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'Ninguém pode falar em golpe e praticar o golpe', diz Ciro sobre PT

Candidato do PDT vê tratamento 'traiçoeiro' dos petistas por alianças com PSB: 'Providência golpista'

2 ago 2018 - 18h29
(atualizado às 21h14)
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SÃO PAULO - O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, classificou como "providência golpista" o acordo feito entre petistas e pessebistas para garantir a neutralidade do PSB na eleição nacional, que o isolou na disputa.

"Ninguém pode falar de golpe e praticar um golpe dessa natureza", disse o pedetista antes de participar de um debate sobre sonegação fiscal e corrupção promovido pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) em São Paulo.

A frase é uma crítica às retiradas impostas pelos dois partidos das candidaturas da vereadora Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco, onde Paulo Câmara (PSB) busca a reeleição, e do pessebista Marcio Lacerda em Minas, onde o petista Fernando Pimentel tentará novo mandato.

Ciro afirmou que o acordo é "um grosseiro equívoco" que prejudica todo o campo progressista na eleição com o "único objetivo de tirar segundos de TV" da sua campanha. "Você sacrifica uma jovem promissora liderança de Pernambuco, sacrifica um candidato de Minas que tinha uma aliança imensa de forma traiçoeira. É uma completa facada pelas costas."

Sobre Marília, que insiste em manter sua candidatura à revelia do partido, Ciro seguiu dizendo que foi uma "violência com uma jovem que está começando a vida" na política. "Para tirar segundos de mim, cortaram o pescoço de uma jovem pernambucana, politizada, neta do Miguel Arraes. Nunca vi coisa igual".

O pedetista também disse não saber o que fez para merecer um tratamento "tão desleal e tão traiçoeiro" por parte do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. "Esse comportamento (acordo) está na base moral da corrupção", afirmou. Ele ainda disse que o PT é "um dos grandes responsáveis pela tragédia brasileira" e que nunca quis o apoio petista.

O candidato considera estranho o fato dos candidatos que estão mais próximos de Lula na pesquisa estarem sendo isolados. "Aí tem", disse - referindo-se aos adversários Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e a ele próprio. "Imagina se alguém vai conseguir esconder um Bolsonaro e uma Marina dessa disputa. Isso é a oligarquia partidária querendo tirar o povo da jogada e manter as tenebrosas transações em seus gabinetes".

Vice. Apesar das críticas ao acordo, Ciro afirmou que a definição do vice em sua chapa ainda está "travada" porque ele ainda aguarda uma confirmação formal do PSB sobre a neutralidade na eleição. Se o revés for confirmado, ele disse já ter um "backup" pronto para a vaga. Não revelou o nome, mas negou que ele seja o do deputado Silvio Costa (Avante-PE).

Costa, que seria candidato ao Senado na chapa de Marília em Pernambuco, foi um dos deputados mais atuantes na defesa da ex-presidente cassada Dilma Rousseff. Ele é amigo pessoal de Ciro e já teria sido procurado pelo pedetista para ocupar a vaga de vice e aumentar a turbulência na eleição pernambucana. "Ninguém é candidato a vice, mas faço gosto", disse - sem confirmar se recebeu o convite oficial. A campanha de Ciro também não confirma o convite. / COLABOROU GILBERTO AMENDOLA

Estadão
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