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No horário eleitoral, sete terão 'tempo de Enéas'

Bolsonaro é um dos presidenciáveis com menos de 15 segundos de propaganda nas eleições 2018

7 ago 2018 - 05h12
(atualizado às 08h26)
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As eleições 2018 terão sete candidatos à Presidência da República com "padrão Enéas" de propaganda, ou seja, com menos de 15 segundos para pedir votos em cada bloco do horário eleitoral fixo. Um deles é o deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas no cenário em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Operação Lava Jato, não é incluído.

Também estão nessa situação Guilherme Boulos (PSOL), Cabo Daciolo (Patriota), José Maria Eymael (DC), Vera Lúcia (PSTU), João Goulart Filho (PPL) e João Amoêdo (Novo).

Na campanha presidencial de 1989, o então candidato Enéas Carneiro (Prona) se notabilizou como o mais caricato dos chamados "nanicos" por falar de forma rápida na TV e concluir sempre seus discursos, aos gritos, com o bordão "Meu nome é Enéas!".

O ex-político Enéas Carneiro, do Prona, morto em 2007
O ex-político Enéas Carneiro, do Prona, morto em 2007
Foto: Luiz Paulo Lima / Estadão

As regras de distribuição destinaram aos candidatos do PSDB, do PT e do MDB cerca de 85% do tempo de propaganda. O tucano Geraldo Alckmin, por formar a coligação que elegeu mais deputados na eleição anterior, terá a maior fatia: cerca de 5 minutos e meio em cada bloco de 12 minutos e 30 segundos. A seguir vêm Lula (2 minutos e 20 segundos) e o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), com quase 2 minutos.

Até 2014, os partidos pequenos tinham acesso privilegiado à propaganda na TV - desproporcional a seu número de votos - por causa de uma regra na legislação que determinava que um terço do horário eleitoral fosse dividido igualmente entre todos os candidatos a cargos executivos. Os outros dois terços eram rateados de acordo com o tamanho das bancadas dos partidos ou coligações na Câmara dos Deputados.

Pelas regras atuais, porém, apenas 10% do tempo é dividido igualmente entre os candidatos, em vez de 33%. Os outros 90% são rateados proporcionalmente ao número de deputados eleitos. Apenas os seis maiores partidos de uma coligação são considerados nos cálculos.

Bolsonaro deve ter 9 segundos no horário fixo, 40% a menos que Enéas em 1989. O tempo é suficiente para dizer o total de palavras deste parágrafo - sem pausa para respirar.

Inserções. A desvantagem do candidato do PSL ao Palácio do Planalto também salta aos olhos quando se avalia a distribuição das inserções - peças publicitárias de 30 segundos que são divulgadas ao longo de todo o dia, em meio à propaganda comercial exibida pelas emissoras. Enquanto Alckmin poderá exibir 364 inserções nos 35 dias de propaganda, Bolsonaro terá apenas 10 à sua disposição - menos de uma inserção a cada três dias.

Embora não estejam no bloco dos "Enéas", as coligações encabeçadas pelo senador Alvaro Dias (Podemos), pelo ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) e pela ex-senadora Marina Silva (Rede) não estão em posição muito confortável no chamado palanque eletrônico. Os dois primeiros terão cerca de um décimo do tempo de Alckmin, e a terceira, menos ainda.

Presidenciáveis devem investir em redes sociais

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) deverá investir em suas redes sociais para tentar alcançar eleitores. Além de páginas no Facebook, Instagram e Twitter, a campanha criou um canal de vídeos. A TV Bolsonaro foi idealizada pelo filho do presidenciável, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL). Os assinantes do aplicativo podem comentar e dar sugestões e recebem notificações quando há alguma transmissão ao vivo.

Eymael (DC) afirmou que usará as redes sociais para compensar o pouco tempo de propaganda. "Vamos utilizar vídeos, textos, toda forma de interação com o eleitor para mostrar minhas propostas." Para a candidata do PSTU, Vera Lúcia, a campanha exigirá "esforço" para transmitir suas ideias ao eleitor, e as redes sociais, segundo ela, podem ajudar.

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse que o partido terá uma parceria com grupos de ativismo digital para auxiliar na divulgação da campanha de Guilherme Boulos nas redes. De acordo com a assessoria de imprensa do Patriota, que oficializou a candidatura de Cabo Daciolo, o foco também será na divulgação de informações pelo Twitter e pelo Facebook. "Poderemos ampliar o alcance, aproveitando a base de fãs que o candidato já possui."

Fontes ligadas a João Amoêdo (Novo) afirmaram que ele utilizará o horário eleitoral para convidar os eleitores a acompanhá-lo nas redes. A campanha de João Goulart Filho (PPL) não respondeu ao Estado. / COLABORARAM ANA NEIRA e CONSTANÇA REZENDE

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