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Moro diz que Bolsonaro 'sabotou' combate à corrupção

Em evento, pré-candidato do Podemos ao Planalto nega que tenha sido 'desleal' e afirma que 'presidente não ajudava'

7 dez 2021 - 23h01
(atualizado em 8/12/2021 às 07h16)
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O pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sérgio Moro, mostrou nesta terça-feira, 7, que quer conquistar o voto do eleitorado de Jair Bolsonaro na disputa pelo Planalto no ano que vem, em especial do eleitor que crítica o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, mas que não concorda com o fechamento dos Poderes.

Ex-ministro Sérgio Moro, no lançamento do seu livro (Contra o Sistema da Corrupção) no Teatro Renaissance
Ex-ministro Sérgio Moro, no lançamento do seu livro (Contra o Sistema da Corrupção) no Teatro Renaissance
Foto: Roberto Sungi / Futura Press

Em fala durante lançamento de seu livro Contra o sistema da corrupção, em São Paulo, Moro disse que, quando ministro, foi sendo progressivamente minado no combate à corrupção. "Faça-se justiça ao presidente, em parte também pela ação dos outros Poderes, tanto do Congresso quanto do Supremo Tribunal Federal", afirmou, lembrando que se "entristeceu" com decisões tomadas pela Corte. "A gente tem que respeitar essas instituições. Não quer um país sem Congresso e sem Supremo porque isso é um país sem democracia".

Na sequência, Moro acusou Bolsonaro de "sabotar" os avanços contra a corrupção. "Não deveria acontecer da justiça anular condenações (...). Mas faz parte da separação dos poderes. O que era difícil para mim era ver que o presidente não ajudava, ao contrário, ele sabotava os avanços na consolidação do combate a corrupção" afirmou. Em outro momento, falou que esta não era a pauta de Bolsonaro.

Sobre as acusações de que teria "traído" Bolsonaro, Moro defendeu que fez o necessário para defender a Polícia Federal e o interesse dos brasileiros. "Não fui desleal ao presidente, fui leal ao país", disse, pautando a fala na defesa de instituições que, acredita, foram "intimidadas" pelo governo, citando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o ICMBio e o Ibama.

O ex-ministro tentou, ainda, mostrar que acredita na mudança daqueles que votaram em Bolsonaro em 2018, minimizando o que teria sido um "erro". "Perguntavam para o eleitor se tinha votado no Bolsonaro como se ele fosse cúmplice de um crime", ironizou, enquanto defendeu que o "erro" do voto foi "acompanhado por mais de 50 milhões de brasileiros".

A tentativa de distanciamento entre Moro e Bolsonaro se acentuou no último mês, em que Bolsonaro também manteve uma postura de desqualificar o ex-juiz. Em diferentes declarações, o presidente afirmou que Moro é "mentiroso", "idiota" e "não aguentaria "dez segundos em um debate".

No último domingo, Moro chegou a recusar o termo "terceira via" para nomear sua candidatura, na tentativa de se colocar como alternativa capaz de chegar ao segundo turno. Conforme o Estadão mostrou, a rejeição a Moro é similar a Bolsonaro: entre quem ganha até dois salários mínimos por mês, o ex-juiz é rejeitado por 74% do eleitorado, praticamente a mesma do presidente nessa faixa, 73%.

Apesar de defender que o diálogo sobre o livro não tem relação com sua participação na política, Moro voltou a se colocar na disputa presencial. "O sentido mais básico da democracia é você poder trocar o governo sem derramamento de sangue", disse.

Os ingressos para acompanhar a fala do ex-juiz em São Paulo custaram entre R$ 40,00 e R$ 95,00. Essa foi a terceira cidade em que ele passou na agenda de lançamento do livro, sempre defendendo uma pauta "lavajatista" e minimizando críticas à operação. O primeiro evento foi em Curitiba (PR), município onde tramitaram os processos sob sua responsabilidade quando comandou a Operação Lava Jato. Ele retorna à capital paraense ainda nesta semana para acompanhar a filiação do ex-procurador Deltan Dallagnol ao Podemos.

Estadão
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