'Pintou um clima': Bolsonaro pede desculpas a meninas venezuelanas em vídeo com Michelle
Ao lado da primeira-dama e da embaixadora da Venezuela, presidente lamenta que suas palavras possam ter provocado 'algum constrangimento'
Após a repercussão negativa em sua campanha em função da divulgação de vídeos sobre meninas venezuelanas de 14 e 15 anos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou uma declaração se desculpando por suas falas.
"Se as minhas palavras, que, por má-fé, foram tiradas de contexto e que, de alguma forma foram mal entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas", disse o chefe do Executivo ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da embaixadora da Venezuela do autoproclamado presidente Juan Guaidó, María Teresa Belandria, no vídeo divulgado nesta terça-feira, 18.
A gravação mostra Bolsonaro "indignado" com o que chama de ações de militantes de esquerda inomináveis. "Sem nenhum pudor, estão pressionando mulheres venezuelanas a fim de obterem vantagem política neste momento." De acordo com o presidente, as palavras ditas por ele refletiam uma preocupação de sua parte no sentido de evitar qualquer tipo de exploração de mulheres vulneráveis.
Bolsonaro não citou quais seriam as ações em andamento por seus adversários contra as mulheres venezuelanas. Mas, afirmou no vídeo que a então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, esteve no local em seguida de sua visita, em 2020, e constatou que a casa visitada pelo presidente não abrigava meninas que se prostituíam.
Em vídeo compartilhado nesta terça-feira nas redes sociais pela socióloga Rosângela da Silva - a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -, Bolsonaro afirma, sem provas, que as meninas venezuelanas que ele encontrou em 2020 na periferia de Brasília estavam "arrumadinhas" para fazer "programa". A declaração foi dada por ele ao podcast Collab em 12 de setembro, um mês antes da declaração de que havia "pintado um clima" entre ele e as garotas no mesmo episódio.
"Me chamou a atenção. Menina bonitinha, sábado? Por que me chamou atenção? Eram parecidas. Eu vi que apareceu mais uma, mais outra. Daí eu desci da moto e disse: Posso entrar aí? Tinha umas 15 meninas dessa faixa etária, 14, 15, 16 anos. Todas muito bem arrumadas, tinham tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando pra quê? Alguém tem ideia? Quer que eu fale? Então, vou falar: para fazer programa", disse Bolsonaro ao podcast Collab.
Na sexta-feira, 14, Bolsonaro voltou a tratar do encontro em entrevista ao canal Paparazzo Rubro-Negro, provocando uma reação de adversários que foi parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após ele responder a uma pergunta sobre a hipótese de o Brasil se tornar comunista numa eventual vitória de Lula.
"Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, de moto. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas no sábado numa comunidade, e vi que eram parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?', entrei. Tinha umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. Aí, eu te pergunto: Menina bonitinha se arrumando sábado de manhã para quê? Para ganhar a vida", disse.
Ambos os vídeos viraram munição para a campanha petista no segundo turno. Influenciadores passaram a chamar Bolsonaro de pedófilo. A pedido dos advogados do presidente, o ministro Alexandre de Moraes, do TSE, determinou a retirada de posts que relacionavam a declaração dada no dia 14 à prática de pedofilia.
Segundo Bolsonaro, que chegou a fazer uma live na madrugada do dia 16 para se justificar, o episódio foi relatado por ele para mostrar sua indignação. "O PT recorta pedaços como se eu estivesse atrás de programas. Pelo amor de Deus. Fiz uma live para isso, foi demonstrado o que estava acontecendo. Que vergonha é essa? Que falta de respeito é essa? Sempre combati a pedofilia", afirmou.
Na gravação feita nesta terça-feira, Bolsonaro chama as meninas de "trabalhadoras". "Elas estão reconstruindo suas vidas no Brasil", disse. O presidente ainda afirma que o seu compromisso sempre foi o "de melhor atender a todos que fogem de ditaduras pelo mundo".