O que esperar do debate presidencial na Globo? Veja o que dizem analistas
Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Soraya Thronicke, Felipe d'Avila e Padre Kelmon têm amanhã o último encontro antes do primeiro turno
Na noite desta quinta-feira, 29, a Rede Globo reúne os principais candidatos à Presidência do Brasil para o último debate antes do primeiro turno. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Luiz Felipe D'Avila (Novo) e Padre Kelmon (PTB) participam do evento.
O debate ocorre nos Estúdios Globo no Rio de Janeiro e será transmitido ao vivo pela TV Globo e GloboNews, começando às 22h30, logo após a exibição da novela Pantanal.
Ao todo, serão quatro blocos - o primeiro e o terceiro contarão com perguntas de tema livre, enquanto o segundo e o quarto terão perguntas com assuntos preestabelecidos. Ao final do quarto bloco, os candidatos farão suas considerações finais.
Pelas regras, os candidatos terão 30 segundos para fazer as perguntas e um minuto para a réplica, enquanto o candidato que responde terá três minutos, que poderá dividir como quiser, entre a resposta e a tréplica.
As perguntas, em ordem sorteada previamente, serão feitas sempre de candidato para candidato. O candidato pergunta para um candidato de sua livre escolha, entre os que ainda não tiverem respondido naquele bloco. No bloco de temas determinados, a mecânica é a mesma, com o mediador sorteando em uma urna, antes das perguntas, o tema que deverá ser abordado.
Expectativa
Há um consenso entre os especialistas - esse será o debate "mais violento" até aqui. Os concorrentes estão diante do "tudo ou nada", com o fim do horário eleitoral gratuito (também nesta quinta) e as últimas atividades de campanha. Na propaganda no rádio e na TV, o horário eleitoral já demonstra o aumento da agressividade e troca de acusações no lugar de apresentação de propostas.
"Sempre que o presidente puder, ele vai se referir à prisão de Lula e as denúncias contra o PT. Ele tentará mobilizar o sentimento antipetista que o elegeu em 2018?, afirma Glauco Peres da Silva, professor associado do departamento de Ciência Política da USP.
Para o professor, Bolsonaro "necessita" da raiva das pessoas contra o petismo para se eleger. "É o campo de possibilidades que ele tem", diz.
"O grande problema de Bolsonaro é que ele não sabe ser irônico, jocoso ou malandro. Quando ele vai ao ataque, ele vai com violência. Logo, ele corre o risco de se descontrolar e explodir", afirma Dantas.
Apesar de o grande destaque da noite ser o embate entre os dois principais candidatos, os presidenciáveis com menor intenção de voto também buscarão afetar a disputa, se projetando como vozes independentes do próximo governo, seja ele qual for. "Ciro Gomes e Simone Tebet devem buscar uma votação honrosa, se colocando como uma alternativa política viável para o pós-eleição", diz Peres da Silva.
Além dos prováveis ataques que sofrerá do pedetista, Lula também deve ficar atento às falas de Padre Kelmon. No último debate, organizado pelo Estadão e Rádio Eldorado em parceria com o SBT e um pool de veículos, o petista se recusou a participar, e o candidato do PTB defendeu repetidamente o atual governo, atuando em parceria com Bolsonaro. É bem provável que ele faça o mesmo na Globo.
Mulheres
Bolsonaro tem sido bastante atacado nos debates por Soraya Thronicke e Simone Tebet. "Elas devem eleger o presidente como alvo principal. E, caso ele caia na armadilha de agredi-las verbalmente, isso dificultará ainda mais sua relação com o eleitorado feminino", afirma Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Apesar da importância do evento, Dantas não acredita que o debate vá provocar muitas mudanças na votação de domingo. "O eleitor já está muito consolidado em torno desses dois nomes. Por mais que seja o debate mais esperado, a rejeição de Bolsonaro não vai deixar de existir por causa de um único encontro."
Ele entende que, se Lula for cuidadoso e nenhum dos outros presidenciáveis for brilhante no debate, há uma chance razoável de que o petista ganhe a eleição já no primeiro turno.