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Nise Yamaguchi quer disputar o Senado por São Paulo

A oncologista e imunologista causou polêmica ao responder na CPI da Covid sobre 'gabinete paralelo' e prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19

23 dez 2021 - 14h41
(atualizado às 15h04)
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Nise Hitomi Yamaguchi em oitiva na CPI da Covid
Nise Hitomi Yamaguchi em oitiva na CPI da Covid
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

A oncologista e imunologista Nise Yamaguchi afirmou em sua rede social que pretende disputar uma cadeira no Senado Federal nas eleições de 2022. Segundo a médica, indiciada pela CPI da Covid por defender tratamentos sem eficácia contra a pandemia, sua decisão partiu da ideia de que mais "mulheres de bem" devem ocupar o Senado.

"Não tenho partido. Não sou política. Não sei ainda qual partido vou acolher, mas sei que serei uma pessoa independente. Estou dizendo que vou ter uma candidatura independente. Qual vai ser o partido? O mais ético que encontrar, o mais correto que encontrar", disse, sinalizando ainda que tentará disputar a eleição por São Paulo.

Nise ganhou fama na política nacional ao prestar depoimento à CPI da Covid sobre a existência do 'gabinete paralelo', grupo extraoficial que, segundo o relatório final da CPI, interferiu diretamente na definição de políticas públicas de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

O depoimento de Nise foi requerido pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE), aliados do governo. Ela também foi citada pelo diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, durante sessão da CPI. Segundo ele, Nise defendeu a alteração da bula da cloroquina, de modo a indicar o medicamento como tratamento para a covid-19. A mudança seria feita por decreto presidencial, mas Barra Torres se negou a acatar a demanda, que contrariava as normas da Anvisa.

Após o depoimento de Barra Torres, Nise emitiu uma nota na qual afirmou que a fala do presidente da Anvisa "não representa a realidade". "Já existem evidências científicas comprovadas para o uso de medicações que possam auxiliar no combate às fases iniciais da covid-19 e, caso seja convocada, estarei à disposição da CPI para esclarecimentos", escreveu na ocasião.

Próxima de Jair Bolsonaro (PL) e uma das principais defensoras da cloroquina como tratamento para pacientes de covid-19, Nise chegou a ser cogitada para assumir o Ministério da Saúde em dois momentos: na saída de Nelson Teich, em maio de 2020, e na saída de Mandetta, um mês antes. Apesar do interesse, o convite nunca chegou a ser formulado pelo presidente.

Em carta aberta divulgada em junho deste ano, Nise Yamaguchi disse que decidiu entrar com ação por danos morais contra os senadores Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, e Otto Alencar (PSD-BA) para 'restaurar a integridade'. A médica afirma ter sido vítima de misoginia e humilhação no depoimento prestado na comissão parlamentar no início do mês e cobra indenização de R$ 160 mil de cada um - que, segundo o processo, será integralmente doado.

Estadão
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