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Nunes falta a debate, Boulos alfineta rival e diz que vai incorporar proposta de Marçal

Somente candidato do PSOL esteve presente nos estúdios da CBN

10 out 2024 - 08h41
(atualizado às 11h28)
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Guilherme Boulos lamenta a ausência de Ricardo Nunes em debate
Guilherme Boulos lamenta a ausência de Ricardo Nunes em debate
Foto: Reprodução/CBN

O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não aceitou o convite e faltou ao primeiro debate do segundo turno das eleições municipais, nesta quinta-feira, 10. Somente o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, compareceu aos estúdios da rádio CBN, no pool realizado em parceria com O Globo e Valor. Com a ausência do mdbista, ocorreu uma sabatina. 

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Em sua primeira fala, Boulos alfinetou o oponente e disse que era “lamentável que ele [Nunes] tenha fugido do debate”. "Já tivemos muito problemas com cadeira nesta eleição, mas acho que é a primeira vez que temos uma cadeira vazia", ironizou o psolista ao fazer ligação entre o episódio da cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) durante o debate na TV Cultura, no 1º turno, a ausência de Nunes nesta quinta.  

"[Nunes] foi o prefeito que por 3 anos e meio fugiu da suas responsabilidades. Foi alguém Milton [Jung], que quando teve o apagão e duas milhões de pessoas ficaram sem luz, quando a cidade mais precisava, foi para o camarote da Fórmula 1. Fugiu de resolver o problema", seguiu Boulos com os ataques, relembrando as fortes chuvas na capital paulista em novembro do ano passado, que deixaram vários bairros sem energia elétrica por dias seguidos. Na época, Nunes foi alvo de críticas por prestigiar o GP São Paulo. 

Apesar da expectativa do comparecimento de Nunes para o debate, a assessoria do candidato já havia informado ao Terra, na noite de quarta-feira, que o atual prefeito não estaria no estúdio da CBN. Nesta quinta, a agenda dele prevê uma sabatina para às 12h, no programa Balanço Geral, da Record. Depois, às 16h15, uma caminhada no Comércio da Parada de Taipas. 

Durante a sabatina, Boulos ainda agradeceu o apoio de Tabata Amaral (PSB) e disse que vai encorporar as propostas delas caso seja eleito. O candidato também prometeu que a inclusão de uma proposta --de adoção de escolas olímpicas-- de Pablo Marçal (PRTB) em seu governo. 

Apoio de Alckimin 

Sobre ter recebido o apoio do vice-presidente, Geraldo Alckimin (PSB), que era governador quando ele foi detido na desocupação na Comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, o psolista foi perguntado quem mudou nesses anos, se foi ele ou o Alckmin. Segundo o candidato, "foi o Brasil", pois várias frentes se uniram contra a extrema-esquerda. 

O candidato do PSOL usou como exemplo a aliança de Luiz Inácio Lula (PT) e o vice, que trocaram diversas vezes acusações e ofensas em outras campanhas presidenciais. "O que mudou não foi a personalidade das pessoas, o que mudou é que nesse meio tempo surgiu um campo político de extrema-direita, marcado pelo ódio e violência, e fez com que setores que pensem diferente, se unam para poder enfrentar esse campo. Isso esteve em jogo na eleição passada e está em jogo novamente nessa eleição", apontou.

Ocupação de terra

Boulos foi questionado sobre sua posição quanto 'ocupação de terra' repetidamente. Segundo o deputado federal, os oponentes usaram "mentiras" sobre sua militância do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e que o movimento deu "casa para as pessoas, e para que famílias inteiras pudessem ter um teto digno para morar".  

"É um dever moral estar ao lado dessas pessoas e foi isso que eu fiz ao longo a minha vida toda. O que o movimento faz, não é jamais invadir a casa de ninguém, isso é uma caricatura mentirosa", afirmou ao explicar que o movimento identifica imóveis desocupados, em situação ilegal e devendo impostos e transformar em moradia social. 

Os jornalistas Vera Magalhães, do O Globo e Maria Cristina Fernandes, do Valor, e o âncora da CBN Milton Jung interromperam as falas de Boulos repetidamente, antes da conclusão das respostas. Além disso, pediram para que o psolista não fugisse da pergunta e também realizaram pontuais apontamentos durante os ataques a Nunes. Em dado momento, disseram que a sabatina não era um "monólogo".

O tom de Boulos durante a campanha foi questionado por Vera Magalhães. A colunista perguntou se foi uma estratégia para "enfraquecer" seu oponente. Porém, para o psolista é só uma maneira de mostrar "firmeza". 

Busca de apoio

Boulos afirmou que buscará apoio de vereadores por meio de diálogo, já que caso seja eleito, não terá maioria na Câmara Municipal. "Dialogar e construir esse compromisso com pautas", declarou. Segundo ele, fará um trabalho parecido com o que fez na Câmara dos Deputados. "Tendo um campo político como minoria, eu consegui aprovar três projetos ano passado, dialogando com partidos que não são do meu campo", afirmou. 

