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Na TV, Alckmin liga polarização Bolsonaro-PT à Venezuela

Candidato tucano usa horário eleitoral na TV para fazer mais duro ataque ao presidenciável do PSL

20 set 2018 - 23h26
(atualizado em 21/9/2018 às 07h30)
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O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, usou nesta quinta-feira, 20, o horário eleitoral na TV para fazer o mais direto e duro ataque ao presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto. A proposta de Paulo Guedes - conselheiro econômico de Bolsonaro - de unificar tributos que incidiriam sobre todas as transações financeiras, de forma semelhante à antiga CPMF, foi levada para o palanque eletrônico do tucano. Alckmin, durante agenda em São Paulo, disse que a ideia representa um "tiro no pobre" e um "tiro na classe média".

O horário eleitoral do candidato do PSDB também classificou Guedes como um "banqueiro milionário" e vinculou uma eventual polarização entre Bolsonaro e o PT - que tem como candidato o ex-prefeito Fernando Haddad - ao "risco de o Brasil se tornar uma Venezuela".

Programa relembra elogio de Bolsonaro a Chávez
Programa relembra elogio de Bolsonaro a Chávez
Foto: Reprodução/TV / Estadão Conteúdo

Nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, Alckmin se mantém com um dígito, enquanto o candidato do PSL e o presidenciável petista estão, respectivamente, na primeira e na segunda colocação. Para tentar chegar ao segundo turno, a campanha tucana aposta nos ataques a Bolsonaro e no voto útil, apontando que a polarização "extrema" vai representar a volta do PT ao poder.

Na avaliação de Alckmin, Haddad já tem vaga assegurada no segundo turno. Por isso, os programas desta quinta-feira foram usados em sua maior parte para desconstruir o adversário do PSL.

Na propaganda eleitoral tucana exibida nesta noite o clima político que antecedeu o surgimento do regime chavista é comparado ao do Brasil dos dias atuais. Alckmin surge na tela dizendo que Bolsonaro é "intolerante e pouco afeito ao diálogo, um despreparado, um salto no escuro". Logo depois, o tucano afirma que o "PT é a própria escuridão".

Tucano associa polarização à crise na Venezuela
Tucano associa polarização à crise na Venezuela
Foto: Reprodução/TV / Estadão Conteúdo

"Talvez esse seja um dos momentos mais delicados da nossa democracia. O risco de o Brasil se tornar uma nova Venezuela é real, a partir dos extremismos que estão colocados nessa eleição", diz o tucano. "Por um lado, o extremismo de um deputado que já mostrou simpatia por ditadores, como Pinochet e Hugo Chávez, que já defendeu o uso da tortura, que acha normal que mulheres ganhem menos que os homens. Uma pessoa intolerante e pouco afeita ao diálogo, que em quase 30 anos de Congresso nunca presidiu uma comissão sequer. Nunca foi líder de nenhum dos nove partido a que foi filiado. Um despreparado, que representa um salto no escuro."

Antes, a peça diz que "o banqueiro" (Paulo Guedes) já avisou o que pretende fazer: "Menos imposto para os ricos, mais imposto para os pobres". "Se Bolsonaro for eleito, prepare seu bolso."

Durante agenda de campanha em Guarulhos, na Grande São Paulo, Alckmin associou a proposta tributária à defesa de Bolsonaro da revisão do Estatuto do Desarmamento. "É fácil fazer ajuste passando a conta para o povo. O candidato da bala deu o primeiro tiro. Deu tiro no contribuinte, deu tiro na classe média, deu tiro no pobre, deu tiro na economia. O que ele quer é aumentar imposto", disse o candidato do PSDB.

Para o presidenciável tucano, recriar um imposto nos moldes da CPMF - instituída em 1997 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, para custear a saúde pública -, é decisão equivocada.

Na madrugada de quinta-feira, Bolsonaro voltou a usar sua conta no Twitter para negar o que chamou de "notícias mal-intencionadas". "Ignorem essas notícias mal-intencionadas dizendo que pretendemos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico pois estão em pânico com nossa chance de vitória", escreveu. "Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso."

Ciro acusa economista de 'instrumentalizar economicamente o fascismo'

Além de Alckmin, outros presidenciáveis mantiveram a artilharia contra a proposta de Guedes. Ciro Gomes (PDT), sem citar especificamente a ideia de um novo tributo, acusou o economista de "instrumentalizar economicamente o fascismo". Haddad, Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB) também criticaram a proposta. "É um imposto regressivo, que diminui a competitividade do País. Ele incide de maneira errática, pessoas pagam sem saber que estão pagando, o que prejudica mais aqueles de menor renda. Isso diminui a produtividade da economia", disse Meirelles.

Haddad classificou como "pequeno desastre" a proposta do assessor econômico de Bolsonaro. "Porque vai fazer o pobre, que já paga mais imposto que o rico, pagar ainda mais", disse. O petista também prometeu não recriar a CPMF, como tentou a presidente cassada Dilma Rousseff (PT). "Não vamos recriar a CPMF e vamos isentar de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos."

Bolsonaro está internado no Hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, após ser esfaqueado em Juiz de Fora (MG), no dia 6.

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