa violência já foi longe demais e não é tolerável na democracia", disse. "Eu não vou me intimidar diante desses ataques sistemáticos, institucionalizados, cada vez mais violentos".
A jornalista se tornou alvo dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro após questionar o chefe do Executivo, durante debate da Band TV de 28 de agosto, sobre a compra de vacinas contra a covid. Na ocasião, o presidente a hostilizou e disse que ela é uma "vergonha para o jornalismo".
*Com informações do Estadão Conteúdo