Sobre como conquistar os votos do candidato do PRTB, o candidato diz que muitas dessas pessoas votaram "pelo sentimento de não estar representados na política", e que é o psolista quem representa uma "mudança real". 

Boulos diz ainda que há duas frentes nesse segundo turno: "Nós temos o caminho que quer manter tudo do jeito que está, a turma do Doria, a turma do centrão, e do outro lado o caminho de construir uma mudança real."

Durante a sabatina, ele ainda surpreendeu ao afirmar que vai incorporar, caso seja eleito, uma das propostas de Marçal, na qual alia empreendedorismo e esporte nas escolas. 

"Nesse segundo turno eu vou dialogar com cada um desses eleitores, inclusive incorporando propostas, o tema dos esportes nas escolas, que ele chamou de escola olímpica, conceito de você integrar o esporte como uma oportunidade para os jovens, para as crianças, para os adolescentes que estão nas escolas municipais", declarou. 

Gastos de campanha

Boulos foi o candidato com maior gasto entre todos os que concorriam à Prefeitura de São Paulo, e falou em “caixa dois”. Ao ser questionado sobre ter alguma denúncia sobre isso, ele diz que não “tem nenhuma prova”. 

“Olhe para a rua de São Paulo. Pergunte a qualquer um qual é a campanha mais cara. A diferença é que eu não uso caixa dois. Essa é a grande diferença. [...] Olha quem tem mais estrutura e material de campanha. Denúncia pública, com documentos comprovados eu não tenho, mas olha a cidade. Não são ilações. Basta olhar o dinheiro que cada campanha tem e o visual que cada campanha tem. É uma coisa meio lógica”, declarou.

Segundo o jornal O Globo, ele já recebeu R$ 64 milhões do fundo eleitoral para fazer sua campanha, R$ 35 milhões do PSOL e R$ 29 milhões do PT. Até o final do segundo turno, o partido de Lula deve encaminhar mais R$ 15 milhões. Enquanto isso, Nunes recebeu R$ 44 milhões da sua coligação de 12 partidos.

Moradia e plano diretor

Jung questionou a Boulos como resolver o problema de habitação, já que no governo da Marta Suplicy (PT) foi prometido a mesma coisa, no entanto, essa questão se perdura até hoje. Boulos disse que, caso seja eleito, atuará em algumas linhas, como no acolhimento humanizado da população de rua, em abrigos com espaço para canil e carroça; e investir em formação para essas pessoas, inclusive, trazendo essa mão de obra também para a prefeitura. 

O candidato também falou em regularização fundiária na cidade. "Nós temos muitas comunidades irregulares. Então, fazer a urbanização dessa casa, fazer uma melhoria, botar um reboco na parede. Dignidade para essas pessoas."

Ao ser questionado sobre o novo Plano Diretor, revisado e sancionado em janeiro deste ano, Boulos acusou Nunes de cometer "um crime contra a cidade" ao "atender a especulação imobiliária". "Quem mora no centro expandido sabe disso. Ninguém é contra a construção civil na cidade, o problema é que aqui, como Nova York e qualquer metrópole, precisa ter regra. A maioria [da Câmara] foi a favor por uma pressão brutal, do Nunes por todos os meios. Dessa vez o prefeito vai atuar para garantir o interesse da cidade, e não o de meia dúzia de construtoras", declarou. 

Perguntas a Nunes

Com a ausência do prefeito para o debate, Boulos teve direito a fazer duas perguntas ao adversário. Na primeira, no meio da sabatina, ele questionou o motivo de Nunes nomear como chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), Eduardo Olivatto, funcionário de carreira. O homem é ex-cunhado de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, chefe do PCC. Olivatto, irmão de Ana Maria Olivatto, que foi casada com Marcola até 2002, quando foi assassinada. 

"O Ricardo Nunes faltou ao debate e não tive a oportunidade de perguntar novamente por que ele colocou o cunhado do Marcola como chefe de gabinete responsável pelas obras sem licitação em São Paulo", afirmou. 

A segunda pergunta foi feita ao final da sabatina. Na tentativa de colar Nunes a Jair Bolsonaro (PL), abordando a atuação do ex-presidente na pandemia e os discursos antivacina e negacionista climática. Boulos questionou a cadeira vazia a respeito de quem os paulistanos “teriam que engolir” como secretários indicados por Bolsonaro numa eventual segunda gestão do prefeito.

O psolista enfatizou que Nunes recebeu o apoio de Bolsonaro em sua campanha, e afirmou que a partir daí, "ele se colocou contra a vacinação obrigatória" e que, segundo ele, há um vídeo do prefeito de São Paulo dizendo que "Bolsonaro fez tudo certo na pandemia". 

"Ele é um negacionista climático, ou seja, o Ricardo Nunes atua nessa campanha como um prefeito laranja, de outras figuras. A pergunta que eu quero deixar para ele é: quais secretários o Bolsonaro vai indicar numa eventual nova gestão dele?", questionou. 

Fonte: Redação Terra
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